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Justiça por Thiago
Todo negro tem um sonho
Renato Shakur
Estudante de ciências sociais da UFPE e doutorando em história da UFF

[Texto originalmente publicado em 8 de Agosto de 2023, republicado agora no suplemento Carcará]

Toda minha solidariedade à família e aos amigos de Thiago Flausino, menino de 13 anos assassinado covardemente pela polícia de Cláudio Castro no Rio de Janeiro.

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Todo negro tem algum sonho. O de Thiago era ser jogador de futebol. Um jogo que os negros rapidamente se apropriaram nos subúrbios e bairros cariocas, bastava a bola sair do campo e atravessar os muros dos estádios, pra população tomar pra si o jogo.

Temos Domingos da Guia, os Camisas Negras, Vinícius Jr e tantos outros jogadores negros que por sorte do destino puderam realizar esse sonho. Mas com Thiago foi diferente. Sua vida foi atravessada pela irracionalidade de um sistema econômico que dilacerou uma família trabalhadora e com ela o sonho de um menino que só queria ser jogador de futebol.

E caso nada disso tivesse acontecido e ainda pudesse encontrá-lo, eu diria, eu também tenho um sonho, Thiago.

No meu sonho seríamos livres de corpo e de alma, as amarras do capitalismo e todas suas barbaridades e histórias de opressão seriam contadas desde a perspectiva operária, de uma classe que lutou e massacrou a classe que o explorava. Seriam histórias passadas, de um passado distante.

Nesse lugar, Thiago, as crianças jogariam bola. Não teria diferença de raças, as contradições econômicas seriam suprimidas, e estariam num sistema tão harmônico quanto qualquer outra dimensão da vida. E é claro, não existiria a polícia, essa instituição reacionária e racista que nunca parou de oprimir nosso povo.

Trabalharíamos conforme o que cada um sabe e pode contribuir e receberíamos de acordo com nossas necessidades. Isso porque formaríamos um corpo único de trabalhadores livres e associados, onde nossa produção satisfaria nossas necessidades materias e subjetivas. Tudo o que somos estaria em cada coisa que faríamos. Algo tão sublime que talvez os negros tenham experimentado apenas nos momentos da revolução.

Todo negro tem um sonho, o capitalismo o arranca para garantir que a burguesia siga lucrando.

No meu sonho as crianças param de morrer nas mãos da polícia. E vamos lutar até o final por isso, Thiago.

 
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