Em sua visita à USP, Lula encheu o vão da história. Ao agitar a juventude contra Bolsonaro, porém, se poupou de citar, sequer uma vez, a palavra Alckmin e sua aliança com esse odiado inimigo da educação. Lula é inteligente o suficiente para saber que não se pode nomear o inominável, o picolé de chuchu, num auditório como esse. A mera citação de Márcio França, aliado tradicional dos tucanos de SP, já foi alvo de centenas de jovens.
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Em seu discurso, Lula reivindicou os aumentos salariais da época do seu governo e citou até mesmo os trabalhadores da USP, para falar que durante o seu governo os trabalhadores tiveram aumentos salariais. Mas isso é só uma parte da história, e conhecer a história toda é também entender o que foi de verdade o governo Lula, um governo de conciliação com a burguesia, com setores históricos da direita e com aqueles que são hoje base do bolsonarismo. O que Lula omite e tenta expropriar para si mais uma vez é a própria tradição e história de luta da classe trabalhadora.
Esse aumento que os trabalhadores da USP conquistaram não foi porque o Lula estava governando o país, mas sim porque, no mesmo período do seu governo, essa foi a categoria que mais esteve em greve, se enfrentando com corte de ponto, contra a repressão brutal do tucanato de São Paulo, como de Serra e do mesmo Alckmin que é chamado de aliado e amigo por Lula, mas que sempre foi e será o grande inimigo da USP.
Maíra Machado, candidata do MRT a deputada estadual pelo Polo Socialista e Revolucionário, quando perguntada pelo Esquerda Diário sobre o discurso de Lula, disse:
“Em palco montado no vão da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), lugar conhecido também pela brutal repressão da polícia assassina de Alckmin e França (juntos agora no PSB), Lula também omitiu suas alianças com a direita. A mesma que articulou todas as reformas, como a trabalhista, da previdência e do novo ensino médio; que fez um golpe institucional em 2016 no país; que passou por cima dos direitos democráticos da população votar em quem quisesse em 2018; que esteve ao lado da extrema direita de Bolsonaro contra a juventude e a classe trabalhadora durante esses últimos anos; e que agora tenta passar de democrática por uma aliança que vai desde a alta burguesia de banqueiros e a FIESP, até as centrais sindicais que freiam a possibilidade da construção por uma saída independente da juventude e dos trabalhadores e na luta de classes. Parte dessa mesma direita até estava lá, como Márcio França, mas foi vaiada quando foi citada durante o evento, já Alckimin não apareceu e c certeza esse histórico dele na USP pesou na hora de tomar a decisão de não ir"
Segundo Marcello Pablito, candidato do MRT a deputado federal pelo Polo Socialista e Revolucionário, “para nós o caminho para enfrentar Bolsonaro e os ataques é o da luta de classes e de forma independente. Exigimos um plano de lutas para enfrentar o bolsonarismo, as reformas e os ataques à educação, com a força da classe trabalhadora e da juventude, sem a direita, a FIESP e banqueiros. O Conselho Diretor de Base do SINTUSP aprovou um importante posicionamento sobre o combate ao bolsonarismo e a chamada "carta pela democracia". Nós trabalhadores da USP não caímos na demagogia da reitoria da USP de que devemos nos aliar com nossos inimigos.”
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