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SEMANÁRIO

A Quarta Internacional frente à partilha da Palestina

Alexandre Azhar

A Quarta Internacional frente à partilha da Palestina

Alexandre Azhar

O grande revolucionário marxista e fundador do exército vermelho, Leon Trótski, não chegou a presenciar a fundação, pelas mãos da ONU, do Estado de Israel em 1948. Sua vida foi, tragicamente, interrompida antes, por uma agente de Stalin. Recaiu, portanto, sobre os ombros da jovem IV Internacional, fundada por Trótski e outros militantes revolucionários que representavam a oposição marxista à degeneração burocrática da URSS e da III Internacional, pouco mais de uma década antes, a tarefa de analisar a situação que se desenhava frente ao fim do mandato britânico na Palestina, a partilha desta pela ONU, e a compactuação do stalinismo com tudo isso, e elaborar acerca de que curso de ação deveria ser seguido.

Discussões acerca da divisão dos domínios britânicos na Palestina começaram ainda em 1947, resultando na criação, a pedido da própria Grã-Bretanha, do Comitê Especial das Nações Unidas sobre a Palestina (UNSCOP, na sigla em inglês), em maio daquele ano. Em poucos meses, uma proposta de divisão do território, que resultaria na criação de dois Estados nacionais – um, menor e materialmente desavantajado, destinado à numerosa população árabe nativa da Palestina e um maior, e abarcando áreas industriais e comerciais ricas, para a população judaica que deveria emigrar para preencher o espaço, de acordo com o mesmo plano.

À época, a IV Internacional estava longe de ser uma corrente forte entre o proletariado de praticamente qualquer país. Decapitada anos antes, com o covarde assassinato de Leon Trótski, os bolcheviques-leninistas contavam com poucos quadros, e muito pouca penetração no movimento operário. Um isolamento que não foi mais do que amplificado após a II Guerra Mundial, durante a qual grandes quadros trotskistas perderam suas vidas para a perseguição nazista, e que foi seguida por um ganho de prestígio e um fortalecimento material da burocracia soviética, mediante seus acordos com o imperialismo, que esta prontamente usou para isolar os revolucionários do movimento de massa, arrastando os trabalhadores para governos de frente popular com a burguesia, frustrando as possibilidades de qualquer revolução nos países centrais [1].

Apesar, porém, de suas limitadíssimas forças, e de possuir muito poucas pontes com o movimento de massas e a cena política, os trotskistas se esforçavam tanto para fazerem leituras da realidade que permitissem preservar posições e atitudes revolucionárias quanto para intervirem nessa mesma realidade. A Palestina não era exceção. A Liga Comunista Revolucionária (LCR) contava com poucas dezenas de membros, a maioria dos quais eram imigrantes, muitos dos quais judeus fugitivos da Guerra. Mesmo assim, acompanhavam atentamente os desenvolvimentos políticos, e representantes palestinos da IV Internacional, buscavam ser no Oriente Médio o fio de continuidade das posições marxistas.

A partilha no horizonte

Ainda em setembro do mesmo ano de 1947, antes mesmo que os planos da ONU para as terras palestinas começassem a ser tirados do papel, a 31ª edição do jornal da LCR, o Kol Ham’amad (A Voz da Classe, publicado em hebraico), denunciava duramente a armadilha imperialista representada pelo projeto. Escreviam:

O imperialismo tem, até agora, utilizado com sucesso o método de divide et impera [dividir para conquistar, NdT] neste país, utilizando-se da imigração sionista como fator de divisão. Desta forma, uma tensão nacional é criada, que, em grande medida, dirige a raiva gerada pelo imperialismo nas massas árabes da Palestina e do Oriente Médio contra os judeus. Porém, recentemente, tal método deixou de produzir os resultados esperados. A despeito da tensão nacional, uma classe trabalhadora árabe forte e combativa se desenvolveu no país. Um novo capítulo da história da Palestina foi aberto quando os trabalhadores árabes e judeus trabalharam juntos em greves de larga escala, a fim de forçar os exploradores imperialistas a fazerem concessões. E o fracasso da última tentativa de forçar os habitantes da Palestina a entrarem em um novo turbilhão de mútuo derramamento de sangue em meio a provocações ensinou aos imperialistas uma nova lição. Dela, tiraram as seguintes conclusões: se vocês se recusam a guerrearem entre si, nós os colocaremos em uma posição econômica e política que os forçará a fazê-lo! Eis o verdadeiro conteúdo da proposta de partilha.

Em 1947, não muitas informações estavam disponíveis ao público sobre como se desenrolaria, nos meses seguintes, a partilha da ex-colônia e a fundação de Israel. Mesmo hipóteses apoiavam-se sobre muitas incógnitas. Mesmo assim, a leitura da realidade apresentada pelos trotskistas antes mesmo da criação de Israel poderia, tranquilamente, encontrar lugar em análises atuais. Tal leitura não significa mais do que uma análise da realidade e das relações internacionais a partir de uma perspectiva marxista, que compreende a centralidade da luta de classes para a averiguação de qualquer fenômeno internacional.

