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Armadilha e precarização: começa a farsa da nova carreira dos professores em SP
Lia Costa

Chegou o momento da farsa da nova carreira de professor no estado, que representa aumento da exploração, adesão compulsória dos contratados ao novo programa de ataques, aumento de carga horária dentro das escolas, maior controle por parte da direção e reduções no salário que equilibram para baixo o aumento salarial final. O governo engana e mente para a população!

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Foto: freepik/divulgação

Em vigor desde o início de junho, os ataques da nova carreira de professores estaduais - implementados agora por Rodrigo Garcia (Democratas), mas pensados e articulados por João Doria e Rossieli Soares (ambos PSDB) - começam a aparecer na realidade da categoria. Além de tantos ataques da esfera federal do reacionário governo de Bolsonaro e militares, que levou a frente cortes orçamentários e ataques ideológicos profundos, a educação de SP ainda conta com a herança de uma política histórica do PSDB de desmonte da educação pública no estado.

Enquanto os professores aguardam o recebimento do novo salário, que há anos não recebia reajuste, o mesmo veio ligado a uma série de ataques junto a nova carreira que busca precarizar e controlar ainda mais esses trabalhadores da educação. Os professores contratados nem ao menos tiveram o direito de escolha, foram compulsoriamente enquadrados nas novas regras. Já os efetivos terão até dois anos para escolher, sendo que o governo vem pressionando à adesão da categoria.

A partir de agora, os professores ficarão a jornada completa de trabalho dentro da escola, submetidos a mais controle e pressões diretas das direções, e em um ambiente precário onde falta de espaço de estudo, material, internet, onde em muitas escolas não há nem ventilação e estrutura adequada. Ou seja, os ATPLs, antes cumpridos fora da escola, agora serão realizados dentro das escolas, muitas vezes em ambientes insalubres e sem estrutura para os professores prepararem suas aulas. Tal obrigatoriedade já existe para os professores do PEI - outro programa de ataque do governo que está longe de ser um ensino integral de qualidade e inclusivo - e passará também aos do ensino regular. E isso, segundo o governo, é um dos caminhos para melhorar o desempenho dos estudantes, mesmo que estes sejam submetidos às mesmas condições precárias da escola.

Entenda mais aqui: "Nova Carreira" de Doria e Rossieli esconde precarização e controle sobre professores.

Ainda, a nova carreira trás um aumento salarial, mas também reduções em direitos agora atacados, como por exemplo a redução da Gratificação do Trabalho Noturno de 20% para 10%, reduções no recebimento referentes ao Adicional de Local de Exercício (ALE) e redução do valor da gratificação de 75% sobre o salário dos professores de PEI para valores agora fixos.

Ou seja, a nova carreira com sua promessa de valorização dos professores é uma farsa! Essa demagogia criada para fingir que os políticos estariam preocupados com a valorização dos professores, veio na verdade para aumentar a exploração dos professores e piorar as suas condições de trabalho, uma vez que outros ataques foram ligados na nova carreira e inúmeros professores já vivem no chão da escola na mira do controle de direções assediadoras que possuem agora mais poder para seus assédios garantidores do controle do estado sobre o aprofundamento da precarização da educação e desmonte da educação. Aumentam a carga horária, reduzem salário e garantem que os professores ensinem cada vez menos.

Ainda, para embelezar o aumento salarial, o mesmo veio no mês do recebimento das férias, como tentativa de construir uma ilusão de grande aumento, mas que quando é colocado na ponta do lápis, não equivale ao aumento da carga obrigatória somada às possíveis reduções que possam vir. O governo brinca com o desespero que a categoria, assim como toda a sociedade, tem tido para poder pagar as contas que só sobem com a inflação e crise econômica nacional. Usam dessa crise que não foi causada pela nossa classe, para descarregar ainda mais nas costas dos trabalhadores, usando aumento salarial para justificar aumento de exploração e precarização da vida.

Enquanto isso, a APEOESP, sindicato dos professores estaduais de SP dirigido majoritariamente pelo PT e PCdoB, não construiu efetivamente a luta da categoria contra a nova carreira, pelo contrário. Há anos vem esvaziando o sentido de luta dos professores, transformando a APEOESP em um sindicato de métodos judiciais e pressões parlamentares, que nas últimas décadas não reverteram em vitórias para a educação pública, mas sim cada vez mais derrotas, desmonte, fragmentação e desmoralização. Hoje, diante desse cenário, novamente articulam de desviar o ódio dos professores para uma saída passiva de aguardar as eleições e um milagre. Mas as transformações necessárias para a educação e toda a sociedade são irreconciliáveis com os interesses de governos e patrões. Elas terão de ser arrancadas pelas mãos daqueles que tudo constroem nessa sociedade, os trabalhadores, a juventude e o povo oprimido.

 
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