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"Para onde vai o Brasil?": reflexões de Safatle, Plínio Jr., Grespan e Diana Assunção no Esquerda em Debate
Redação

Na última última sexta-feira (2), o professor de Filosofia da USP Vladimir Safatle, o professor aposentado de Economia da Unicamp Plínio de Arruda Sampaio Jr., o professor de História da USP Jorge Grespan e a historiadora Diana Assunção, trabalhadora da USP e dirigente do MRT, participaram do debate "Para onde vai o Brasil", impulsionado pelo Esquerda Diário e pelo Ideias de Esquerda. Com excelentes reflexões, essa discussão encerra o ciclo de 24 entrevistas que viemos publicando neste Suplemento teórico, ao longo de 2022, a partir da iniciativa Esquerda em Debate. Nesta nota, selecionamos trechos das entrevistas.

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O programa, impulsionado pelo Esquerda Diário e pelo suplemento Ideias de Esquerda, com Diana Assunção, promoveu debates entre intelectuais e militantes de esquerda acerca dos principais temas da atualidade, visando também contribuir na discussão sobre como combater Bolsonaro, o regime político e o bolsonarismo, superando a conciliação de classes petista. Na live, mediada por Vitória Camargo, estudante da Unicamp e editora do Ideias de Esquerda, também anunciamos não somente uma segunda temporada do Esquerda em debate no ano que vem, pensando nossos desafios à luz do novo governo eleito e de uma situação internacional que seguirá convulsiva, mas também que as 24 entrevistas realizadas se tornarão um livro das Edições Iskra, por sintetizarem contribuições importantes para pensar o Brasil e também o mundo.

Confira a live e abaixo transcrevemos trechos das falas:

Trecho da fala de Vladimir Safatle: Ao meu ver, é ilusório e completamente abstrato imaginar que o bolsonarismo vai se dissolver nos próximos anos. Mesmo com a figura de Bolsonaro colocada fora de circulação, isso não vai mudar muita coisa, porque o fato é que você tem uma dinâmica anti-institucional no Brasil. Essa dinâmica migrou para a direita, migrou para a extrema direita. Ela sai da esquerda. Hoje a gente não tem uma esquerda anti-institucional no Brasil. Ao contrário, a esquerda é o grande fiador da institucionalidade nacional num momento em que essa institucionalidade entra em ruínas, entra em processo de decomposição explícita. Então, para você conseguir sustentar esse processo, essa institucionalidade, é necessário um esforço triplo, e esse esforço triplo, esse é o medo que tenho, pode impor no Brasil uma dinâmica italiana.

Trecho da fala de Diana Assunção: Como pequenos atos contra o aumento da passagem se transformaram nas maiores manifestações de massas das últimas décadas, abrindo uma nova etapa da luta de classes no país na qual a direita foi melhor sucedida em capitalizar? E o que isso tem a ver com o momento político atual, quais são os fios de continuidade que ainda seguem de Junho? Creio que são perguntas necessárias de abordar, ainda mais quando há uma teoria petista de que junho foi o início do fascismo no país. Inclusive, naquele momento, logo após as fortes jornadas, eu estive em uma mesa com Marilena Chauí, uma das principais intelectuais petistas que defendem essa tese, onde ela dizia que as manifestações eram perigosas e que não se podia contestar o governo do PT porque isso abriria espaço pra direita. Me lembro bem de ter respondido a ela demonstrando como a direita já estava dentro do governo com Maluf, Sarney, Collor, Renan, Temer, Edir Macedo. Então, para além de já ter incluído a direita no governo, depois foi de novo o PT quem fortaleceu a direita ao responder as justas manifestações por transporte, saúde e educação com repressão.

Trecho da fala de Plínio Jr.: A burguesia se divide na forma de materializar esse processo. Ela é dividida pela ação na forma de consolidar o golpe, de estabilizar e institucionalizar o golpe. Nesta divisão, apareceram duas respostas burguesas. Uma é a solução autoritária, de intervenção militar, que foi encarnada no Bolsonaro, mas que não é do Bolsonaro, é da burguesia brasileira, que tem no Bolsonaro o seu agente político de veneno. A outra eu vou chamar de "solução Jucá" (...) Qual é a solução Jucá? É o acordão nacional, na melhor tradição da burguesia brasileira. Soluções institucionais de baixo para cima, que procurem unificar a burguesia, cuja mágica seria construir uma república nova dos escombros da Nova República. Isso é o que representa, na prática, a chapa Lula-Alckmin. Porque não é Lula, é uma chapa Lula-Alckmin. Então, o que é a chapa Lula-Alckmin, na verdade? É o terceiro governo do golpe.

Trecho da fala de Jorge Grespan.: O capitalismo aposta todas as fichas nessa solução neoliberal. O que o Lula, claro, de uma maneira muito modesta, está propondo mais uma vez é uma certa volta do keynesianismo, uma certa manutenção mínima do Estado de Bem-Estar social, com Bolsa-família, merenda escolar e uma coisa mais ou menos nesse nível. Será que isso é viável? Foi viável naquele momento, na primeira década do século, como eu falei, por causa do impulso que a China deu ao crescimento mundial. Agora não tem mais esse impulso. Não tem impulso nenhum vindo de parte alguma. Então, neste momento, de onde vai sair isso aí? Como é que vai ser dada uma alternativa ao neoliberalismo? Só que também o neoliberalismo não funciona. Ele levou o mundo a essa crise econômica, que está aí. Portanto, estamos em um belíssimo impasse. E aí, de uma certa maneira, para a esquerda, se coloca essa questão. A esquerda vai ser obrigada a dar uma solução, de esquerda. Não o PT.

 
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