Não estavam, contudo, construindo do zero. De fato, o sionismo já era há tempo objeto de estudo dos revolucionários, mesmo antes da Guerra. Se é bem verdade que após o rearranjo de forças a nível mundial representado pelos acordos de Yalta e Potsdam, a localização do sionismo e sua relação com as potencias imperialistas sofreu mudanças, é igualmente verdadeiro que seu caráter de movimento reacionário da burguesia judaica, que tinha por objetivo principal afogar em chauvinismo a luta e potencial revolucionário das massas trabalhadoras judaicas – que chegou a ser exposto e analisado décadas antes por Trótski – mantinha-se o mesmo. É importante, inclusive, ressaltar que esse legado, de crítica revolucionária ao sionismo não é de forma alguma exclusividade da história da IV Internacional, sendo legado de todo movimento revolucionário marxista, a luta contra a perseguição ao povo judeu que se distancia igualmente das aspirações da burguesia sionista.

Tal ressalva é digna de nota precisamente na medida em que se contrasta a compreensão e a posição sustentada pelos representantes da IV com aquela dos representantes oficiais do Kremlin na Palestina britânica. Notoriamente, a URSS de Stalin não só votou favoravelmente à partilha da Palestina e à criação de Israel, como foi um dos primeiros países do mundo a reconhecer oficialmente sua independência. Tal política - certamente fruto dos acordos e da política de “convivência pacífica” com os países imperialistas acordada por Stalin no pós guerra - levou a que, no momento da partilha e a partir dela, os partidos ligados a Moscou mantivessem não só uma linha favorável à divisão da Palestina, mas inclusive de apoio praticamente acrítico à ONU, suas decisões e às fronteiras por ela traçadas em terras palestinas; uma linha política que se mantém até hoje. É chamativo, porém, como, já naquele momento, começava a desenhar o que seria a política stalinista para a região:

E quanto ao Partido Comunista da Palestina? Este, aparentemente, espera uma solução “justa” da ONU. Continua, em todo caso, a semear ilusões na ONU, e neste sentido ajuda a ocultar e implementar os programas imperialistas.

Denunciava, ainda em 1947, o Kol Ham’amad. Era, afinal, de conhecimento geral o interesse imperialista (particularmente americano, mas, como veremos, também britânico a sua forma) na partilha do território palestino e na formação da Israel. A votação favorável a tais proposições por todos os representantes do imperialismo, como observava a Liga Comunista Revolucionária, era suficiente para percebê-lo. Tanto que, na mesma edição de seu jornal, apontam como tanto os órgãos da mídia sionista, como os do PC stalinista (que chegam, inclusive, a caracterizar como “semi-sionista”) fazem questão de manter silêncio absoluto sobre tais apoios.

O que se desenhava naquele momento era o que viria a ser conhecido como a “solução de dois Estados”, e os autores da declaração contra a partilha a viam pelo que era:

A proposta de partilha, aparentemente tão “favorável” aos judeus, contém diversos aspectos altamente desejáveis do ponto de vista do imperialismo: 1) As concessões ao sionismo serão usadas como isca para conseguir a aprovação da maioria judia; 2) Inclui numerosas provocações, tais como a incorporação de Jaffa ao Estado Judeu e a negação de qualquer porto ao Estado Árabe, o que enfurece os árabes; 3) Tais provocações permitem à Grã-Bretanha aparecer como “amiga dos árabes”, que “lutará” por uma segunda partilha, mais justa. Isso, por vez, os ajudará a engolirem a pílula amarga. Em outras palavras, temos aqui uma pré-determinada divisão de trabalho.

Em resumo: a proposta do comitê da ONU não é uma solução nem aos árabes, nem aos judeus; é uma solução pura e exclusivamente para os países imperialistas.

O que viria da partilha

Toda essa leitura, faziam os marxistas antes mesmo que fossem iniciados os procedimentos de instalação do Estado israelense. Suas análises sobre o futuro da região certamente ainda deviam muito às previsões feitas por Trótski em 1940 quando, em um texto de luta política com o sionismo - que já naquele então propunha a criação de um Estado próprio – afirmou que “Desenvolvimentos futuros em eventos militares podem transformar a Palestina em uma armadilha sangrenta para centenas de milhares de judeus” [2]. Não lhes foi possível, então, determinar o quanto o imperialismo encamparia o território ocupado pelo Estado israelense, e o que viam no horizonte, caso fosse levado à frente a partilha, era a possibilidade de uma traição por parte do imperialismo.

