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Demagogia ambiental
Lula irá financiar com o BNDES obras de gasoduto ecocida à base de fracking na Argentina
Rosa Linh
Estudante de Relações Internacionais na UnB

Lula anunciou que o BNDES financiará obras do gasoduto de Vaca Muerta na Argentina, conhecido pela extração de fracking, técnica predatória e extremamente danosa ao meio-ambiente.

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Segundo matéria do Poder 360, a secretária de Energia da Argentina, Flavia Royón, anunciou em 12 de dezembro de 2022 que seu país já contava com US$ 689 milhões em financiamento do BNDES para o financiamento de obras do gasoduto Nestor Kirchner. A 1ª fase do gasoduto foi concluída e, agora, o governo argentino busca ajuda financeira para continuar a obra. O 2º trecho terá cerca de 500 km e ligará os campos de óleo e gás da região de Vaca Muerta até San Jerónimo, na província de Santa Fé. Em uma fase futura, o gasoduto poderá chegar ao Brasil (ver imagem abaixo).

A reserva de Vaca Muerta é uma formação geológica rica em gás e óleo de xisto, que requer para sua extração um processo considerado muito danoso ao meio ambiente, o “fracking”. De acordo com relatório da Yale University, o uso extensivo do fracking “aumentou as preocupações sobre o impacto no meio ambiente e na saúde das pessoas”. Além disso, “o processo requer grande volume de água, emitem gases que provocam o efeito estufa, como o metano, libera ar tóxico na atmosfera e produz barulho. Estudos indicam que esse tipo de operação para extrair óleo e gás podem levar a perda dos habitats de plantas e animais, declínio das espécies, disrupções migratórias e degradação da terra. Estudos também demonstraram haver uma associação entre os locais de extração de óleo e gás de xisto com gravidezes malsucedidas, incidência de câncer, hospitalizações e episódios de asma”.

Como afirma o La Izquierda Diario argentino, jornal irmão do Esquerda Diário, a indústria de hidrocarbonetos de Neuquén registrou cerca de 9242 acidentes ambientais desde 2015 - uma herança de Macri continuada por Alberto Fernandes. Ou seja, 5,6 acidentes por dia. Além disso, a pobreza aumentou significativamente na região nos últimos tempos; em setembro do ano passado, uma refinaria explodiu, deixando 3 trabalhadores mortos. E se não bastasse, para a realização desse empreendimento, foi necessário expulsar as comunidades originárias mapuche para construir as refinarias, como foi o caso emblemático de Lof Campo Maripe. A ministra Sônia Guajajara do PSOL se mantém em silêncio sobre essa decisão, assim como Marina Silva.

Apesar de toda a demagogia do governo Lula sobre a questão ambiental, o projeto de país petista e seus reflexos na política externa não são alternativa para todo negacionismo e devastação bolsonarista. Não à toa, no Fórum Econômico de Davos, a ecocapitalista Marina Silva, financiada pelo Itaú e a extrativista Natura, falou de sustentabilidade junto da criminosa Vale, responsável por Brumadinho e Mariana. O mesmo pode ser dito com a presença de Simone Tebet no governo, ruralista de primeiro linha e grande inimiga dos povos indígenas e do MST no Mato Grosso do Sul. A frase entoada na campanha eleitoral de que “existe agronegócio que não é fascista” se materializa na conciliação com o centrão e inúmeros governadores ruralistas reacionários. O projeto de país de Lula, junto de Alckmin, Marina Silva e lamentavelmente também do PSOL com Sônia Guajajara, é apertar as mãos com aqueles que sistematicamente financiam e promovem, direta ou indiretamente, casos como o massacre ao povo Yanomami em nome da governabilidade capitalista, de conter a luta de classes desviando o descontentamento com a extrema-direita bolsonarista, mantendo as bases de um modelo agroexportador e semi-colonial.

Ao manter toda a estrutura do latifúndio intacta e administrando seus negócios, abre-se o caminho para o fortalecimento do agronegócio, base social importante do bolsonarismo. A sustentabilidade capitalista de Lula e Fernandes acaba quando apertam as mãos do agronegócio e as grandes corporações petrolíferas a mando do imperialismo.

Como um verdadeiro bombeiro da luta de classes, enquanto senta com os governantes “progressistas” na cúpula da CELAC para apoiar o governo golpista e assassino de Dina Boluarte no Peru, dando as mãos ao imperialismo e a extrema-direita que estão contra os massivos protestos do povo peruano, Lula vai a Argentina em ano eleitoral tentar dar mais legitimidade a um aliado desgastado. Como Lula, Alberto Fernandes prometeu que faria voltar o churrasco, mas o que entregou foi desemprego, inflação, acordos anti-operários com o FMI, tudo de mãos dadas com a direita.

Leia mais: Na Argentina, chanceler de Lula aprova e estreita relações com governo golpista do Peru

Pelo contrário, a unidade que precisamos deve ser anti-imperialista e operária. Esse é o exemplo que deram os camaradas do PTS na Argentina, partido irmão do MRT, junto da Frente de Izquierda em um ato apoiando a luta do povo peruano.

Sigamos o exemplo da luta das enfermeiras de Neuquen, que conquistaram suas reivindicações diante da brutal precarização do trabalho durante a pandemia bloqueando as rotas de Vaca Muerta, se aliando com os povos mapuche e a população e apontando uma perspectiva de unidade da classe trabalhadora para enfrentar a crise e fazer com que sejam os capitalistas quem paguem por ela. Esse é o exemplo que precisamos para enfrentar a extrema-direita e as reformas na lua de classes, sem confiança no governo. Nesse sentido, desde o Brasil ecoamos o que a vanguarda dos trabalhadores, estudantes e do povo pobre reivindicam em Neuquen: pela abolição do fracking; estatização das grandes indústrias do petróleo sob gestão dos trabalhadores e controle da população, de forma que a avançar e uma verdadeira transição energética ecológica. Todo repúdio a esse acordo ecocida de Lula e Fernandes!

Manifesto das juventudes da Fração Trotskista - Quarta Internacional: O capitalismo e seus governos destroem o planeta: destruamos o capitalismo!

 
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