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UM PONTO DE APOIO PARA OS TRABALHADORES
França diante dos atentados, a CGT contra a guerra e a “trégua social”
Philippe Alcoy

O Comitê das Confederações Nacional da CGT (Central Geral dos Trabalhadores – França) acaba de publicar uma declaração frente à situação aberta pelos atentados. Na mesma nota, a central de Montreuil se pronuncia abertamente contra a guerra, contra o racismo, pela solidariedade internacional e a continuidade das lutas. Uma posição que poderia converter-se num ponto de apoio fundamental para o movimento, a juventude e as classes populares.

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Contra a guerra

A declaração inclui uma condenação aos atentados na França, mas também aos que ocorreram recentemente em outros países: “ Os ataques que afetaram a França, comoveram todo o mundo, como os de Beirute, e recentemente na Turquia, ou com a explosão do avião russo. Nossa solidariedade é com as vítimas destes assassinatos”.

Diante daqueles que nesta situação pedem uma resposta agressiva contra o ISIS, a declaração é clara: “ A guerra não resolve nada, pelo contrário. Os lugares de tensões e conflitos se multiplicam como mortes, destruição, desolação e ódio. As múltiplas intervenções militares (Iraque, Líbia, Síria), longe de trazer democracia, generalizam a pobreza da população, centenas de milhares de vítimas, e um impasse econômico e social. Este é o terreno no qual se desenvolve o terrorismo, obrigando populações inteiras ao caminho em direção ao exílio”.

Contra a confusão e o racismo

A central Montreuil também denuncia as tentativas de aumentar a xenofobia e o racismo, com o pretexto de ataques: “ [A CGT] protesta contra o convite a Frente Nacional ou palácio do governo (Eliseu). Rechaçamos toda a estigmatização dos estrangeiros e a amálgama entre imigração e terrorismo.”. A declaração também assinala o duplo discurso da França onde a indústria armamentícia se beneficia da venda de armas: É necessário destacar também que o Estado francês é o segundo maior país vendedor de armas do mundo.”

Em um contexto onde o PS, Os Republicanos (LR) e a Frente Nacional (FN) estão em uma espécie de corrida para ver quem é mais repressivo, o mais belicista, esta declaração da CGT ( a principal central sindical do país) sugere que este giro repressivo não conta com o consenso entre os trabalhadores, apesar do contexto de comoção, medo e chantagem de unidade nacional.

De fato, no momento, as reações da população parecem ser mais matizadas e menos entusiastas de reproduzir a “unidade nacional” do último janeiro. Existem vários fatores possíveis para isso: o contexto de retorno parcial da bronca dos trabalhadores a partir dos fatos da Air France, a experiência de um setor da população com a manipulação da “emoção nacional” após os ataques ao Charlie Hebdo e ao Hyper-Cacher; os laços mais explícitos entre os ataques e a guerra na Síria, entre outros.

A declaração contém alguns pontos problemáticos. Por exemplo, enquanto denuncia a “restrição das liberdades individuais e coletivas” afirma que a CGT está “a favor de fortalecer a segurança e as liberdades dos cidadãos”, o que implica em “ mais efetivos da polícia e da polícia militar”. A nível internacional, com relação à guerra na Síria, a CGT está a favor de “que se dê prioridade as soluções multilaterais no marco da ONU”, em um contexto completamente dominado pelas potências imperialistas.

Não à trégua social

Em geral, se trata de uma declaração que pode ser converter em um apoio muito importante para as lutas em curso como a dos funcionários da Air France, mas também em outros setores. Neste sentido, a declaração afirma que é necessário dar continuidade às lutas: “ Depois do momento de recolhimento, as manifestações e os protestos devem continuar para garantir a segurança dos trabalhadores. Assim como não há trégua nos ataques contra os trabalhadores, não haverá trégua na ação sindical pelo progresso social.”

Neste marco, a declaração termina com a convocatória a uma “jornada de ação” para o próximo dia 2 de dezembro sob o lema “NÃO à violência social”. É também o dia em que se prevê o julgamento dos funcionários da Air France pelo “caso da camisa”. O contexto aberto pelos ataques impõe somar uma conteúdo anti-guerra assim como uma exigência para o fim imediato do estado de emergência.

Esta declaração representa uma brecha muito importante com o “consenso nacional repressivo” e um ponto de apoio para o movimento operário, sobretudo, se a CGT chama sob esta base, a unidade das organizações operárias com o objetivo de construir a mobilização à altura das circunstâncias.

 
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