A proposta de partilha se materializará no sonho do povo judeu de independência política? A “independência” do Estado Judeu se resumirá a escolher, de maneira “livre” e “independente”, entre duas opções: morrer de fome ou vender-se ao imperialismo. O comércio externo – tanto importações como exportações – mantem-se sob controle do imperialismo. Setores-chave da economia – petróleo, eletricidade, mineração – mantem-se nas mãos de monopólios estrangeiros. E os lucros continuarão a fluir para os bolsos de capitalistas estrangeiros.

Um pequeno Estado Judeu no coração do Oriente Médio pode ser um ótimo instrumento nas mãos dos Estados imperialistas. Isolado das massas árabes, esse Estado ficará indefeso e completamente à mercê dos imperialistas. Eles o usarão para fortificarem suas posições, enquanto simultaneamente aconselhando os Estados árabes quanto ao “perigo judaico” – i.e. a ameaça representada pela inevitável tendência expansionista de um pequeno Estado Judeu. E um dia, quando as tensões alcançarem seu ponto máximo, os “amigos” imperialistas deixarão o Estado Judeu a sua própria sorte.

Sem dúvida, este prognóstico se liga aquilo que era seu principal eixo de análise naquele momento – de que a motivação principal para a partição era inflar o chauvinismo e a guerra fratricida para abrir uma divisa entre os trabalhadores palestinos e judeus. Embora certamente tal fator fosse vir a ser mostrar correto, e muito do que é apontado tenha de fato se consolidado na relação entre Israel e as potências imperialistas, futuros documentos levariam a IV Internacional a atualizar suas perspectivas na questão.

Alguns meses depois da publicação da declaração da Liga, a IV Internacional publicaria um editorial, na edição novembro/dezembro de sua publicação, intitulado “A Partilha da Palestina”. Nele, já era possível detectar sensíveis mudanças na caracterização, conforme mais elementos da situação de desenrolavam, e os trotskistas debruçavam-se sobre a geopolítica do Oriente Médio. À motivação de, por meio do chauvinismo, ocultar a luta de classes e anti-imperialista e dividir os trabalhadores, se somava uma versão mais acabada da análise antes apenas aludida, de que a partilha teria sido imposta também pelo enfraquecimento do imperialismo britânico:

As manobras do imperialismo britânico tornaram-se necessárias pela diminuição de seus recursos. Esta obriga os imperialistas a diminuírem seus “compromissos internacionais” a fim de economizar dólares, força de trabalho e armamento.

Começavam, igualmente, a ler mais atentamente os movimentos concretos que começavam a ser feitos pelas grandes potências com relação à região (não à toa, a declaração começa com a profética afirmação de que “Depois que os ‘três grandes’ chegaram a um acordo sobre a divisão da Palestina, a votação nas Nações Unidas não foi mais que uma formalidade.”). Particularmente, denunciavam a forma como, agindo contra os interesses da classe trabalhadora, a burocracia de Moscou via a partilha como apenas mais uma oportunidade de aumentar sua influência geopolítica, frente ao retrocesso britânico. Tal “aposta” por parte do stalinismo viria a definir sua linha com relação à região, e é, até os dias atuais, apresentada por alguns setores como “justificativa” para o voto da URSS de Stalin a favor da partilha. A IV Internacional, contudo, apontava outro cenário que se desenhava:

Após a evacuação das tropas inglesas, a Haganah [milícia sionista, atuante desde 1920 no território do então o Mandato Britânico, em favor da criação de um Estado Judeu. Foram responsáveis pelos primeiros atos de limpeza étnica contra a população palestina nativa, NdT] será a única força militar que disponha de equipamentos modernos, uma força estrangeira ao mundo árabe e que servirá, se necessário, para combater uma insurgência local ou uma ameaça russa às fontes de petróleo. Não devemos, portanto, ficar surpresos caso, a partir de agora, o imperialismo americano, seja na forma de uma “Liga Judaica” seja financiando uma, tente ter uma influência predominante sobre a Haganah, e torná-la instrumento de sua política no Oriente Próximo.
(...)
A solidariedade fundamental da Haganah, e mesmo do Irgoun [outra milícia sionista atuante na região, criada em 1931, como a partir de uma cisão na Haganá, NdT] com o imperialismo e contra as massas árabes é demonstrada da forma mais clara. O caráter criminoso do sionismo é evidente no fato de que, graças ao seu papel reacionário, os primeiros movimentos das massas árabes em favor de uma Palestina unida e independente são dirigidos contra a população judaica e não diretamente contra o imperialismo. Os próprios chefes reacionários do Comitê Árabe Para a Palestina têm, portanto, a oportunidade de restaurar sua imagem, derramando o sangue dos infelizes judeus que são vítimas das políticas sionistas.

