Carolina Cacau
Professora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe
O governo de Pezão descumpriu as promessas do calendário de pagamento dos salários (já extremamente atrasados) e os servidores do Rio estão em uma situação absurda, sem receber sequer o pagamento de novembro. Além disso, Temer faz de tudo para impôr novos ataques estruturais. O que segue em dia é o pagamento da bilionária dívida pública para banqueiros e especuladores.
Nem sequer as parcelas dos dias 23 e 29 de dezembro, que representariam R$ 640 reais para que esses trabalhadores pudessem sobreviver ao final do ano. Nessa quinta, 29, é uma parcela de R$ 270 reais com a qual Pezão já havia se comprometido que está deixando de ser paga. Mas para as parcelas dos juros e amortizações da dívida, nem um centavo está deixando de ser pago religiosamente em dia. O SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação) está fazendo distribuição de remédios e cestas básicas para os professores aposentados para que esses consigam passar o fim de ano sem os salários.
Pezão não está atacando os servidores sozinho. Ele tem Temer como aliado, que foi o responsável pelo arresto das contas do estado que impediu o pagamento das parcelas. Publicamente, Pezão disse que "É uma tristeza muito grande (o bloqueio). Tentei junto ao Presidente Michel e ao Ministro Henrique (Meirelles) que fizessem a partir de janeiro. Eles dizem que o tesouro não pode deixar de arrestar." Mas a verdade é que ele está o tempo todo em negociação com Temer, e quando fez as suas promessas de pagamento das parcelas, já sabia que não as cumpriria de fato.
Mas não é apenas essa situação revoltante e inaceitável de ficar sem os salários dos meses que já trabalharam que ameaça os servidores do Rio. O pacote de renegociação da dívida (que não "renegocia" absolutamente nada, apenas adia o pagamento por até 36 meses) aprovado no Senado e na Câmara a partir das negociações lideradas por Pezão, Sartori (governador do RS) e Pimentel (governador de Minas) previa novos ataques aos servidores, como o congelamento de salários.
Os deputados, pressionados, acabaram aprovando o projeto sem as contrapartidas aos estados que atacavam servidores e liberavam privatizações. Mas Temer não ficou satisfeito e prometeu vetar a derrubada dessas contrapartidas. Ele quer que os trabalhadores paguem até o último centavo e a última gota de suor para garantir os lucros dos parasitas que nos exploram e que ganham com a dívida pública. Quer vender cada bem público para os empresários.
Para Temer, não basta deixar os servidores sem salários, sem dinheiro para comida, aluguel e as despesas básicas em pleno Natal e ano novo. Ele quer arrancar cada pedaço do nosso couro para garantir o lucro dos capitalistas. Não podemos aceitar esse absurdo! Exigimos o pagamento imediato de todos os salários! Precisamos nos organizar para acabar com o pagamento da dívida pública, tirar esses golpistas e impôr uma Assembleia Constituinte em que lutemos para impor nossas próprias regras e para que nenhum trabalhador fique sem salário para alimentar a ganância sem fim dos capitalistas.
Nós estamos levando às ruas, aos locais de trabalho e estudo, e nas redes sociais também a campanha pelo não pagamento da dívida pública, que é uma resposta dos trabalhadores para essa situação absurda, para que o dinheiro pare de ir para os banqueiros e os salários sejam imediatamente pagos! Participe você também da campanha.
*Carolina Cacau é professora da rede pública e foi candidata a vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL nas últimas eleições.