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São Paulo
Tarcísio de Freitas nomeia bolsonaristas e evangélicos para pasta de direitos das mulheres
Fernanda Peluci
Diretora do Sindicato dos Metroviários de SP e militante do Mov. Nossa Classe
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Com o apoio do atual presidente Jair Bolsonaro, Tarcísio, do partido Republicanos, foi eleito governador de SP, mostrando que o processo eleitoral não foi capaz de derrotar o bolsonarismo, que se fortaleceu em vários estados e no parlamento, elegendo bancadas expressivas pelo país e no legislativo, e frente à isso está colocado um enorme desafio para a luta das mulheres estadual e nacionalmente contra essa extrema-direita machista e misógina.

Para "início de conversa", dos 105 indicados para a equipe de transição de Tarcísio de Freitas, apenas 21 são mulheres, sendo 1/5 do total. Nenhuma novidade vinda do bolsonarismo machista, inclusive porque Tarcísio de Freitas, que é filiado ao partido Republicanos ligado à Igreja Universal, se declara contrário a educação sexual nas escolas, com o discurso de ser contra a "ideologia de gênero", num país onde dezenas de milhares de mulheres são estupradas todos os anos, e em que grande parte dos abusos ocorrem contra meninas de até 14 anos e mulheres negras, segundo o Fórum Nacional de Segurança Pública. Não somente por isso, Tarcísio de Freitas se orgulha muito de ter tido sua origem no exército que massacrou o povo haitiano com a Operação Minustah, que rendeu inumeráveis denúncias contra os direitos humanos, o qual se destaca principalmente os estupros contra mulheres haitianas, além de já ter se demonstrado bastante alinhado às pautas conservadoras no geral.

A equipe de transição de Tarcísio para a pasta intitulada "Desenvolvimento social, mulheres e direitos PDC" mostra de antemão que as demandas das mulheres servirão para tentar devolvê-las ao lugar de "recatadas e do lar", acolhendo muitos bolsonaristas e até pastor de igreja evangélica na pasta. Chama atenção a nomeação de políticos conservadores evangélicos justamente para esta pasta, já indicando a necessidade de fortalecer a luta das mulheres e setores oprimidos de SP.

Dos membros desta pasta, podemos ver a nomeação de Ana Maria Velloso, que chegou a chamar a pandemia de "fraudemia" e esteve na linha de frente do movimento Escolas Abertas para pressionar pela reabertura das salas de aula quando a Covid-19 estava em fase crítica, incentivando as escolas a abrirem as portas sem qualquer segurança sanitária e comissões de higiene e segurança das comunidades escolares, mostrando seu descaso àqueles que mais sofreram na pandemia, a classe trabalhadora. Também de Cesinha da Madureira, que é pastor evangélico da Assembleia de Deus que já compôs a bancada evangélica, já andou na garupa de Bolsonaro na motociata "Acelera para Cristo". De Cristiane Freitas, futura primeira-dama, esposa de Tarcísio, que foi assessora da reacionária ministra Damares Alves, inimiga número um das mulheres e que organizou uma verdadeira perseguição às crianças violentadas, que foi linha de frente da defesa do fundamentalismo religioso para jorrar ódio contra os oprimidos e "tentar" justificar seus ataques, sendo assídua na luta contra o direito das mulheres ao aborto e ao próprio corpo.

Leia mais: É preciso enfrentar o bolsonarismo e as privatizações de Tarcísio de Freitas em São Paulo

Além dessas figuras asquerosas, constam também Filipe Sabará, empresário, também está na pasta, e é ex-secretário de João Doria na Prefeitura de SP, foi candidato a Prefeito pelo Partido NOVO em 2020, e foi expulso deste partido quando era candidato à prefeitura de São Paulo, por mentir em seu currículo. Já Gilberto Nascimento Júnior, outro nomeado, é vereador e membro da Assembleia de Deus, e passou os 4 anos de seu primeiro mandato sempre vigilante para evitar a criação de leis que favoreçam a liberdade das mulheres, como por exemplo leis que autorizem de qualquer forma o aborto, a ideologia de gênero nas escolas, entre outras. Assim como Sonaira Fernandes, a vereadora da família Bolsonaro em São Paulo, que defende a pauta da liberdade econômica, dos pequenos empreendedores e trabalhadores, das famílias, da liberdade individual, da fé e dos princípios cristãos. É evangélica e também usa as redes sociais para criticar a chamada "ideologia de gênero"; será uma pasta recheada de reacionários e destiladores de ódio contra os oprimidos.

Ainda que a vitória de Lula abale os planos mais diretos de Bolsonaro, a vitória de Tarcísio de Freitas no estado de São Paulo mostra que o bolsonarismo segue vivo e precisa ser combatido e não será por meio das eleições, como ficou claro. A equipe de transição de Tarcísio de Freitas é, de conjunto, composta por nomes do projeto privatista, direita conservadora e nomes do bolsonarismo, e são muitos os exemplos de como o governador do Republicamos está confirmando a partir do governo de transição que quer abrir ainda mais espaço para estas figuras das pautas ideológicas e conservadora em áreas como mulheres, educação, junto ao forte privatismo, nomeando os setores ligados às igrejas, que se dizem contra ideologia de gênero e o direito ao aborto e a favor do Escola sem Partido.

Frente à tudo isso, está colocada a possibilidade das mulheres de SP serem a ponta de lança contra Tarcísio de Freitas e de todo o bolsonarismo, e também uma grande tarefa para a esquerda em todo o estado de São Paulo diante desse novo governo de extrema direita, se inspirar na luta das mulheres iranianas que combatem por sua liberdade. O próximo 8 de março está logo aí e desde já podemos começar a organizar grandes atos pelo estado, e país, de forma independente do governo eleito, com seus patrões, golpistas e conservadores, para lutar contra Tarcísio de Freitas, o bolsonarismo e as reformas que atingem principalmente as mulheres.

 
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