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Trabalhadores da saúde no RN
“Quanto mais a gente trabalha, menos a gente é valorizado”: as faces da precarização da saúde no RN
Araçá
Estudante de Letras da UFRN e militante da Faísca Revolucionária

Dentre as tantas faces do amargo rosto cubista da precarização no setor da saúde, trabalhadores do estado do RN vem denunciando péssimas condições de alimentação, falta de insumos, pagamentos irrisórios e condições de trabalho desumanas

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Na manhã desta terça-feira (1) o Sindsaúde/RN recebeu uma denúncia de trabalhadores do Hospital Giselda Trigueiro quanto à precariedade de sua alimentação. Segundo a denúncia, a comida é sem gosto, servida em pouquíssima quantidade e pouquíssima variedade para servidores exaustos que muitas vezes engatam plantões para completar a renda, sendo assim, mais uma face das tantas que compõem o rosto da precarização do sistema de saúde brasileiro, denunciado diariamente pelos trabalhadores. Em uma paralisação estadual dos trabalhadores da saúde no dia 19 de outubro, uma equipe do Esquerda Diário coletou depoimentos das condições de trabalho e das reivindicações dos presentes, que estavam acampados em frente à governadoria. Em um dos depoimentos, nos relataram:

TRAB — Estamos aqui hoje em busca de melhorias salariais. Nós temos um fechamento do sindicato de pautas importantes para nossa categoria onde a gente precisa mudar uma lei de produtividade, os plantões eventuais que a gente tira e que o governo não paga na data certa, então assim, são inúmeras pautas que já foram fechadas com o governo e que o governo não está cumprindo com o papel dele. Então nós estamos aqui hoje para que ele cumpra com o papel dele, que já foi assinado e que ele simplesmente está deixando de cumprir seu papel enquanto gestor do estado.

ED — Entendi. E como tem sido esses tempos no hospital? Como está o trabalho?

TRAB — Cada dia mais árduo. A gente trabalha com sobrecarga, falta de recursos humanos, falta de insumos. Nós somos do Walfredo e um hospital como o Walfredo Gurgel que onde tem uma população triplicada, a estrutura permanece a mesma.

ED — E o Walfredo já vem de uma greve…

TRAB — Já vem de uma greve. Então assim, isso só aumenta. Porque o nosso trabalho aumenta, porque há o aumento do número de pacientes, já que a população aumenta. E vem inúmeros fatores por trás disso. Como a qualidade do atendimento para esse cidadão que nos procura, porque ele não tem um atendimento adequado, o que não depende só da gente. O humano está lá pra atender, mesmo com a deficiência, mas a estrutura não lhe oferece as condições dignas que ele necessita naquele momento. Quanto mais a gente trabalha, menos a gente é valorizado, mais os nossos direitos são desrespeitados e cada vez mais o nosso salário diminui.

O quadro se repete de hospitais estaduais a federais, do Giselda Trigueiro ao Walfredo Gurgel e ao Hospital Deoclécio Marques de Lucena em Parnamirim, de onde uma trabalhadora nos denunciou que a água do hospital estava contaminada devido a dois gatos mortos na caixa d’água do prédio, atingindo diretamente a saúde dos trabalhadores e dos pacientes. Perguntada sobre a paralisação outra trabalhadora denunciou:

TRAB — A paralisação aqui tá boa, mas deveria ter tido mais mobilização, mais participantes.

ED — Estivemos também na paralisação nacional do dia 21 do mês passado e ouvimos muitos relatos de trabalhadores com colegas que não foram por pressão da patronal, por medo de demissão…

TRAB — Também. Ameaça de demissão só não é no estado, porque lá nós somos efetivos por enquanto, enquanto não passa a reforma administrativa, né? No nosso setor a gente não tem isso de demissão, mas fica aquela assim “se vocês forem…” a gente tem plantões eventuais, aí eles dizem “se vocês forem vocês vão perder 4 plantões remunerados”

A luta dos trabalhadores da saúde, em maior destaque nacionalmente a luta dos trabalhadores da enfermagem pelo piso salarial, demonstra a disposição de luta da classe trabalhadora frente ao cenário nacional de ataques do Bolsonaro, do bolsonarismo, do congresso e do judiciário (como a suspensão do piso salarial da enfermagem pelo ministro Barroso do STF). Esses mesmos trabalhadores que foram linha de frente na pandemia, e que perderam tantos colegas para a Covid pela gestão desastrosa e negacionista do governo Bolsonaro que agora, derrotado nas eleições e após mais de um dia de silêncio, se pronunciou colocando-se como líder da oposição de extrema-direita ao futuro governo Lula-Alckmin.

E justamente frente a isso é urgente que as centrais sindicais, como a CUT e CTB, dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, assim como a UNE, entidade estudantil nacional dirigida também pelo PCdoB, organizem um plano de lutas nacional construido em cada local de trabalho e estudo para barrar as ações reacionárias do bolsonarismo como os locautes patronais que tem bloqueado vias pelo Brasil nestes últimos dias e revogar todas as reformas e ataques. A única saída é a unidade da classe trabalhadora, junto aos estudantes e todos os setores oprimidos. Os metalúrgicos estaleiros em Angra demonstraram a força da nossa classe, derrubando o bloqueio bolsonarista na rodovia Rio-Santos. É o contrário do que vem fazendo as direções da CUT, da CTB e da UNE, que conclamam "soluções republicanas", como a atuação da PRF e do STF, inimigos da classe trabalhadora. A conciliação de classes no estado também demonstra que não aponta uma saída para derrotar a extrema-direita e os ataques, como a governadora reeleita Fátima Bezerra (PT), que tem como vice a oligarquia dos Alves, no mesmo estado em que o reacionário Rogério Marinho (PL) foi eleito como senador. No último governo aprovou a reforma da previdência e é também responsável estadual pela situação dos hospitais.

Nós do Esquerda Diário e da Faísca Revolucionária reforçamos também que o Esquerda Diário é um jornal feito por e para trabalhadores. Se você sofre com as condições de trabalho, envie para nós sua denúncia, que será publicada de forma anônima.

 
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