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Terceirizados UnB
30 agentes de portaria são demitidos ilegalmente: “Após 21 anos de trabalho na UnB, me senti um nada”
Faísca Revolucionária - UnB

A equipe do Esquerda Diário teve acesso ao depoimento de agentes de portaria, da empresa terceirizada G&E que presta serviço à UnB, que foram demitidos ilegalmente e estão sem acesso ao seguro desemprego devido a falhas no seu contrato de trabalho junto com a empresa.

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Trinta trabalhadoras e trabalhadores estão nessa situação em que não sabem como farão para sustentar suas famílias, depois de terem sido demitidos de supresa e de forma ilegal, visto que o acordo coletivo da categoria tinha uma claúsula que determinava a estabilidade de 90 dias após a troca de empresa. O que ocorreu quando a terceirizada G&E assumiu o contrato após a saída da empresa Servitium, no dia 2 de agosto, que já havia deixado de pagar os direitos trabalhistas de centenas de trabalhadores, como denunciamos na época na fala de uma trabalhadora dizendo como já era “costume da universidade dar calote nos trabalhadores”.

Os depoimentos expõem o nível abjeto de exploração a que estão submetidos os trabalhadores terceirizados da universidade, com a conivência da reitoria. Em um dos relatos, a trabalhadora denuncia que:

“Trabalhava na UnB há mais de 20 anos (...) a UnB era minha vida. Durante a pandemia, eu tenho diabetes e pressão alta, legalmente sabia que podia ficar em casa, mas não fiquei, porque sabia que se ficasse em casa podia perder meu emprego. Então não fiquei em casa, porque quem ficou em casa perdeu seu emprego.”

Na sequência a trabalhadora revela o absurdo da forma sumária como foram demitidas e o sentimento de humilhação e indignação:

“Minha supervisora só chegou e me disse que estava desligada, sem aviso prévio, sem nada, só assinei um papel e não podia nem voltar no meu trabalho. Eu me senti como se fosse uma ladra. 21 anos da sua vida dessa forma, só podia pegar minhas coisas e ir embora. Eu me sinto injustiçada, foram 21 anos da minha vida trabalhando. Durante a pandemia a gente carregou a universidade nas costas, não tivemos EPI, não tivemos nada. Foram amigos meus morrendo e a gente continuando trabalhando, não deixamos de trabalhar nenhum dia, a gente recebeu calote e tudo e não deixou de trabalhar”

O drama atual desses trabalhadores e trabalhadoras se faz sentir em suas palavras, expondo a situação de desamparo, fome e miséria a que foram entregues pela G&E e a UnB:

“Eu sou viúva, mãe solteira, crio meus filhos sozinha, sempre criei, sou a provedora da minha casa. (...) Não recebi meu ticket no dia primeiro, até hoje não pagaram meu pagamento, to sem nada dentro de casa pra dar de comer pros meus filhos. Eu peguei dinheiro emprestado, tinha cartão pra pagar, tinha supermercado pra fazer e tudo isso por causa da G&E, da UnB. Eu me sinto tão humilhada, tão humilhada, que eu praticamente entrei num processo de depressão, eu não sinto vontade de levantar da cama, de cozinhar pros meus filhos, eu não sinto vontade de nada.”

Como ressaltamos, além da demissão em si, o desamparo aumenta devido a dificuldade de acessar o seguro desemprego. Segundo os relatos os trabalhadores buscaram acessar o seguro através do Ministério do Trabalho, mas devido a uma sigla em seu contrato de trabalho, dizendo que foram contratados de forma emergencial, não tiveram sequer o acesso a esse direito básico.

Como visto na palavra desses terceirizados, a UnB tem responsabilidade sob a situação desses trabalhadores, mas a recorrência de calotes e descumprimento dos contratos mostra como a reitoria lava a mão em relação a vida deles. Pois a UnB se vale dessa forma de contratação para superexplorar os trabalhadores, no geral mulheres negras, destinando os piores postos de trabalho. Ao longo da pandemia, cobrimos diversos casos de negligência por parte da universidade com esse setor de trabalhadores que foi forçado a trabalhar sem direito a quarentena. Dessa forma, os trabalhadores foram expostos ao vírus, sem receber adequadamente os mínimos equipamentos de proteção, como álcool gel e máscaras, mostrando o desprezo por suas vidas.

Nós do coletivo Faísca Revolucionária chamamos a todes estudantes a se solidarizarem contra essa injustiça, se mobilizando contra essas demissões ilegais, pelo seu cancelamento imediato. Sabemos que a reitoria tem responsabilidade direta e precisa intervir para reverter esses cortes injustificáveis. Porém, enquanto durarem as demissões é necessário que os porteiros tenham garantido o acesso ao seu seguro desemprego.

Entretanto, sabemos que nada disso basta, é crucial defendermos a efetivação de todas e todos os terceirizados sem a necessidade de concurso público. Afinal, como vemos, a terceirização é um mecanismo dos capitalistas para dividir e oprimir ainda mais a nossa classe - no final das contas, as terceirizadas já fazem seu trabalho todos os dias como qualquer efetivo.

 
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