A co-fundadora da Nubank, Cristina Junqueira, diz na TV que é “difícil” contratar negros e negras para altos cargos da empresa, sugerindo falta de capacidade das pessoas pela cor da pele
quarta-feira 21 de outubro de 2020 | Edição do dia
Foto: Cristina Junqueira, InfoMoney
Na última segunda, 19, uma executiva da empresa de pagamentos Nubank afirmou, no Programa Roda Viva, que é “difícil” encontrar pessoas negras que atendam aos requisitos da empresa para os altos cargos.
“Não dá pra nivelar por baixo. Por isso a gente quer investir em formação. Não adianta colocar alguém pra dentro que depois não vai ter condições de trabalhar com as equipes que a gente tem. Depois não vai ser bem avaliado. A gente não está resolvendo um problema, está criando outro, né?”
Ela assume que existem poucas pessoas negras na empresa, afirma que existem grupos de recrutamento voltados para a capacitação de pessoas pertencentes aos setores oprimidos, que busca uma “líder global de diversidade”. Questionada pela jornalista da Forbes sobre a demora, Junqueira justifica: “Estou há bastante tempo procurando e é difícil. Recrutar Nubank sempre foi difícil.”.
Dessa forma, sugere que as pessoas negras não têm capacidade para os parâmetros da Nubank. “(...)tem a exigência do inglês, que pode ser uma barreira”, disse Cristina.
O programa pode ser visto aqui
Recentemente, tomou os jornais a notícia de que a empresa Magazine Luíza estava recrutando apenas pessoas negras, alegando ser uma forma de reparação ao racismo. Mas essa medida não foi elogiada pela totalidade do movimento negro. Veja a posição de Letícia Parks, editora do Esquerda Diário e membro da Bancada Revolucionária de Trabalhadores para vereador em São Paulo:
O mais ridículo de toda essa discussão é a direita que fala contra o "racismo" da Magazine Luiza, dizendo que a exclusividade a negros seria 'racismo reverso'. Essa mesma direita é defensora ela própria da precarização do trabalho, alimentando o único racismo que realmente existe
— Letícia Parks #50200 (@letparks) September 20, 2020
Ser contra o racismo da MAGALU e de todos os patrões e capitalistas só é possível lutando pela igualdade salarial entre negros e brancos, homens e mulheres, e denunciando a miséria salarial promovida pelos capitalistas no Brasil que faz com que sejam 10,6 milhões que passam fome
— Letícia Parks #50200 (@letparks) September 20, 2020
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