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Pernambuco
Unir trabalhadoras da saúde, recenseadores, metroviários e rodoviários contra os ataques e a extrema direita
Gabriel "Biro"
Renato Shakur
Estudante de ciências sociais da UFPE e doutorando em história da UFF

Pernambuco está sendo palco de mobilizações em distintas categorias. A unidade das lutas em curso podem ser o caminho para barrar os ataques e também a extrema-direita pernambucana generalizando esse exemplo para todo o país.

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Durante os quatro anos de governo Bolsonaro, em pleno regime do golpe institucional de 2016, os capitalistas vieram despejando sua crise nas nossas costas. As reformas da previdência e trabalhista destruíram nossos direitos. A inflação dos produtos básicos não para de subir enquanto o reajuste do salário mínimo não cobre a inflação. Nos resta a fome, o desemprego e o trabalho precário. Em Pernambuco não é diferente, na realidade, é um dos estados onde a crise é mais grave. Por isso, enfrentar o bolsonarismo, a direita e a extrema direita, para revogar as reformas e reverter todos os ataques desde o golpe de 2016 é fundamental.

Mas não podemos nos iludir que as eleições irão resolver esses problemas. A chapa de conciliação de Lula e Alckmin já prometeram não revogar as reformas, os ataques e as privatizações. Será pela luta de classes que arrancaremos nossos direitos e melhoria das nossas condições de vida. Ainda assim, toda a indignação diante dessa situação e a vontade de agir é direcionada pelos partidos e direções dos movimentos sociais e dos sindicatos exclusivamente para as eleições. Há pouco se perdeu uma ótima oportunidade de unir no ato do Grito dos Excluídos de Recife todos aqueles que odeiam Bolsonaro junto com setores de trabalhadores que estão se mobilizando e indo para as ruas, dando uma resposta contundente contra os atos bolsonaristas do 7 de setembro. Mas isso não foi feito.

Recenseadores e recenseadoras seguem a luta pelo pagamento de salários, ajuda de custo atrasadas e por melhores condições de trabalho no estado, as técnicas de enfermagem e enfermeiros e enfermeiras estão travando uma batalha pela implementação do piso salarial que conquistaram com muita luta. O STF decidiu por 7 votos a 4 pela suspensão do piso. Em Recife os trabalhadores municipais também estão se mobilizando pelo plano de carreira,os metroviários estão em estado de greve por conta das péssimas condições de trabalho para poder operar e os trabalhadores rodoviários estão realizando também manifestações paralisando o trânsito contra dupla função. É urgente a unificação dessas lutas para que possam triunfar em suas demandas. A CUT e a CTB, dirigidas pelo PT e PC do B e que são as principais direções dos sindicatos, precisam deixar de subordinar nossos sindicatos ao calendário eleitoral e organizar um plano de lutas para unificar essas mobilizações em curso rumo a uma paralisação nacional e greves.

Os ataques e cortes do governo Bolsonaro atingiram essas categorias nos últimos anos. O orçamento da CBTU caiu em mais de 40% de 2019 a 2021, o Censo 2022 teve um corte de 90% em seu orçamento em comparação ao censo passado e vale lembrar que Bolsonaro e Guedes foram contra a aprovação do piso salarial da enfermagem até ontem, só aprovaram por conta de interesses eleitorais. Seu filho Eduardo Bolsonaro, por exemplo, votou contra a proposta. Mas também não podemos nos esquecer que todos esses ataques foram feitos com o aval do Congresso e do STF que nem de longe são nossos aliados na luta contra o governo Bolsonaro e contra esses ataques e as reformas que ajudaram a precarizar ainda mais as condições de trabalho. Não à toa acabaram de formar maioria para manter a suspensão do pagamento do piso.

É um absurdo que tenham trabalhadores do IBGE tendo que pagar para ir trabalhar, de enfermeiros e técnicos de efermagens que trabalharam na linha de frente contra o coronavirus expostos diariamente a contaminação sem direito a quarentena e isolamento e tendo o piso salarial exigido pela categoria negado. Ou então os metroviários e metroviárias que desde o golpe institucional vêem de perto o sucateamento e precarização das linhas do metrô Recife que já ocasionou vários acidentes gravíssimos. O mesmo podemos dizer para os rodoviários que estão sob dupla função, motorista e cobrador, o que coloca trabalhadores e usuários do transporte em situações de risco.

