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Governo de SP
5 pontos que mostram porque Tarcísio de Freitas é inimigo da educação
Flávio Afonso

Educação mercadológica, militarizada e privatista, mais ataques aos direitos dos professores e rechaço ao debate de gênero e sexualidade. Confira 5 pontos que mostram porque Tarcísio de Freitas, candidato de Bolsonaro ao governo de São Paulo, é inimigo da educação.

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1 - Defende a militarização da educação

O candidato ao governo, que é capitão da reserva do exército e atuou nas iníquas missões da ONU no Haiti, não se contém ao falar do tema da segurança pública elogiando a atuação da PM e reforçando que vai amplificar o investimento nos aparatos e repressões. Além disso, é absurda a relação que ele estabelece entre educação e a segurança pública. Além de tecer elogios às escolas militares conforme mostra esse vídeo, em seu plano de governo defende que as forças armadas atuem em parceria com as escolas em programas esportivos, elemento que replica a defesa de Bolsonaro, seu padrinho político, pela militarização das escolas como solução para os problemas da educação. Tarcísio defende que especialmente em regiões periféricas onde “há problemas de segurança que afetam a educação” é necessário que ocorram intervenções dos aparatos policiais, mais uma das facetas do projeto ultraconservador defendido pela extrema-direita, e que na prática, sabemos, representa a intensificação da violência policial contra a juventude trabalhadora, negra e pobre das comunidades.

2 - É contra o debate de gênero e sexualidade

A intransigência de Tarcísio também afeta o debate de gênero e sexualidade, onde adota um discurso aparentemente mais comedido que seu apoiador, mas não deixou de explicitar a incoerência da direita sobre o tema quando disse em entrevista ao Roda Viva: “Educação sexual nas escolas eu não sou contra. Sou contra a ideologia de gênero”. Tal argumentação típica dos setores conservadores esconde o intento de vetar o debate de gênero tão fundamental para os jovens, que hoje mais do que nunca se encontram em impasses dificultosos no que diz respeito ao reconhecimento do próprio corpo, identidade de gênero e sexualidade. Se já existem escolas onde esse assunto gera fortes controvérsias entre professores e as gestões, acarretando denúncias para os docentes que tentam discutir o tema, conflitos com os responsáveis que reproduzem discursos conservadores, causando conflitos que só podem prejudicar os jovens e atrapalhar o seu processo de emancipação, num provável governo Tarcísio esse cenário só pode se tornar mais catastrófico.

3 - Quer uma educação voltada para o mercado de trabalho

Um dos pontos de seu plano de governo para a educação, intitulado “Centro de Formação Técnica” defende a continuidade e ampliação do Novo Ensino Médio, implementado sem nenhum diálogo com as escolas e os trabalhadores da educação, e que prometeu um ensino profissionalizante, inovador, que envolvia tecnologia e itinerários formativos diversos com protagonismo juvenil. Na prática esse projeto se mostrou absolutamente ineficiente, a imposição dos itinerários formativos sem opção para os alunos aumentou sua carga horária, com disciplinas de tecnologia que não preparam para nenhum ofício, não possuem recursos e nenhum professor apto a trabalhar esses conteúdos. Aos poucos esse projeto esvazia o sentido do aprendizado para os jovens, o que aumenta também a evasão escolar.
Anexa-se a esse programa as escolas de tempo integral, que quando implementadas na prática de forma forçada, representaram um aumento exponencial de tempo de serviço aos professores, ao mesmo tempo em que demandam serviços burocráticos excessivos, com muitas denúncias de assédio aos professores por parte das gestões escolares. As PEI’s estão nesse momento com carência de professores, diminuição radical do número de alunos e fechamento do ciclo noturno, fazendo com que alunos que trabalham também tenham que largar os estudos ou migrar para as escolas regulares causando superlotação. A ausência de infraestrutura para efetuação dos projetos faz com que o cotidiano nessas unidades seja extenuante e desmoralizador, comprovando que as PEI’s são na verdade um engodo.

4 - Foco na iniciativa privada

Não é nenhum segredo que o raio privatizador do candidato mais bolsonarista ao governo está mirando, entre outros setores, a educação pública. Tarcísio já declarou que seu governo vai avaliar a privatização da SABESP e do metrô e é claro que a educação não ficaria de fora. A máxima repetida em diversas entrevistas de que a educação é “a ponte para o futuro” só pode se referir ao futuro dos grandes empresários donos dos conglomerados educacionais que poderão lucrar com as parcerias público-privadas envolvendo o ensino híbrido e o ensino técnico preparador de mão-de-obra barata, elementos tão enfatizados em seu plano de governo. Tendo sido o ministro da infraestrutura no governo Bolsonaro, o candidato não poupa esforços em reiterar que as escolas precisam reforçar uma associação ao setor privado e estabelecer um certo grau de subordinação a esse setor.

5- Aprofundará os ataques aos direitos dos professores

Há uma eterna cruzada do bolsonarismo contra o setor público, nomeadamente na educação, em que escolheram o professorado como seu inimigo número 1, algo que se expressa nas contrarreformas trabalhista, da previdência e a tentativa de implementação da reforma administrativa, tão reivindicadas por esses representantes da extrema-direita, e que na educação pública do estado encontram seu fio de continuidade na imposição da farsa da Nova Carreira para os docentes, um dos golpes mais impactantes na precarização da categoria - removendo direitos a faltas, dividindo politicamente a categoria, forçando os professores a cumprirem jornadas fatigantes dentro das escolas - e que foi efetuado e votado sem nenhum diálogo e a contragosto da esmagadora maioria dos trabalhadores da educação, inclusive no desenrolar de protestos em frente à ALESP. Durante os debates e entrevistas do candidato, nem se tocou no tema da Nova Carreira docente, e tendo em vista as defesas que vêm fazendo dos ajustes que sucederam o golpe, fica claro que o candidato não medirá esforços para intensificar esses ataques.

Diante disso, é preciso ter claro que através das eleições não será possível combater esse projeto privatista e mercadológico de educação, levado à cabo por Tarcísio e Bolsonaro, inclusive constatando que as eleições do primeiro turno revelaram o enorme peso que a extrema-direita ainda tem, não apenas nacionalmente mas no âmbito estadual, que se enunciará na Assembléia Legislativa. Também não é conclusivo que uma vitória de Haddad e Lula irá reverter os ataques mencionados, uma vez que o cenário de direitização a nível nacional tem localizado a campanha do PT cada vez mais à direita, e aliados com as figuras de Alckmin e Lúcia França, também não vêm defendendo a revogação das reformas e privatizações. Por essa razão é fundamental a confiança dos trabalhadores em sua auto-organização, exigindo das grandes centrais sindicais (como a CUT) a retomada das ruas e dos locais de trabalho como epicentro da atuação política, onde a força da luta de classes será posta à prova e firmaremos as bases para a construção de um novo futuro.

 
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