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Renato Feder é a cara do bolsonarismo no governo Tarcísio
Flávia Telles

Tarcísio foi eleito governador de São Paulo como candidato de Bolsonaro. Ou seja, tem como tarefa levar à frente um projeto da extrema direita no principal estado do país junto também da direita do PSDB e PSD de Kassab que deram cacife para sua vitória política. Para isso, muitas vezes busca aparecer com uma cara e equipe “técnica” e menos ideológica. Mas Renato Feder, novo secretário da educação, mostra que esse governo tem a cara do bolsonarismo conectando ataques ideológicos e privatistas profundos à educação.

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(Foto: Jaelson Lucas/ANPr)

A confirmação de Renato Feder como novo secretário da educação em São Paulo é um exemplo claro de que a cara do novo governo de Tarcísio é bolsonarista, sobretudo no que tange à educação. O governador do Republicanos escolheu para estar à frente da pasta de educação um dos maiores privatistas, responsável por vender diretamente escolas públicas para a iniciativa privada no Paraná, como o anúncio das 27 escolas para serem administradas por empresas.

Renato Feder foi secretário do reacionário Ratinho Júnior (PSD), responsável por avançar com uma das principais pautas bolsonaristas na educação, que são as escolas cívico-militares, chegando a anunciar a militarização de mais de 200 escolas, pauta também que foi levada à frente por governos da direita tradicional como Doria em São Paulo. Além disso, o dono da Multilaser também defende o homeschooling, outra pauta da extrema direita que foi propagandeada pelo governo de Ratinho no Paraná como pioneiro.

Feder congrega o conservadorismo do bolsonarismo com o plano econômico ultraliberal de ataques em toda linha. Em seu livro “Carregando o Elefante: Como livrar-se das amarras que impedem os brasileiros de decolar” (sic), Feder culpabiliza o professor, isentando totalmente o Estado das responsabilidades com a educação, diz que os professores são semi-analfabetos e chega a defender um sistema de voucher nas escolas que diretamente significa mensalidades e privatização da educação básica à educação superior. E no Paraná chegou até mesmo a substituir professor por tele-aula no ensino médio.

É por esse currículo extenso de ataques que Feder foi um dos convidados de Bolsonaro para assumir o MEC em 2020, depois da saída de Abram Weintraub, o ministro da educação que provocou manifestações massivas de estudantes e professores graças aos cortes que promoveu. Mas o secretário da educação declinou do convite e seguiu no governo de Ratinho Júnior.

Feder também é uma expressão da ligação entre a ala de reformadores da educação e a ala mais ideológica, mostra que essa divisão não é estanque, e que os reformadores da educação seguiram não só atuantes durante o governo Bolsonaro como também lucrando milhões com os monopólios da educação. Ao mesmo tempo que mostra que é possível conciliar o favorecimento aos mega empresários como Lemann, Itaú, que atuam fortemente na educação, com ataques ideológicos como escolas cívico-militares, escola sem partido e homeschooling.

Portanto, o governo de Tarcísio é mais uma mostra de que o bolsonarismo, mesmo que tenha sofrido uma derrota eleitoral, segue com força social e institucional e estará à frente de São Paulo e de uma das principais pastas do estado. A educação paulista já era um exemplo, junto com o Paraná, do avanço da implementação da reforma do ensino médio e de ataques profundos aos professores e aos estudantes, como a nova carreira, o fim das abonadas e muitos outros ataques, agora a entrada de Feder mostra que essa implementação só tende a se aprofundar.

No âmbito nacional a equipe de transição da educação do governo Lula-Alckmin também é um exemplo de que mesmo com a derrota de Bolsonaro, os reformadores e os megaempresários da educação vão estar atuantes e à frente do novo ministério que virá, com objetivo de aprofundar a reforma do ensino médio, que eles foram responsáveis por elaborar e implementar pós golpe institucional de Temer, a nível nacional e também não se separam da ala ideologica, já que também vimos como as escolas cívico-militares e a perseguição do escola sem partido veio avançando no mesmo período.

Portanto, é preciso mais do que nunca criar uma força social, com professores, estudantes, comunidade escolar, universitários e intelectuais da educação que exija a revogação integral da reforma do ensino médio, uma reforma que agrada o grande capital da educação justamente porque precariza o ensino, barateando a força de trabalho a partir do barateamento da formação da juventude e também porque abre espaço para fundos privados de educação atuarem dentro das escolas.

É papel dos sindicatos da educação a nível nacional, e também da Apeoesp (sindicato de professores de SP), um dos principais sindicatos da educação no país, que é dirigido pelo PT, organizar os professores pela base para que enfrentem na luta a reforma do ensino médio, a nova carreira, e cada um dos ataques que virão das mãos do novo secretário da educação, para ser parte do enfrentamento decisivo à extrema direita de Bolsonaro, como Tarcísio, o que a frente ampla que elegeu Lula-Alckmin já mostrou que é incapaz de fazer.

 
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