Temos que confiar apenas nas nossas forças para dar um basta nessa situação e enfrentar o governo federal que é responsável pela inflação sobre os alimentos e combustíveis que joga milhões de famílias em Pernambuco numa situação de insegurança alimentar. O PSB e o governador Paulo Câmara, que tem como vice ninguém menos que o PCdoB de Luciana Santos, também são responsáveis por essa situação de grave crise social no estado que coloca Recife como uma das capitais mais desiguais do mundo, com baixíssimo nível de saneamento básico, alto índice de desemprego e com uma das polícias que mais mata negros e negras no país.

O último 7 de setembro em Recife mostrou que a extrema direita representada hoje na candidatura de Anderson Ferreira (PSL) tem uma base social consolidada na região metropolitana, inclusive na capital Anderson chega a ter 19% das intenções de voto. Temos que organizar a resposta da nossa classe ao fortalecimento eleitoral da extrema direita no estado de forma independente dos patrões, nas ruas e sem conciliação com a direita.

O cenário eleitoral pernambucano vem mostrando que Marília Arraes está liderando nas pesquisas de intenção de voto para o governo. Temos que ter a clareza de que ela é um representante das oligarquias, contra o aborto, a favor de maior repressão policial no estado e defende a continuidade das reformas e ataques. Ela não é uma aliada da nossa luta, não vai ser a aliança com o partido de direita Solidariedade que vai fazer a gente vencer esta luta. Assim, como Danilo Cabral não é uma alternativa, só parar e olhar para Pernambuco e perceber que o PSB só piorou as condições de vida do povo pernambucano ao longo dos 14 anos à frente do governo do estado.

Por isso, é necessário que as centrais sindicais como a CUT dirigida pelo PT e a CTB dirigida pelo PCdoB rompam a paralisia, cerquem de solidariedade os trabalhadores em luta e convoquem assembleias nas categorias que dirigem para apoiar a luta em curso. No caso do Sindmetro dirigida pelo PCdoB é urgente que se liguem a paralisação nacional da saúde marcada para o dia 21 de setembro, unificando também com os recenseadores e recenseadoras que seguem na luta pelo pagamento de seus salários e por taxas mais justas, assim como os rodoviários. É preciso organizar um plano de lutas desde as bases, com assembleias nessas três categorias e as demais categorias que as centrais dirigem para poder massificar a luta contra os ataques em curso, mas também para combater a extrema direita e o bolsonarismo em nosso estado. A coragem e disposição de luta desses trabalhadores que estão se mobilizando permite com que Pernambuco dê um grande exemplo de como enfrentar a direita, o bolsonarismo e seus ataques financiados pelos patrões.

As entidades estudantis, UNE e UEP, assim como DCEs e DAs precisam organizar os estudantes para cercar de solidariedade os trabalhadores, levando também suas pautas contra os cortes na universidade pública. As candidaturas legislativas e executivas de esquerda, como PCB, UP e PSOL, de Pernambuco, também devem colocar suas campanhas eleitorais a serviço de apoiar as lutas em curso e fazer um chamado a que se unifiquem em um dia de paralisação comum, com greve e ato de rua. As candidaturas de esquerda devem estar a serviço da luta de classes, pela revogação imediata de todas as reformas e anulação de todos os ataques e privatizações desde o golpe de 2016.

É neste sentido que as candidaturas do MRT vem se apresentando contra Bolsonaro e as reformas, para unir os trabalhadores, sem aliança com a direita e os patrões, buscando contribuir para os processos de luta em curso e fortalecendo a vanguarda que quer enfrentar a extrema direita desde uma perspectiva de independência de classe e utilizando os métodos de luta da classe trabalhadora.

Por fim, convocamos a todes a participar do ato da paralisação da enfermagem no Recife dia 21/09.

 
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