O sucateamento que a Carris vem sofrendo por parte das últimas gestões municipais não é nenhuma novidade para o porto-alegrense. Viemos publicando aqui no Esquerda Diário uma série de denúncias por parte dos trabalhadores da companhia sobre as péssimas condições de trabalho: ônibus quebrando a todo momento, falta de peças para a equipe de manutenção fazer os devidos reparos, ônibus circulando sem freio motor, banco do motorista quebrado, parafusos da roda faltando. São vastos os exemplos da precarização que a Carris tem passado.

Contudo, após um leilão de cartas marcadas que Melo promoveu para vender a Carris por míseros 109 milhões de reais, a situação da empresa pública se torna ainda mais dramática. Recebemos denúncia de rodoviário que informa que não estão vindo mais peças para a oficina poder fazer a manutenção necessária nos ônibus. O trabalhador relata que eles mesmos precisam tentar montar as peças, porque se depender da direção da Carris e da prefeitura, os veículos não terão reparos. Se estragou, vão ficar estragados. Somente na linha T12 faltaram 4 ônibus articulados em um dia. Os poucos ônibus da Carris circulando se dão graças ao esforço dos rodoviários.

Já a empresa que arrematou a Carris no leilão de fachada do Melo, a empresa Viamão, não aponta para um futuro diferente. A Viamão já é conhecida pelos moradores da cidade vizinha enquanto uma empresa com passagens caras e que também tem problemas na manutenção dos veículos. Como se não bastasse, o dono da Viamão deixa claro que quer demissão em massa na Carris, botando para a rua justamente quem tanto batalha para manter os ônibus em circulação e atendendo a população de Porto Alegre.

Essas denúncias sobre a situação da empresa apenas reforçam que são os trabalhadores e usuários que conhecem as necessidades do transporte público. São os rodoviários que batalham todos os dias para garantir um transporte público de qualidade para a população, indo na contramão da direção da empresa e da prefeitura que apenas quer encher o bolso dos empresários do transporte privado. Somente uma Carris pública e sob controle dos rodoviários, aliados à população de Porto Alegre, é que pode dar um basta nessa lógica perversa que coloca o lucro acima do emprego, das condições de trabalho e da qualidade do serviço prestado à população.