www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
Debates
PSOL vota apoiar e compor base de Lula-Alckmin no Congresso e membros podem ocupar ministérios e cargo
MRT - Movimento Revolucionário de Trabalhadores

Esta foi na prática a resolução do Diretório Nacional do PSOL reunido no dia 17 de dezembro, apesar da tentativa de uma ala do partido de fazer parecer que o PSOL será independente.

Ver online

Nós do MRT recentemente fizemos um chamado aos militantes do PSOL onde apontamos que para combater a extrema direita e as reformas é necessária a independência de classe, e a independência política do governo. Afinal, nos governos do PT anteriores as alianças com o centrão, o agronegócio, a bancada evangélica, só fortaleceram esses setores que depois bancaram Bolsonaro. A conciliação de classes só fortaleceu a extrema direita. E o único caminho para derrotá-la é a mobilização independente da classe trabalhadora e de todos os oprimidos pelas suas necessidades urgentes, e a frente ampla vai na contramão desse caminho, com alianças com a direita condicionadas a conter a mobilização e manter as reformas e ataques. “Por isso, fazemos aqui um chamado aos militantes e eleitores do PSOL: precisamos de uma esquerda independente do governo de frente ampla e de suas alianças com a direita, para combater o bolsonarismo e as reformas.”

Neste marco, a última reunião do Diretório Nacional (DN) do PSOL foi antecedida e sucedida por uma “disputa de narrativas”, onde uma ala referenciada em Boulos (ligado a Juliano Medeiros) e outra em Sâmia Bomfim (MES) pareciam divididas. Antes do DN, ambas diziam ter maioria no partido para votar sua política, que supostamente seria um debate sobre se o PSOL teria ou não independência em relação ao governo Lula-Alckmin. Mas não foi o que se deu. Ambos setores acordaram uma resolução em comum que permite os membros do PSOL assumirem cargos, e inclusive ministérios, citando a perspectiva de que Sônia Guajajara ocupe um ministério.

Neste ponto, a resolução votada diz que: “os filiados que, no caso de convidados, optem por ocupar funções no governo federal, devem se licenciar dos espaços de direção partidária. A eventual presença nesses espaços não representa participação do PSOL.” Ou seja, a resolução faz uma declaração de que não é o PSOL que estará assumindo cargos no governo, mas a mesma resolução define que os membros do PSOL assumirão cargos sim no governo, inclusive no ministério, tornando aquela definição vazia e inócua. A questão que importa é que membros importantes do PSOL assumirão cargos no governo. Não muda nada afirmar que uma coisa não é o que ela é. Também não muda nada a definição de que, caso ocupem espaços de direção partidária, os membros do PSOL devem se licenciar deles enquanto ocupem cargos no governo: até mesmo o PT fará o mesmo (e ninguém vai dizer que por isso o PT não ocupa cargos no governo).

Como o que importa para a ala de Guilherme Boulos e Juliano Medeiros é o PSOL ser base do governo e estar liberado para assumir cargos, sejam eles quais forem, saíram dizendo que venceram, e de fato foi assim, ainda que concedendo uma formulação para a outra ala dizer que “não em nome do PSOL”. Ou seja, o PSOL avança a passos largos para ser parte da administração do Estado, também composto por setores neoliberais e que atacam os trabalhadores, como se expressa agora na privatização do metrô de Belo Horizonte autorizada pelo governo de transição junto à Zema, ou no apoio de Lula ao governo golpista de Dina Boluarte no Peru, sob mando de Joe Biden.

A ala do MES se diz vitoriosa, mas chega a reconhecer até mesmo que “a resolução tenha um limite de não declarar que o PSOL é independente”, como comentou o presidente do PSOL em Porto Alegre e liderança do Movimento Esquerda Socialista (MES), vereador Roberto Robaina. Ao votar a favor dessa resolução e dizer que com ela o PSOL seria independente, o que fazem na prática é apoiar a decisão de que o PSOL apoiará o governo, estará em sua base parlamentar, e terá importantes figuras com cargos no governo, inclusive no ministério.

A Resistência faz o mesmo, também votando a favor dessa mesma resolução, e comemorou também a “unidade do partido”, com as diferentes alas votando juntas, não importando que aquilo em que votaram é que o PSOL dá mais um passo em sua integração ao governo e ao regime, sem que nenhuma dessas alas apresente uma política de independência do governo.Os únicos contrários à resolução entre as correntes que compõem Diretório Nacional foram as correntes APS, LS e Comuna.

A todos os setores do PSOL que não concordam com essa orientação votada, reafirmamos nosso chamado. “a essa discussão e ao momento em que o PSOL se prepara para dar mais um passo em sua integração ao regime e ao governo de conciliação de classe, retomamos essas discussões e reforçamos esse chamado a todas e todos militantes e votantes do PSOL, a não seguir o partido neste caminho. A fortalecermos uma posição de independência política frente ao governo de frente ampla e de independência de classe e enfrentamento aos capitalistas, em todas as suas alas, como única maneira de enfrentar seriamente o bolsonarismo. A construir a mobilização independente, da nossa classe e de todos os oprimidos, pois esse é o único caminho para não somente derrotar a extrema direita, como revogar as reformas, barrar novos ataques, e defender contra todos os setores da direita um programa que responda à crise atual e atenda as necessidades mais sentidas dos trabalhadores, das mulheres, negres, da juventude e do povo pobre. E como é nesse caminho que podemos fortalecer a luta contra toda a exploração e opressão, chamamos todos que aspiram por verdadeiramente lutar pelo socialismo a seguir batalhando por esse objetivo, do qual o PSOL não só se afasta, mas adota uma política em sentido oposto, de apoio à preservação do regime atual. Não é possível construir uma posição de independência de classe dentro do PSOL e dentro do governo de frente ampla, assim chamamos a romper e buscarmos construir na experiência comum na luta de classes um polo de independência de classe.

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui