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DENÚNCIA: Reitoria da UFRN não reabre RU e corta 50% do auxílio alimentação com retorno presencial
Redação

Faltando duas semanas para o retorno presencial das aulas na UFRN, os estudantes relatam cada vez mais incertezas sobre as condições sanitárias e de permanência que estão sendo definidas pela reitoria. Não há previsão para o retorno do Restaurante Universitário, que milhares de estudantes dependem para frequentar a universidade.

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O restaurante hoje custa escandalosos R$ 8,00, reajustado em 2019, o que na prática inviabiliza que sirva de fato como política de permanência para amplos setores de estudantes. Uma parcela recebe auxílio que reduz para R$ 4,00 e outra parcela, cada vez mais reduzida, tem acesso a alimentação gratuita no restaurante.

Como se não bastasse essa política exclusiva da reitoria, que mantém o restaurante como política focalizada, que atende uma parcela cada vez menor de estudantes, a reitoria anunciou que não tem previsão para a reabertura do restaurante com o retorno presencial das aulas. Frente a isso, oferece um auxílio alimentação no valor de R$ 280,00, que quem vai no mercado hoje em dia sabe que não dá pra passar o mês com esse valor, sendo que o último edital desse auxílio, do ano de 2019, foi de 2000 auxílios e esse ano será apenas para 1000. Ou seja, a reitoria cortou metade das bolsas, dizendo claramente que, nesse retorno, muito estudante vai passar fome.

Recebemos um depoimento anônimo de um estudante da UFRN que relata a situação de incerteza que estão passando, também por que não há garantia que haverá renovação da bolsa oferecida aos estudantes que foram contemplados anteriormente ao novo edital:

Enquanto aluno do UFRN, público alvo da assistência da PROAE, estou extremamente incerto acerca da permanência no campus, neste semestre que está se iniciando. Ocorre que devido ao fechamento do RU, a UFRN prometeu disponibilizar uma cota de 1.000 vagas para o auxílio alimentação temporário em espécie. O problema é que essa cota é para todos os discentes (VETERANOS E CALOUROS) já que não haverá renovação daqueles já estavam vinculados a esse benefício antes da suspensão das atividades do RU devido a pandemia. Ou seja, obviamente haverá uma demanda reprimida enorme tendo em vista que semestralmente havia quase 2000 solicitações para esse campus, tal como é possível ver no resultado do edital de 2019.2 no site da PROAE, tendo em vista que estou falando sobre de um auxílio que não abre para novas solicitações a quatro semestres. A assistência estudantil, nesta instituição, está cada vez mais focalizada, aproximando-se de assistencialismo barato que negligência ao atendimento das necessidades que tangem a permanência dos alunos, atuando sobre a lógica do favor e não do direito. Além disso, fomenta, cada vez mais, a famigerada disputa constante entre os alunos pobres para eleger aquele que mais “miserável” que será o objeto da assistência (ínfima) do Estado. Eu entendo que isso é reflexo de um movimento muito mais amplo, que envolve os avanços do neoliberalismo nas políticas públicas/sociais, mas nós não podemos nos calar. Isso tudo se expressará num retrocesso imenso nas condições de vida dos/as estudantes da classe trabalhadora de nosso campus contribuindo para sua evasão. Precisamos lutar pela volta do RU e enquanto isso não ocorre precisamos de uma cota descente para a população de nosso campus.

(Se você é estudante, trabalhador ou professor, de dentro ou fora da universidade, você pode mandar sua denúncia para o Esquerda Diário através do Whatsapp: 84 991182159)

É um escândalo essa situação porque mostra os impactos da política de Bolsonaro, junto ao Congresso Nacional, de cortes na educação e sobretudo nas universidades, que só na UFRN significou uma redução de 7,8% em 2022. Mas também o papel da reitoria, encabeçada por José Daniel, de descarregar esses cortes nos setores mais precários das universidades, que são os estudantes que dependem dessas políticas de permanência. Ainda mais frente ao retorno presencial, claramente o cenário é que a permanência estudantil está ainda mais reduzida do que antes do ensino remoto.

O próprio ensino remoto foi imposto de maneira autoritária e burocrática pela reitoria, sem que a comunidade universitária pudesse decidir sobre isso, oferecendo um auxílio instrumental insuficiente. Estudantes ou contraíram dívidas para adquirir os equipamentos, ou simplesmente evadiram. Essa evasão se ampliou brutalmente durante o período remoto por conta dessa política que agora, frente ao retorno presencial, a reitoria quer dar continuidade.

Mas também os funcionários, sobretudo terceirizados, sofreram nas mãos de José Daniel, que se utilizou de uma MP de Bolsonaro para reduzir salários e congelar contratos, e até mesmo demitir esses trabalhadores. Uma política de exploração de um trabalho majoritariamente negro e feminino na universidade, também a serviço de dividir os funcionários, tratando os terceirizados em funções vitais para o funcionamento da universidade como um setor que não faz parte da UFRN. Da mesma forma, a reitoria busca dividir os estudantes com sua política de focalização da permanência, colocando os estudantes para disputarem entre si as míseras políticas que oferece.

Tudo isso coloca a necessidade de batalhar pela auto-organização dos estudantes contra a política de cortes de Bolsonaro e da direita neoliberal, que está levando às universidades à ruína. Mas isso só é possível com um movimento estudantil totalmente independente da reitoria, e que se enfrente com essa instituição reacionária, responsável pela exclusão dos filhos de trabalhadores de dentro da universidade.

Veja também: Pressão dos estudantes faz reitoria reabrir bandejão na UERJ no turno da noite

Por isso, exigimos que o DCE da UFRN convoque uma assembleia geral para o início das aulas para que os estudantes discutam as condições que está se dando o retorno presencial. É necessário que o movimento estudantil tenha como princípio que nenhum estudante, funcionário ou professor, seja deixado para trás nesse retorno presencial, o que depende da unidade entre nós e assim, da nossa auto organização independente. É através dessa luta que podemos impor as condições sanitárias do retorno, definidas pelos três setores, visto que a reitoria não está garantindo nem mesmo máscara ou testagem, demonstrando novamente que não se importa com as nossas vidas.

Nesse mesmo sentido, a comunidade universitária precisa se organizar contra a precarização do trabalho, defendendo plenos direitos de licença remunerada e estabilidade. Como também a efetivação de todos os trabalhadores terceirizados necessidade de concurso público, definindo quais políticas são necessárias para que o retorno se dê com permanência plena e para todos os estudantes que necessitem, como com o reajuste das bolsas de acordo com a inflação.

A juventude Faísca Revolucionária, que faz parte da atual gestão do Centro Acadêmico de Ciências Sociais junto a independentes, defende que junto a luta contra os cortes de Bolsonaro e por um programa de permanência que inclua o retorno imediato do RU, com redução do preço da refeição e ampliação do auxílio alimentação, assim como reajuste das bolsas, ampliação do circular e do vale transporte, creche para as mães, dentre outras medidas.

É necessário batalhar para que a comunidade acadêmica se auto-organize para ela definir como vai se dar o retorno presencial, se enfrentando com a política de ataques de Bolsonaro imposta pela reitoria reacionária de José Daniel. Os trabalhadores do restaurante universitário da USP conquistaram com uma greve de mais de 40 dias suas reivindicações de segurança sanitária, assim como os estudantes da UERJ garantiram o restaurante universitário noturno para todes es estudantes e são exemplos que precisam reverberar em todo o país.

Carta da Juventude Faísca em apoio à luta dos trabalhadores do Bandejão Central da USP

 
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