Entretanto, até então, o Estado israelense ainda não havia se estabelecido, e era bem claro que a Internacional de conjunto, como sua seção Palestina, mantinha a centralidade do diagnóstico feito por Trótski uma década antes em suas apostas a respeito do futuro da região:

Tal Estado, longe de receber uma “proteção” aberta e permanente de qualquer potência que seja, manterá sempre uma posição precária e incerta, e para sua população, se abrirá um período de privações, de terror e de terrível tensão, que apenas se tornará mais agudo na medida em que se desenvolvem as forças em luta por sua emancipação no mundo árabe.

Seria apenas em outra elaboração, escrita em janeiro de 1948 pelo Grupo Trotskista Palestino e publicada na edição junho/julho do jornal Quarta Internacional que uma viragem mais significativa seria vista.

As classes e a economia

Primeiramente, afinariam consideravelmente sua análise sobre a situação do imperialismo no Oriente Médio. Mantendo muito do que já havia sido estabelecido nas elaborações do ano anterior, é possível perceber um aumento sensível no nível de detalhe com o qual os trotskistas entendiam a situação, agora que a partilha e a implantação da autoridade estatal israelense já estavam em processo de consolidação.

Um eixo de análise fundamental da compreensão do momento é a relação do imperialismo britânico decadente, do americano, que avançava para tomar seu lugar, e da burguesia nativa. De fato, se no documento de dezembro de 1947, a ideia da burguesia árabe aparece basicamente de passagem, e para se referir principalmente às elites do Egito e da Síria, se empreende, agora, uma análise muito mais pormenorizada.

A concorrência com a burguesia sionista (tanto em termos econômicos diretos, quanto pelo “cargo” de agente privilegiado das potências imperialistas) também aparece como chave para a compreensão das políticas “dos feudalistas e da burguesia do Oriente Médio, representados pela Liga Árabe”. Aqui, o legado do marxismo revolucionário na época imperialista, encarnado na teoria-programa da Revolução Permanente, fornecia o certe de uma leitura marxista acerca de uma classe burguesa que já surge débil, incapaz por suas próprias características estruturais de completar mesmo as mais elementares tarefas democráticas, e pressionada pelo crescente número, força e combatividade da classe trabalhadora e aliar-se com o imperialismo, levando consigo seus elementos mais atrasados (bastante ênfase é dada à herança feudal da burguesia árabe).

A burguesia nativa tornou-se um agente mais confiável da dominação imperialista indireta devido ao medo crescente da classe trabalhadora organizada, que emergiu mais forte do que nunca desta guerra.
(...)
O apoio direto que o imperialismo britânico deu aos dirigentes feudais, contra qualquer outro fator árabe (repatriação de Husseinis, reconhecimento do autoimposto Alto Comitê Árabe etc.) - tudo porque o imperialismo inglês estava interessado em ver a liderança árabe mais reacionária e chauvinista - permitiu que esses senhores feudais impusessem, desde o início, seu próprio caráter aos eventos atuais.

Tal análise do papel cumprido pelas burguesias nascentes não só cumpriria um papel naquele momento, em guiar a reflexão sobre quais os caminhos postos para os revolucionários, como expressa uma diferença com a linha oficial do Kremlin, a qual, confiando no “potencial progressista” das burguesias nacionais contra o imperialismo, não só levaram o proletariado à derrotas ao longo de todo o século XX, afundando a vanguarda operária nas armadilhas das Frentes Populares, como segue, até hoje, sendo a linha stalinista na Palestina, com resultados igualmente desastrosos.

Outro editorial, publicado poucos meses depois no Kol Ham’amad, da Liga Comunista Revolucionária da Palestina e reproduzindo na edição de maio de 1948 do jornal da Quarta Internacional, aptamente intitulado “A posição trotskista na Palestina: Contra a Corrente” representa uma versão mais acabada das reflexões até então desenvolvidas. Nele, pouco muda em relação ao conteúdo da declaração do ano anterior, mas novos fatos são revelados da atuação do imperialismo e do PC stalinista.

Mantém-se a leitura de que, longe de representar uma chance de enfraquecer o imperialismo na região, a partilha representava, essencialmente, uma concretização de um “rearranjo da correlação de forças”, com a incapacidade da Grã-Bretanha em arcar com o custo de administrar diretamente a região, e o imperialismo americano propondo-se a tomar seu lugar.

Igualmente, à dependência incontornável da burguesia sionista para com o imperialismo, é somada uma elaboração mais acabada do que seria um problema central da região nas décadas seguintes, e até hoje: a limpeza étnica da palestina:

O Estado Judeu, esse presente de Truman e Bevin, dá à economia capitalista dos sionistas uma sobrevida. Tal economia se situa em uma base muito instável. Seus produtos não podem competir no mercado mundial. sua única esperança é o mercado interno, do qual os bens árabes são banidos. Portanto, a questão da imigração judaica veio a tornar-se um problema de vida ou morte.

