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O capitalismo destrói o planeta, destruamos o capitalismo: por uma universidade a serviço dos trabalhadores, do povo pobre e dos setores oprimidos

Marina Estrela

Eduardo Jefferson

O capitalismo destrói o planeta, destruamos o capitalismo: por uma universidade a serviço dos trabalhadores, do povo pobre e dos setores oprimidos

Marina Estrela

Eduardo Jefferson

Essa artigo faz parte de uma coletânea de iniciativa do grupo de extensão MAPES - Marxismo e Pensamento Social, que é composto por docentes, estudantes da graduação e pós-graduação em Ciências Sociais e outras áreas ligadas ao debate sobre Pensamento Social de universidades nordestinas como a UFRN, UFPE e UFCG, e que está associado ao Semanário Teórico Ideias de Esquerda. É uma iniciativa pensada para estabelecer um diálogo com os temas das mesas da Semana de Ciências Sociais da UFRN de novembro de 2023, como uma primeira iniciativa de produção teórica-política do grupo, além de contribuições na área da cultura e da arte

O Rio Grande do Sul passou pela pior tragédia climática de sua história até o momento, devido às enchentes recordes causadas pelas passagens de ciclones extratropicais. Cenário diferente de quando a Defesa Civil apontou que mais de 350 municípios no estado, o que corresponde a 70% do território, estavam em Situação de Emergência no início de 2023 por causa da estiagem prolongada. Dessa vez o cenário foi outro: dezenas de pessoas mortas e milhares de desabrigadas por causa das enchentes, que aliadas ao descaso e irresponsabilidade do governo estadual de Eduardo Leite, têm sido as mais mortais. Descaso esse atrelado à demora de resposta federal de Lula-Alckmin em enviar recursos e resgate à população afetada, bem como a irresponsabilidade e hipocrisia do governo de Eduardo Leite ao dizer que estava preocupado com a população e a crise climática quando na verdade diminuiu investimentos em 2023 para a prevenção de enchentes.

Na Líbia, o furacão Daniel deixou um rastro de completa destruição. Em Derna, houve o rompimento de duas barragens e quatro pontes, o que fez com que a cidade ficasse praticamente submersa. Outro agravante da crise na Líbia é o fato de haver uma disputa política que polariza o país desde as mobilizações populares que derrubaram o ditador Muammar Gaddafi e a intervenção imperialista por parte dos Estados Unidos e países europeus através da OTAN a fim de garantir interesses políticos e econômicos. De acordo com reportagens mais recentes, o número de mortos no país passou dos 20 mil. Qualquer semelhança entre estes desastres e suas consequências não é mera coincidência. O sistema capitalista coloca seus lucros acima das vidas humanas e a consequência são as milhares de mortes pelo mundo que poderiam ser evitadas. Como no Rio Grande do Sul, onde a propiciação de um trabalho de previsão do tempo eficiente para mitigação de danos com garantia de estrutura urbana para prevenir tamanha destruição, bem como uma ordem de evacuação por parte do governo, garantindo todos os recursos humanos e materiais para abrigar as famílias, seriam essenciais para frear as inúmeras fatalidades. Portanto, não tem nada de natural nessas tragédias. O capitalismo e sua inata sede de lucro são os principais inimigos do planeta, e precisam urgentemente serem superados para que a crise climática seja controlada, pois a crise climática é uma crise capitalista. Toda solidariedade popular com as vítimas é um ponto de apoio fundamental para organizar uma resposta operária para a crise no RS, com sindicatos e movimentos sociais sendo linha de frente de organizar brigadas de estudantes e trabalhadores com garantia de estudos do Estado!

O governo Lula-Alckmin que faz demagogia com o tema ambiental também é o responsável por seguir a política de destruição em nome dos lucros dos empresários e do agronegócio, como quando permite a liberação de agrotóxicos, como fez com as obras de Belo Monte que causaram a inundação e destruição de terras indígenas, além das declarações que fez na Cúpula da Amazônia defendendo a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas. Junto disso avança a votação do Marco-Temporal no STF, ataque histórico aos povos indígenas, ministros como Zanin hoje também fazem demagogia com a questão indígena, votando contra o Marco-Temporal, ao mesmo tempo que defende o beneficiamento daqueles que invadiram as terras indígenas durante a ditadura militar ou foram beneficiados pelos massacres promovidos neste período. Demonstrando mais uma vez como o STF auxilia e abre caminho à extrema direita, como fez em 2016 durante o golpe institucional, assim como a conciliação do governo Lula-Alckmin fortalece os setores reacionários da burguesia que sustentam a extrema-direita. No Rio Grande do Norte, o governo Fátima Bezerra (PT) mantém o estado sem nenhum centímetro de terra indígena demarcado, ao passo que fortalece o agronegócio, se aliando com as oligarquias. Na América Latina, o mecanismo imperialista da dívida pública serve como extorsão para o avanço extrativista; os governos, sem distinção, reconhecem a dívida e a usam como desculpa para “conseguir dólares” para encher os bolsos de banqueiros e justificar essa matriz empresarial destrutiva e poluente.

Exemplo disso é o candidato da extrema direita argentina, Javier Milei, que quer privatizar o já predatório extrativismo de óleo e gás de xisto. Mas Lula também é exemplo disso, que quer explorar petróleo na foz do rio Amazonas, num cenário da região ter passado por queimadas absurdas e hoje os rios Negro e Solimões passarem por uma seca sem precedentes. A universidade pode estar a serviço de pensar grandes sistemas de previsão e precaução de desastres, estudos climáticos, até mesmo história indígena e estrutura e mobilidade urbana para que as ruas de Natal não fiquem alagadas ao menor sinal de chuva. Somos por uma perspectiva de universidade que use seus conhecimentos a serviço da classe trabalhadora, do povo pobre e oprimido, os mais prejudicados com a crise climática. Somos contra a lógica de produção de conhecimento a serviço apenas dos grandes empresários, que muitas vezes se utilizam de altas tecnologias para aumento da produtividade e dos lucros, revertendo isso em mais exploração do trabalho ao invés de melhorias na vida da população de conjunto. Venha se organizar de forma independente dos governos dos patrões e reitorias por uma vida plena, livre de toda exploração e opressão, em que possamos frequentar belas praias sem medo do desmoronamento de dunas e falésias, contra os empresários que destroem nosso planeta. Se o capitalismo destrói o planeta, destruamos o capitalismo!


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Marina Estrela

Estudante de Letras da UFRN e militante da Faísca Revolucionária
Estudante de Letras da UFRN e militante da Faísca Revolucionária

Eduardo Jefferson

Estudante de Letras da UFRN
Estudante de Letras da UFRN
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