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USP | Eleições DCE-USP: Por uma chapa de oposição unificada dos setores independentes do governo

As eleições para o DCE da USP irão acontecer nos dias 27, 28 e 29 de maio com inscrições de chapa até o próximo dia 10. Frente aos ataques do governo do Tarcísio, é necessário uma chapa que combata a extrema-direita de forma independente do governo Lula-Alckmin, se aliando aos trabalhadores e retomando o legado histórico do movimento estudantil internacional.

segunda-feira 29 de abril | Edição do dia

As eleições para o DCE da USP irão acontecer nos dias 27, 28 e 29 de maio com inscrições de chapa até o próximo dia 10. Em meio à forte repercurssão internacional que vem ganhando o movimento estudantil nos Estados Unidos, que hoje se enfrenta com uma forte repressão imperialista contra as ocupações em dezenas de universidades em defesa do povo palestino, queremos aqui abrir um debate com o conjunto dos setores, organizações e estudantes independentes, que defendem a importância de um movimento estudantil que possa fazer a diferença e cumprir seu papel histórico, que combata o governo Tarcísio e que seja independente do governo Lula-Alckmin e das reitorias, sobre a necessidade de conformar uma chapa unificada para as eleições do DCE da USP, que passe por um espaço público de debate programático, visando um programa comum frente à atual gestão do DCE.

O DCE da USP é a entidade estudantil responsável por organizar o conjunto dos estudantes da universidade. Em meio a um cenário internacional convulsivo, em que estamos vendo um possível ressurgimento do movimento estudantil a nível internacional, com as impressionantes ocupações das universidades nos EUA, mas também a massiva mobilização que ocorreu na Argentina contra os cortes na educação, e aqui no Brasil com o início de processos de luta nas universidades federais, é necessário retomarmos na Universidade de São Paulo o papel histórico que o movimento estudantil pode cumprir.

O que temos visto no último período no estado de São Paulo tem sido um verdadeiro show de horrores do governo de extrema direita de Tarcísio de Freitas, que deixou bem claro que não apenas quer privatizar todos os serviços públicos, precarizando ainda mais a vida da população do estado, como quer implementar seu projeto mais reacionário para a juventude, por um lado com a farsa do empreendedorismo do Novo Ensino Médio e de todos seus projetos de maior precarização da educação, e por outro com o assassinato da juventude negra nas favelas e periferias, com uma das polícias mais letais do país, tendo feito uma das maiores chacinas da história de SP na Baixada Santista.

Ao mesmo tempo, a realidade é que este projeto de Tarcísio tem sido cada vez mais fortalecido pela política do governo Lula-Alckmin, que pactua e oferece verbas para o governo de São Paulo, que estão sendo diretamente utilizadas para as privatizações, a exemplo do novo PAC que investe R$10 bilhões (⅓ do orçamento geral para os estados) nos projetos de privatização de Tarcísio, sem falar no Arcabouço Fiscal, que hoje impõe o reajuste 0 aos servidores dos IFs e UFs e ajuda os governos estaduais e municipais de extrema direita a também não reajustarem o salários dos trabalhadores estatais. Não há outra alternativa a não ser construir um movimento estudantil independente deste governo de frente ampla que auxilia Tarcísio contra a educação e os serviços públicos.

A situação na USP, conforme bravamente es estudantes demonstramos na forte greve que fizemos ano passado, segue sendo desesperadora. Se ano passado dezenas de cursos retomaram os métodos históricos de luta do movimento estudantil para denunciar que na universidade dos rankings internacionais não tem professor para dar aula, hoje o que vemos é que a reitoria Carlotti contratou apenas 8% dos já totalmente insuficientes 148 professores conquistados (e com a contradição de serem sob regime temporário), enquanto seguem problemas estruturais da falta de permanência estudantil na universidade, tendo o ano se iniciado com estudantes que passaram no filtro social e racial do vestibular tendo que viver em condições extremamente precárias para poder permanecer na universidade, como nos alojamentos do CEPE-USP. Ao mesmo tempo, a situação des trabalhadores segue sendo de maior precarização, com falta de funcionários nas unidades de ensino e aumento dos postos de trabalho terceirizados - como nos bandejões terceirizados, onde a reitoria descarregou a ampliação do atendimento nas costas das trabalhadoras com sobrecarga, o que não podemos aceitar - postos ocupados por uma maioria de mulheres negras que recebem menores salários e direitos, sem poder usar sequer o mesmo ônibus circular que nós, o que, como sabemos, expressa o enorme racismo dessa universidade, marca de sua história que este ano completa 90 anos.

Nossa greve do ano passado deixou duas importantes lições: a primeira é que a única língua que os governos e reitorias entendem é a da luta, e a segunda é de que é preciso entidades estudantis que confiem na força des estudantes. Não foi o que vimos por parte da atual gestão do DCE da USP composta por Juntos! (PSOL), Correnteza e UJC, que como deixamos claro neste balanço, não organizaram a greve em vários cursos, não buscaram fomentar iniciativas para que es estudantes tomassem a greve em suas mãos e buscassem massificar a greve, e optaram por dirigir a greve para se encerrar aceitando as manobras da reitoria com o argumento de “seguir a mobilização de outras formas”, o que se comprovou ser uma falácia, já que mesmo frente ao fato de que estudantes estão sem moradia, e a reitoria está descumprindo até seus compromissos totalmente insuficientes decontratação de professores, o DCE não chamou sequer uma única assembleia geral desde o fim da greve.

A nível nacional é o mesmo papel que vemos estas mesmas correntes cumprirem nos processos de luta que estão se desenvolvendo nas universidades federais, o que não poderia ser diferente, já que sua postura frente ao governo Lula não é de oposição. O PSOL é diretamente parte do governo enquanto a UP e mesmo o PCB estão junto com as burocracias petistas em diversos sindicatos.

É preciso construir uma alternativa à atual direção do DCE, que possa organizar os estudantes pela base e fortalecer uma perspectiva verdadeiramente independente do governo Lula-Alckmin, como necessidade para se enfrentar com a extrema direita de Tarcísio e Nunes, se aliando aos trabalhadores que lutam contra os ataques, desde os metroviários, até os professores municipais, estaduais e das universidades federais. É preciso retomar o sentido histórico de luta e organização do movimento estudantil a nível internacional. É neste sentido que fazemos um chamado aos estudantes que acreditam nesta perspectiva, e também diretamente às organizações que a nível nacional se colocam neste campo da independência política e de classe, como o Rebeldia - PSTU e o Já Basta! - SoB, para que, em que pese nossas divergências políticas e programáticas,possamos conformar um espaço público de debate programático que tenha como objetivo conformar uma chapa unificada para as próximas eleições do DCE da USP para que essa entidade saia do imobilismo que a atual gestão mantém e possa voltar a fazer o movimento estudantil ter um papel histórico.




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