Vice-presidente contraria Bolsonaro e diz que comprará sim vacina da Sinovac, empresa chinesa que faz parceria com o Instituto Butantã, de São Paulo. Fala de vice reforça o que é claro, que Bolsonaro faz jogo para acenar a sua base de extrema-direita e ser contrariado por seus ministros é parte da rotina.
Samyr RangelProfessor de Geografia no Rio de Janeiro
sexta-feira 30 de outubro de 2020 | Edição do dia
Imagem: Agência Estado.
O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou, em entrevista à revista Veja publicada nesta sexta-feira, 30, que a polêmica em torno da vacina contra covid-19 desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã é "briga política" com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Segundo Mourão, "é lógico que o governo federal vai comprar doses do imunizante". "Já colocamos os recursos no Butantã para produzir essa vacina. O governo não vai fugir disso aí."
A fala de Mourão difere do posicionamento de Jair Bolsonaro sobre o assunto. Em diversas ocasiões, o presidente já disse que não irá comprar a vacina. Ele chegou a desautorizar um acordo feito pelo Ministério da Saúde de intenção de compra de 46 milhões de doses da Coronavac.
Nota-se as recorrentes invertidas de ministros ou pessoas de outros cargos do Governo a contrariar Bolsonaro.
Toda esta constrangedora situação mostra que o Governo Federal está mais preocupado com a briga política, neste caso com um ex-aliado Dória, do que com a saúde das pessoas. Isso é muito claro se vermos que enquanto Bolsonaro faz alarde para falsear informações de “vacinas chinesas” milhares de pessoas no Brasil morrem pelo Coronavírus.
Durante a pandemia outras milhares de mortes poderiam ter sido evitadas ,com uma política efetiva de controle da pandemia, com testagem massiva da população, com reconversão de leitos privados em públicos e controle direto dos trabalhadores, coisa que nem Bolsonaro nem Mourão agiram para garantir.
Mas o que vimos era Bolsonaro aumentando sua rede de fake news e subestimando a doença, mesmo alcançando mais de 150 mil brasileiros mortos durante a pandemia.
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Com informações da Agência Estado.