Revolução e contrarrevolução no Levante

Igualmente, uma viragem reacionária da situação se mostrava provável, já no início de 1948, pela própria dinâmica social segunda a qual, em um momento de antagonismo nacional, especialmente um recoberto de tons étnico/raciais e religiosos, “os feudalistas árabes da Palestina, sabendo que em tal guerra racial, são os dirigentes naturais, buscam reconquistar de tal forma sua autoridade sobre a população árabe da Palestina, que havia sido abalada pelo desenvolvimento, durante a guerra, de uma jovens burguesia das vilas do litoral e pelo crescimento e organização da classe trabalhadora árabe na Palestina.”

Trata-se de uma chave de análise interessante, e que mira um fenômeno cujos efeitos ainda são relevantes para compreender os conflitos da região nos dias atuais – a saber, a questão da hegemonia operária (ou, no caso, da falta dela).

[Os feudalistas] veem no espantalho sionista e no problema palestino em geral uma bela oportunidade de desviar a atenção das massas oprimidas dos países árabes de seus problemas sociais e da exploração imperialista e nativa, de exacerbar o ódio racial contra as minorias e de recrutar os desempregados para o “Jihad” na Palestina.

Aqui, se interligam as duas questões: a composição orgânica da classes dominante árabe, com seu laço de sangue com o imperialismo e a relação desta com seu proletariado, em um momento em que a disputa entre ambos pela hegemonia sobre as massas poderia ser um fator decisivo para os futuros desenvolvimentos. Sabendo, “os feudalistas árabes” que poderiam fazer uso de uma onda chauvinista para isolar a vanguarda operária e impor sua liderança, poderiam, também, impunemente se apoiar nas massas árabes para negociar com o imperialismo, impondo uma situação qualitativamente mais reacionária, onde as lideranças burguesas estão legitimadas, a classe operária, dividida, e confusa quanto a seus verdadeiros inimigos e a vanguarda com pouca ou nenhuma influência.

Enquanto a revolta de 1936 começou com uma greve geral e concentrou-se inicialmente nas cidades, desta vez o principal aspecto da atividade foi desde o início a ação militar de bandos guerrilheiros rurais. Enquanto em 1936-1939 grande parte dos "combates" foi travada contra as tropas britânicas (embora o objetivo principal fosse contra os judeus), desta vez foram principalmente os judeus que foram atacados, enquanto os funcionários do imperialismo britânico, bem como oficiais e soldados, eram tratados de forma amistosa, ou quando muito, acusados de não manter a prometida “neutralidade”. É assim que conseguiram criar uma atmosfera de extremo chauvinismo onde qualquer provocação pode levar a um massacre de trabalhadores judeus, como nas refinarias de Haifa, pelos setores atrasados de seus companheiros trabalhadores trabalhadores árabes (alguns dos trabalhadores árabes mais avançados não participaram desta ação e outros ajudaram os judeus), e onde não há mais uma luta grevista comum entre trabalhadores judeus e árabes pelas mesmas demandas, mas ao contrário, onde essas lutas são travadas separadamente para a introdução de medidas de segurança contra possíveis ataques. A separação entre trabalhadores árabes e judeus e a separação entre a classe trabalhadora árabe das cidades mais avançadas e do interior - os pobres rurais - (um dos principais objetivos da divisão) é realizada pela suposta luta dos governantes feudais árabes contra a divisão. A burguesia árabe, na medida em que existe na Palestina como classe independente (donos de plantações de limão e elementos urbanos das cidades costeiras - os seguidores de Muss el Alami) quer ordem e segurança para seus negócios, mas sua nacional guarda, em meio aos ataques chauvinistas em massa, é cada vez menos importante em comparação com os guerrilheiros com liderança feudal.
(...)
Se o imperialismo conseguiu desviar de si o descontentamento das massas árabes no Oriente Médio e dirigi-lo contra a população judaica da Palestina, a consequência inevitável desta guerra será a dependência total do sionismo do imperialismo dos EUA.

Crucial para compreender como se deu esse momento também é a análise das posições stalinistas, sendo que, como em boa parte do mundo no pós-guerra, concentravam-se sob esses partidos as mais numerosas fileiras da vanguarda operária. É, portanto, importante compreender que a ascensão das direções burguesas reacionárias - apoiadas nos camponeses pobres e nos elementos mais atrasados da classe – apresentando-se como capazes de liderar o conjunto das classes e, com seu programa reacionário, resolver o conjunto dos problemas que afligem as massas (hegemonia) foi também função do fracasso das direções do movimento operário (descritas pelo documento como, naquele momento, “praticamente paralisadas”) de impor sua própria hegemonia, tanto sobre o conjunto de sua classe, como de outras classes potencialmente aliadas, como os camponeses. Tal fracasso já se soletrava, àquela altura, com todas as letras, na medida em que, tendo apoiado a partilha, as direções stalinistas eram identificadas com a traição das massas árabes.

