www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
Rio Grande do Norte
"Nos obrigam a trabalhar mesmo sem ônibus", diz operador da Teleperformance diante de ataques no RN
Redação

Confira depoimento anônimo de um trabalhador da Teleperformance de Parnamirim, no Rio Grande do Norte

Ver online

"Assim, lá a gente tá tendo que ir trabalhar, não estamos tendo ajuda com nada! Mas eles não estão nem aí, quem não for trabalhar, o salário vai ser descontado. Não tem abono do banco de horas. Também não se posicionaram sobre o ônibus. Tem um, só que a rota que ele faz é do Via Direta pra Teleperformance. Nem todo mundo mora perto do Via Direta, a maioria mora na Zona Norte. O pessoal de Parnamirim, Zona Norte e Macaíba não tem como pegar esse ônibus. Em outras operações, tem gestão tá disponibilizando Uber, mas tem outras que até hora-extr estão pedindo pra fazer. Como que a gente vai trabalhar sem ônibus? E ainda fazer hora-extra com toda essa situação?! Na volta pra casa eles orientam arrumar uma carona ou rachar Uber. Tá bem complicado. E sobre o ônibus, nem letreiro tem. Colocaram um papel na frente escrito "Teleperformance" que não dá pra ver. E ninguém fala nada. Só querem que a gente vá trabalhar de qualquer jeito".

Esse é o depoimento de um trabalhador da Teleperformance de Parnamirim, cidade da região metropolitana da capital do Rio Grande do Norte. Aqui no Esquerda Diário já recebemos dezenas de denúncias de como a empresa de telemarketing multinacional trata seus trabalhadores, escancarando como os obrigaram a trabalhar se fornecer EPI na pandemia, assim como sobre demissões em massa e péssimas condições de trabalho que acarretam lesões físicas e psicológicas. A Teleperformance, no Brasil, na Argentina e em todos os lugares que está no mundo é marcada profundamente por descarregar a crise nas costas dos trabalhadores. Agora, diante dos ataques no RN, que escancaram a relação entre o tráfico, o Estado brasileiro, os empresários, as polícias e os governos, em que a população é colocada contra a parede, a Teleperformance obriga seus funcionários a irem trabalhar mesmo se transporte, visto que as linhas de ônibus estão paradas.

Nesse cenário das ações reacionárias que ocorrem, é preciso entender que quem promove essa situação são as instituições do Estado, avalizando e sendo diretamente parte de todo processo de tráfico de drogas, como já foi escandalizada a participação do Exército brasileiro nas fronteiras dos países da América do Sul, usurpando e ocupando terras indígenas na Amazônia e no centro-oeste, como dos Guarani Kaiowá e dos Yanomami, além de fomentar a atuação do garimpo. Respostas que alavancam essas instituições, como uma reforma superficial do sistema prisional, não irão conseguir acabar com essa situação pela raiz. É concreto a emergência de que a situação nos presídios é absurda, mas é justamente o sistema capitalista, de forma estrutural do desenvolvimento econômico e social do Brasil desde a escravidão, que a impõe.

Os diversos níveis de cumplicidade entre o governo, a polícia, as empresas e as facções criminosas torna inevitável que o sistema prisional capitalista seja um organizador de massacres. O Judiciário facilita esta situação, criando uma população carcerária imensa de negros e pobres que sequer foram julgados, deixando-os à mercê das facções do tráfico organizado.

São essas instituições capitalistas que aprofundam o racismo estrutural do Estado penal brasileiro. Contra essa crescente deterioração, necessitamos lutar para impor justiça, pela revogação das reformas, e avançar para enfrentar questões estruturais do país, como a questão carcerária e a indignante situação dos mais de 200 mil presos provisórios sem nenhum julgamento pelo Judiciário. O capitalismo brasileiro relega a massa da juventude negra de todo o país e do RN ou ao trabalho precário, ou ao encarceramento em massa.

Por isso, apontamos a necessidade de defender urgentemente, contra a suposta "guerra às drogas", o fim dos tribunais militares que garantem impunidade aos policiais assassinos, dos autos de resistência e das operações policiais nas periferias e favelas. Além do fim das policiais especiais com a perspectiva de abolir por completo essa instituição racista e reacionária que é a polícia. Defendemos também a legalização de todas as drogas, como parte de impulsionar o combate à degradação da vida que o Estado impõe, lutando contra a repressão e a necessidade do controle da classe trabalhadora e com a produção, fiscalização, controle de qualidade e distribuição estatizadas sob gestão operária e controle popular. Para qualquer trabalhador corretamente preocupado, qualquer organização política que se reivindique de esquerda deveria dizer que defender esse programa é o que combate de fato nossos inimigos, com o Estado, o Judiciário e a polícia, que assassinam e prendem a juventude todos os dias. Diferente do que faz os governos federal e estadual e o que alentam parlamentares como Brisa Bracchi, vereadora do PT, que está lado a lado de Fátima Bezerra para defender a Força Nacional no RN e o alto policiamento dos espaços de cultura no RN, como o caso do Beco da Lama, que impede o direito ao lazer da juventude negra e pobre.

Se você foi demitido, sofre com as metas e condições de trabalho, envie sua denúncia e seu depoimento. Garantimos anonimato.

Confira também: Ataques no RN e a urgência de uma saída dos trabalhadores contra a hipócrita "guerra às drogas"

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui