Desde o dia 14, estudantes, funcionários e professores da UNILA, Universidade Federal da Integração Latino-americana, que recebe estudantes de mais de 16 países da América Latina, foram surpreendidos por uma notícia que coloca em risco a própria existência da universidade.
sexta-feira 21 de julho de 2017 | Edição do dia
O deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR) apresentou uma emenda aditiva à medida provisória nº785/2017, que propõe que a UNILA deixe de existir, se transformando em UFOPR (Universidade Federal do Oeste do Paraná), e incorporando também dois campis da UFPR, de Toledo e Palotina.
O deputado sequer consultou a comunidade acadêmica da UNILA ou da UFPR para propor sua emenda, interferindo na autonomia das universidades e sozinho chegou a conclusão de que a Unila “neste momento funciona aquém do potencial para o qual foi concebida”.
Na justificativa para a emenda aditiva está claro que seu objetivo é que a nova universidade que propõe, a UFOPR, produza conhecimento que sirva para atender aos interesses das empresas e do agronegócio da região do oeste do Paraná. O deputado é um dos representantes da bancada ruralista e presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, é também um dos acusados pela Operação Carne Fraca.
Desde sua criação, em 2010, a Unila vem sofrendo ataques da direita conservadora e xenófoba, pelo fato de receber estudantes estrangeiros e por ter em seu conteúdo a ideia de uma “integração da América Latina”, mas com o golpe institucional no ano passado, ideias como essa do deputado ganham ainda mais força e passam a representar uma ameaça real à existência da UNILA.
Os ataques à educação de Temer se intensificaram ainda mais do que os que já vinham ocorrendo no governo do PT, e hoje várias universidades estão correndo o risco de fechar suas portas, como é o caso mais agudo da UERJ, mas que também alcança as estaduais do Paraná, como UEL e UEM, para que estas também sejam entregues de bandeja à iniciativa privada, fazendo os tubarões do ensino lucrarem ainda mais com a nossa educação.
Com espaços de discussão e mobilização na universidade, nas redes sociais com a hashtag #UNILAFICA e com uma petição online, que já conta com mais de 14 mil assinaturas pela supressão da emenda aditiva, estudantes, funcionários e professores da Unila, junto a estudantes egressos e ex-professores, desde que tomaram ciência da emenda estão se mobilizando para que esse projeto de acabar com a universidade não vá adiante.
Nós, do esquerda diário, também nos somamos a essa mobilização em defesa da manutenção da UNILA e de todas as universidade que estão sendo atacadas pelos projetos de precarização e privatização dos golpistas. Nossas vidas e nossa educação valem mais que os lucros deles!