Enquanto a partilha impunha às massas palestinas a penúria, perante a edificação criminosa de um Estado fantoche do imperialismo, enquanto as condições materiais da classe trabalhadora palestina eram cada vez mais enfraquecidas pela falência imposta com a pilhagem dos maiores centros industriais, portos, e reservas naturais pelos sionistas [3] e enquanto a insatisfação com o imperialismo era desviada para uma guerra fratricida, o stalinismo capitulava ao chauvinismo imposto pela partilha, dividindo o PC em dois partidos nacionais e chamando “manifestações” em apoio à ONU (!) [4], o stalinismo internacional reivindica a organização de manifestações em “apoio” à partilha da palestina, ainda em 1947]]. O editorial de maio de 1948 narra, inclusive, como essa posição decorreu diretamente do alinhamento forçado com a política externa da URSS, apensar do conhecimento das lideranças do PC local sobre o caráter reacionário da decisão:

Era de se esperar que o Partido Comunista da Palestina assumisse uma posição diferente. Não advertiram repetidamente contra os resultados fatais que viriam com o estabelecimento de um Estado Judeu? “A partilha será desastrosa para judeus e árabes... A partilha é um esquema imperialista com a intenção de dar ao domínio britânico um novo sopro de vida...”, afirmava o PCP perante a Comissão Anglo-Americana de Inquérito em março 25, 1946. O secretário do partido manteve lealmente esta atitude até julho de 1947, quando disse perante a comissão da ONU: “Recusamos inteiramente o plano de partilha, pois este esquema é prejudicial aos interesses de ambos os povos”. No entanto, após tal esquema ser concretizado com o apoio dos representantes soviéticos, o Kol Ha’am (o órgão central stalinista) apressou-se em declarar que "a democracia e a justiça venceram (!)." E, da noite para o dia, aparece um novo partido: o nome Partido Comunista da Palestina foi mudado para Partido Comunista de Eretz Israel (Partido Comunista da Terra Hebraica). Assim, até o último vestígio de contato com a população árabe foi rompido. A lacuna que ainda os separava do sionismo foi finalmente fechada. Em vez de ser a vanguarda da luta anti-imperialista das massas árabes e judaicas, o Partido Comunista Palestino tornou-se a cauda “comunista” da “esquerda” sionista. Precisamente no momento em que o sionismo mostra a todos sua face contrarrevolucionária, o seu escandaloso servilismo ao imperialismo. Assim, o próprio Partido Comunista expõe ao ridículo suas anteriores denúncias às decepções imperialistas e sionistas.

A inexistência de organizações verdadeiramente revolucionárias no seio da classe operária, capazes de apresentar um programa que pudesse arrastar por trás de si trabalhadores judeus e árabes, juntos às massas oprimidas de desempregados e camponeses, contra as burguesias árabes e sionistas, serviçais do imperialismo, foi um fator chave para o recrudescimento da situação.

Os stalinistas árabes perderam parte deu sua influência política e organizacional, poque as massas árabes os consideram representantes da Rússia, que traiu as massas árabes ao ser favorável à partilha e ao Estado Judeu.
O crescente chauvinismo dos trabalhadores judeus, o apoio aberto dado à partilha pelos sionistas de “esquerda”, incluindo os estalinistas judeus, também se reflete entre os trabalhadores árabes e é outro fator que os joga nos braços da reação feudal.
A decisão de dividir a Palestina, apoiada pelas EUA, aparentemente em oposição à Grã-Bretanha, criou a situação seguinte situação no Oriente árabe: a Grã-Bretanha obteve a possibilidade de retirar parte de suas tropas, enquanto ao mesmo tempo reforça seu prestígio no mundo árabe; a América, cujos interesses petrolíferos não sofreram da certa perda de prestígio, dadas as ligações econômicas que unem a burguesia nativa ao imperialismo yankee, ganhou uma agente direto, a burguesia sionista, que desta forma tornou-se totalmente dependente do capital americano e da política americana. Além do mais, o imperialismo americano tem, agora, uma justificativa para intervir militarmente no Oriente Médio quando for que lhe convenha. Ambos criaram uma situação de chauvinismo crescente, na qual tornou-se possível esmagar a classe trabalhadora árabe e todos os movimentos de esquerda no Oriente árabe, o que se deve, igualmente, ao apoio russo ao plano imperialista de dividir a Palestina.

É notável como, se levaria ainda décadas para que a questão colonial tomasse o centro, com as revoluções anticoloniais ocorridas principalmente na África por volta dos anos 60, com o esgotamento da hegemonia capitalista imposta nos “anos dourados” do pós Guerra, o enorme potencial demostrado pelas massas em luta contra a colonização ainda nos anos 1930 e 1940 mostra que tal luta tinha potencial de irromper décadas antes, não fosse sua potência conscientemente desperdiçada e desviada pelas direções do movimento operário ligadas à linha da burocracia moscovita, no contexto dos acordos do pós guerra.

