Foto: Reprodução/Redes Sociais
A ofensa, que aconteceu no último sábado (16), foi registrada nas redes sociais de Cleyton, que trabalhava na entrega de pacotes no condomínio de luxo.
O entregador era acompanhado de um segurança do condomínio e tentou entregar um pacote na casa da juíza Adriana Silva de Oliveira.
Ele relata:
“Quando chegamos na casa dela, o segurança tocou a primeira vez, pois eu estava saindo do carro. Eu fui, tirei o produto dela do carro e coloquei na porta dela. Aí toquei mais uma vez. Quando olhei para o lado, a casa dela tinha três portões. O outro portão, que imaginei que pudesse ser de caseiro, também tinha uma campainha. Eu fui e toquei a outra campainha e fiquei esperando um tempinho”.
Ou seja, Cleyton, que trabalha como entregador desde 2020, tocou a campainha por três vezes e não foi atendido. Como ninguém respondeu, ele pensou que a campanha estava quebrada e resolveu bater no portão.
Ele conta que chegou a avisar ao segurança que como ninguém estava atendendo, por via das dúvidas, iria bater no portão. "Porque às vezes a gente vai fazer entrega e a campainha está ruim, ou o interfone. Então a gente dá um grito ou bate no portão. E foi o que eu fiz”, explicou.
Entretanto, após ouvir as batidas, a moradora saiu gritando da casa o ofendendo. Segundo Cleyton, Adriana o chamou de favelado e vagabundo e disse que, como juíza, o prenderia se ele tivesse quebrado o portão.
Cleyton conta que chegou a pensar em gravar com a câmera do celular, mas ficou com receio de que pudessem alegar que as imagens fossem adulteradas e, por isso, optou pela transmissão no Facebook.
Segundo ele, o objetivo da transmissão não era que o caso tomasse grandes proporções, mas que gravou por medo de que a juíza realizasse uma denúncia à empresa e que ele fosse impedido de trabalhar.
Nas imagens gravadas por ele, é possível ouvi-la repetindo as ofensas racistas: “Favelado eu repito. Fa-ve-la-do. De corpo, alma e pensamento”.
“Ela me chamou de cretino, me chamou de favelado, me chamou de vagabundo. Eu falei: ‘não sou vagabundo não que eu estou trabalhando’. Partiu para cima de mim três vezes para meter a mão no meu telefone”, diz Cleyton no vídeo.
O caso foi registrado na segunda (18) na 16ªDP (Barra da Tijuca). Segundo a Polícia Civil, a delegacia instaurou inquérito para apurar o crime de injúria por preconceito e que diligências estão em andamento para esclarecer o caso.
Esse caso é mais uma situação emblemática das situações a que a classe que move o mundo e que, como nesse caso, enfrenta diariamente situações precárias de trabalho é vista pelas classes dominantes.
Veja abaixo o vídeo gravado por Cleyton:
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