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MÁFIA DA MERENDA
Homem forte de Alckmin é o elo de ligação da corrupção tucana em SP
Pedro Rebucci de Melo

Edson Aparecido, atual secretário da Casa Civil, é o homem de confiança de Alckmin, participou de diversos governos tucanos em SP e também é o personagem oculto de todos os escândalos de corrupção recentes no governo paulista.

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A máfia da merenda que foi descoberta no último mês através da operação Alba Branca tem seu centro na figura de Luiz Roberto dos Santos, também conhecido como Moita, que foi pego orientando a representantes de uma das empresas envolvidas no esquema como deveria ser escrito o contrato para que pudessem efetivar a operação fraudulenta. Moita vive agora seu inferno astral, investigado pela justiça e pela imprensa mas muito pouco se fala acerca do homem para o qual ele trabalhava e é figura constante nos escândalos de corrupção tucanos em SP: Edson Aparecido.

Edson Aparecido é o atual Secretário da Casa Civil do qual Moita era o Chefe de Gabinete e era com o peso considerável desse cargo que Moita negociava com as empresas responsáveis pelo fornecimento da merenda distribuídas nas escolas da rede estadual e intermediava o recebimento das fartas propinas que o esquema de superfaturamento rendia, algo em torno de 25% segundo Cassio Chebabi, ex-presidente da Coaf, delator central do caso. Nas ligações em que foi pego, Moita gabava-se de estar falando "do Palácio" e da posição privilegiada que ocupava, sabendo das movimentações políticas graças a estratégica presença na Casa Civil, centro nervoso do governo pelo qual passa a maior parte das decisões. Edson Aparecido ocupa a cabeça dessa secretaria desde 2012, muito antes da vinda de Moita para sua secretaria, e já vinha acumulando escândalos desde então.

Em 2013 esteve envolvido na "máfia do asfalto", esquema de superfaturamento nos mesmos moldes do da merenda, que atuou entre 2008 e 2012 e onde um cartel de empresas fraudou a licitação de recapeamento e pavimentação em cerca de 80 municípios do interior paulista, cujo valor total dos contratos supera a marca de R$1 bilhão. Na época foi averiguado que Otávio Scamatti, dono da DEMOP, principal empresa beneficiada no esquema, utilizou o gabinete do então deputado federal Edson Aparecido como base de alguns de seus esquemas. O caso ainda corre na justiça mas Edson Aparecido não foi acusado de nada, apesar de aparecer em grampos da PF alertando o empreiteiro para possível investigação do Ministério Público envolvendo uma obra da Demop e ter recebido, em 2010, R$ 170 mil em doações eleitorais da Scamvias, construtora dos Scamatti. Em 2006, ele recebeu R$ 91,6 mil da Demop, também dos Scamatti

Também em 2013, Edson Aparecido foi nominalmente citado na delação de Everton Rheinheimer, ex-diretor da SIEMENS e que foi o pivô do Cartel dos trens no Metrô e na CPTM, escândalo que teve grande repercussão e que até agora permanece no horizonte político, com novas informações surgindo ainda. Rheinheimer disse em seu depoimento que seu contato com o governo, o lobista Arthur Teixeira, afirmou que o recebedor das propinas pagas pelas empresas multinacionais que participaram do cartel entre 1998 e 2008. Teixeira também havia citado outros Secretários do governo Alckmin, como Jurandir Fernandes, da Secretaria de Transportes Metropolitanos e que tinha como chefe da gabinete na gestão anterior ninguém menos que Luiz Roberto dos Santos, o Moita! Ainda assim, apesar de todas essas "coincidências", apenas peixes pequenos foram fritos e todos quadros políticos do tucanato envolvidos permanecem firmes em seus postos de secretários, incluindo Edson Aparecido.

Edson Aparecido mantém um perfil discreto mas é considerado o braço direito de Alckmin no governo, do qual inclusive foi chefe de campanha na última eleição, desistindo de concorrer a reeleição a deputado para dedicar-se exclusivamente a reeleição do atual governador. Trata-se de um quadro antigo, um dos fundadores do PSDB que sempre operou nos bastidores e sob o qual é difícil obter informações. Ainda assim sabemos que ele foi o braço direito de Sergio Motta, Ministro das Telecomunicações no governo FHC e principal responsável pela fraudulenta privatização que ocorreu na área.

Mesmo com todos esses indícios de envolvimento em corrupção, Edson Aparecido permanece firme e forte e, mais impressionante, sem qualquer questionamento da Justiça, mesmo tendo seu chefe de gabinete envolvido, enquanto até mesmo o presidente da Assembléia Legislativa de SP e queridinho dos tucanos, Fernando Capez, teve a quebra de seu sigilo bancário solicitado pela Justiça. Isso mostra a força desse obscuro personagem que pode ocupar em SP um papel análogo que José Dirceu e seu sucessores cumpriram na Casa Civil do governo federal, o papel de centralizador do balcão de negócios e maracutaias que é o governo.

Com informações de O Estado de São Paulo, Valor Econômico e RBA

 
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