Que fazer?

Finalmente, se já sabemos o que viria a ser a posição dos representantes levantinos da burocracia stalinista, o que propunham, já naquele momento, os marxistas revolucionários da IV Internacional? Embora em muitos pontos suas análises virão a modificar-se com o desenvolvimento dos acontecimentos, o fundamental de seu programa já pode ser visto no primeiro documento:

A solução para o problema judaico, como a solução para os problemas do país, não virá “de cima”, da ONU ou de qualquer outra instituição imperialista. Nenhuma “luta”, nenhum “terror”, nenhuma “pressão” moral fará o imperialismo renunciar a seus interesses vitais na região (as ações petrolíferas renderam 60% de dividendos esse ano!)

Para resolver o problema judaico, para nos libertar do fardo do imperialismo, existe somente um meio: a guerra de classe comum com nossos irmãos árabes; uma guerra que é um elo inseparável da guerra anti-imperialista das massas oprimidas de todo o Oriente árabe e de todo o mundo.

A força do imperialismo reside na partilha – a nossa, na unidade de classe internacional!

Seguindo essa declaração geral, e já confrontados com a situação concreta não só da decidida marcha do imperialismo rumo ao estabelecimento do Estado israelense, como de seu reconhecimento pela URSS e pela ampla aceitação e promoção da “solução de dois Estados” pelos representantes do stalinismo, o espírito expresso no documento de setembro tomará forma de consignas políticas e análises conjunturais mais concretas. Na declaração da Internacional, do fim do ano de 1947, este já começa a aparecer, orientado principalmente pela dinâmica da Revolução Permanente legada por Trótski, que permitia aos autores articular as tarefas de um processo revolucionário – única forma de consequentemente derrotar o imperialismo e garantir a autodeterminação das massas palestinas – com as necessidades de países onde as básicas tarefas democráticas ainda custavam ser realizadas:

A posição da Quarta Internacional em relação à questão palestina permanece tão clara quanto no passado. Estará na vanguarda da luta contra a partilha, por uma Palestina unida e independente, na qual as massas determinarão soberanamente seu destino através da eleição de uma Assembleia Constituinte. Contra os effendis e os agentes imperialistas, contra as manobras das burguesias egípcia e síria que tentam desviar a luta pela emancipação das massas na luta contra os judeus, chamará pela revolução rural, pela luta anticapitalista e anti-imperialista, que são os motores essenciais da revolução árabe. Mas não poderá liderar esse combate com alguma chance de sucesso a menos que tome uma posição inequívoca contra a partilha do país e o estabelecimento de um Estado Judeu.
Mais do que nunca, devemos ao mesmo tempo chamar as massas trabalhadoras da América, Grã-Bretanha, Canadá e Austrália, os trabalhadores de cada país, a lutar pela abertura das fronteiras de seus respectivos países aos refugiados, às pessoas desalojadas, a todos os judeus que desejam emigrar, sem discriminação. Somente se conduzirmos esta luta de maneira séria, eficaz e bem-sucedida seremos capazes de explicar aos judeus por que não devem cair na armadilha palestina. A terrível experiência que espera os judeus no Estado em miniatura ao mesmo tempo cria as premissas para a ruptura das grandes massas com o sionismo criminoso. Se tal ruptura não ocorrer a tempo, o "Estado Judeu" colapsará em sangue.

Já no início de 1948, a guerra civil estava em pleno desenvolvimento, e se bem que a análise mostrava que o período que se seguiria seria um de crescente isolamento dos revolucionários e aprofundamento das tendências reacionárias e da “unidade nacional” chauvinista e racista, colocava, também, aos poucos que mantinham erguida a bandeira do marxismo na Palestina tarefas de preparação.

Uma compreensão dos profundas mudanças que transcorriam rapidamente na composição orgânica do proletariado árabe fornecia esperanças de que a classe – se liberta de suas direções reacionárias e chauvinistas – estaria inclusive em melhor posição (pelo menos de um ponto de vista de suas forças objetivas) para levar a frente a luta revolucionária. Ressaltavam o fato de que, desde os últimos grandes levantes operários de 1936/39, o proletariado industrial (com destaque para o setor do petróleo) havia crescido relativamente, e, junto com o funcionalismo, tomado em grande medida o espaço até então ocupado pelos profissionais liberais, comerciantes e operários agrícolas. Tais setores, de um proletariados mais urbanizado, encontravam-se em condição marcadamente superior para a luta de classes do que anteriormente, ocupando posições muito mais estratégicas.

