Imagem: Disk Revolta.
Relato publicado na página Disk Revolta do Facebook diz:
Um dos demitidos apresentou sintomas graves da Covid-19 nas semanas anteriores, e chegou até a ser hospitalizado.
Recebeu alta sem conseguir fazer o teste e cumprir a quarentena (com atestado). Quando retornou ao trabalho, ouviu do supervisor que para “ter credibilidade” no callcenter precisava ir trabalhar por uma semana, já que não tinha como provar que a contaminação era pelo coronavírus.
É assim que, um trabalhador hospitalizado com falta de ar, em meio a uma pandemia de doença respiratória, perde “credibilidade” aos olhos da empresa!
E o que aconteceu depois de uma semana de trabalho? O funcionário não conquistou a tal “credibilidade”, a empresa quebrou o contrato de experiência e o demitiu com mais oito colegas na última segunda-feira, 20/04.
Já havíamos denunciado aqui no Esquerda Diário a continuidade do funcionamento das empresas de Call Center em meio à contaminação coletiva, que expõe sem trégua seus trabalhadores a um ambiente de trabalho insalubre e potencialmente assassino.
As mesas são próximas demais, e a grande maioria dos trabalhadores divide equipamentos com outros sem que haja instrumentos e produtos para higienização disponibilizados pela empresa, como mostramos aqui e aqui.
Contra essas medidas, os trabalhadores se organizaram em diversas cidades do país e também estes foram demitidos pela empresa.
O caso do trabalhador demitido mostra que o capitalismo, se não te mata na ausência de testes e tratamento adequado da doença, te devora quando você voltar ao trabalho sem conseguir provar porque passou 30, 40 ou até 50 dias sem dar lucro pra empresa.
A ausência de testes, além de criar uma aparência de normalidade num local de trabalho onde pode ser que todos estejam contaminados, impede que o trabalhador possa comprovar os motivos que o levaram a estar ausente do trabalho.
No fim das contas, as medidas novamente não são tomadas para proteger a vida de outros trabalhadores, frente a potencial contaminação de um colega, mas sim para impedir que o ódio de ter vivido uma experiência de quase morte se torne revolta organizada e luta de classes.
Neste Diário, estamos pela luta de classes, lado a lado dos trabalhadores que lutam e em defesa de nossas vidas. Exigimos proibição das demissões, liberação de todos os trabalhadores que são grupo de risco sem corte salarial, testes massivos já para enfrentar o COVID-19 com uma verdadeira guerra de classe, que passa por controlar os rumos da crise nas mãos da nossa classe, a única capaz de colocar as vidas acima do lucro.
Leia o relato original aqui.
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