Tendo em vista esse momento futuro, postulam tarefas preparatórias que estariam colocadas, em um momento onde mesmo a captação para organizações revolucionárias seria duplamente dificultado (por um lado, pela “unidade nacional” reacionária imposta pelo chauvinismo, e por outro pelas condições materiais de grandes parcelas do proletariado – entre os judeus, relativamente mais elevada, no marco da “economia fechada” do Estado em curso de estabelecimento, e entre os árabes, o isolamento do proletariado urbano frente ao crescimento do desemprego), articulavam a necessidade de aguardar o desenvolvimento de situações mais oportunas, com as tarefas colocadas naquele momento, para chegar prontos aos momentos de luta futuros:

Em um futuro próximo (nos próximos meses) não devemos esperar ações em grande escala da parte dos trabalhadores árabes, muito menos ações comuns entre trabalhadores árabes e judeus. Antes que se faça sentir o cansaço causado pela deterioração da situação econômica e pelo derramamento de sangue, que será o ponto de partida de uma nova ascensão revolucionária, é muito provável que haja um fortalecimento do chauvinismo e massacres em grande escala. Num futuro próximo, nosso trabalho se limitará principalmente a manter ligações entre camaradas árabes e judeus, fortalecer os quadros, particularmente do lado árabe, como base para a atividade revolucionária futura. Devemos explicar pacientemente às camadas mais avançadas do proletariado árabe e da intelectualidade que as ações militares raciais apenas aumentam o fosso entre judeus e árabes e, portanto, praticamente levam à divisão política; que o fator fundamental e que a principal causa da divisão é o imperialismo; que a guerra atual não faz mais do que fortalecer o imperialismo; que graças à direção burguesa e feudal dos países árabes - que é o agente do imperialismo - fomos derrotados em uma etapa da luta anti-imperialista e que devemos nos preparar para a vitória em uma próxima etapa - isto é, para a unificação da Palestina e do Oriente Árabe em geral - criando a única força que pode atingir esses objetivos: o partido proletário revolucionário unificado do Oriente Árabe. Nosso sucesso dependerá muito da consolidação, entretanto, das forças comunistas revolucionárias no Egito.

Outro ponto enfatizado é o da formação e multiplicação dos quadros revolucionários, um tema que voltaria a ser ressaltado no documento de maio, com a consigna de “formemos quadros revolucionários. Neste ardente inferno de chauvinismo, precisamos manter erguida a bandeira da irmandade internacional!”

Desde a época, muito mudou na situação palestina. O Estado sionista fortaleceu-se como entreposto imperialista no Oriente Médio, ao passo que a Palestina, enfraquecida após incontáveis campanhas genocidas abastecidas por armas americanas e europeias, teve sua burguesia local virtualmente desintegrada, enquanto a elite do restante do mundo árabe move-se rumo a uma normalização das relações com o Estado israelense, abandonando qualquer fachada de “solidariedade do povo árabe” para com o povo palestino vítima da chacina colonialista israelense. Foi virtualmente eliminada qualquer equidistância possível entre as lideranças sionistas e palestinas.

Mesmo assim, as elaborações trotskistas a partir do processo de partilha são mais um exemplo de como o marxismo revolucionário se plasma, enquanto leitura da realidade e programa para responder a ela, em diferentes contextos e momentos históricos, sendo capaz de dar conta das necessidades imediatas colocadas pelo processo histórico de desenvolvimento de uma região, sem perder de vista o horizonte revolucionário. Oferecem uma janela para o que já era possível, mediante uma leitura materialista e histórico-dialética da realidade, conhecer do cenário que se desenhava, e que curso a história poderia ter tomado, estivesse presente uma direção operária com alcance e força de massas dotada de uma posição revolucionária. Mais do que isso, resgatar esse legado nos permite pensar, hoje, a necessidade de retomar a luta para forjar lideranças operárias e revolucionárias, comprometidas com a unidade da classe trabalhadora, mediante um programa revolucionário e internacionalista, pela derrubada do controle imperialista e pelo fim da partilha, lutando rumo a uma Palestina unificada, operária e socialista, única forma de responder consequentemente aos problemas dos trabalhadores não só da Palestina, mas de todo o Oriente Médio.


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FOOTNOTES

[2L. Trótski, fragmento. Retirade de Trotsky, Sobre la cuestión judia, p.12 e citado no artigo A posição de Trótski sobre antissemitismo, sionismo e as perspectivas da questão judaica na edição anterior deste semanário.

[3Descrevia o documento de 1948: “Em um futuro próximo, deve-se esperar o declínio numérico da classe trabalhadora árabe na Palestina, primeiramente devido à diminuição do trabalho no exército, e também pela interrupção de trabalho causada pelos eventos atuais. O desemprego entre os trabalhadores árabes não somente ameaçará as limitadas conquistas dos últimos anos, como criará um terreno fértil para o chauvinismo e favorecerá o recrutamento de fileiras pela direção feudal.”
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Alexandre Azhar

Estudante de Filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, militante da Juventude Faísca- Anticapitalista e Revolucionária e do Movimento Revolucionário de Trabalhadores
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