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Movimento Operário | CUT e centrais sindicais convocam o bolsonarista Tarcísio para o primeiro de maio em São Paulo

Repudiamos e chamamos o conjunto da classe trabalhadora e suas organizações combativas a lutar contra o rumo desastroso que a CUT e a maioria das centrais sindicais estão nos impondo, expresso nesse convite absurdo. Não será com alianças cada vez mais à direita, e agora, até com a extrema direita que avançaremos na luta pelos nossos direitos

Maíra MachadoProfessora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT

quarta-feira 19 de abril de 2023 | 12:12

Já não é somente qualquer sombra de independência de classe que vai sendo deixada de lado em nome da frente ampla e do combate à extrema direita. Agora, até mesmo o discurso de combate à extrema direita vai sendo secundarizado em nome de montar uma base parlamentar para o governo federal de Lula e Alckmin. Em São Paulo, está convidado o governador Bolsonarista, enquanto no Rio, o prefeito Eduardo Paes também está chamado.

Ao mesmo tempo em que convidava o governador para o palco das centrais sindicais no dia que deveria ser o dia do trabalhador, a CUT nos informava em nota no seu siteque esse mesmo governador quer levar os moradores de rua de São Paulo para trabalhar em fazendas no interior. Uma proposta digna da patronal escravocrata que o governador Bolsonarista representa no palácio dos bandeirantes, o mesmo governador que está avançando um plano de privatizações na Sabesp e na CPTM e uma reforma administrativa para atacar o conjunto do funcionalismo público.

Como se fosse pouco, esse governador que está convidado para o palco do 1º de Maio, é inimigo aberto das mulheres, das pessoas LGBT e de todos os setores oprimidos e defende cada uma das pautas mais reacionárias do bolsonarismo, como a inserção da polícia dentro das escolas. Querem nos convencer que se aliando e supostamente disputando setores do próprio bolsonarismo combateremos a extrema direita. Essa ilusão só nos trará mais derrotas e fortalecerá a posição da direita e da própria extrema direita

No fundo o que está em jogo nesse convite não é nenhum combate contra a extrema direita, mas a conformação da base de sustentação do governo Lula/Alckmin no Congresso nacional em troca do apoio da paz social que a direção das centrais sindicais se dispõe a oferecer ao bolsonarista Tarcísio. Uma peça chave do governo de São Paulo, Kassab, é também dirigente do partido que ocupa ministérios no governo federal e trabalha no sentido de uma aproximação entre governo estadual e federal.

Basta ver o teor das propostas que o governo busca aprovar em primeiro lugar no Congresso para perceber o quanto essas alianças são contrárias aos interesses da classe trabalhadora. O governo busca articular com Lira, Pacheco, Kassab, Tarcisio e o conjunto do Congresso Nacional a aprovação do chamado “novo arcabouço fiscal”, que nada mais é que um novo teto de gastos apenas um pouco mais flexível. Medida que deveria ser amplamente rechaçada por todo o movimento sindical.

Esse combate também deixa evidente a política de adaptação das correntes do PSOL, que justificam sua participação no governo e sua aliança com a CUT e o PT em importantes eleições sindicais como as que estão ocorrendo em professores de São Paulo e outros estados em nome do combate à extrema direita. Abrem mão da independência de classe, e integram o governo da Frente Ampla junto Alckmin e outros setores neoliberais como Simone Tebet, em nome do combate ao bolsonarismo. Como justificar que agora o próprio bolsonarismo, na pessoa de Tarcísio, está sendo chamado para estar no primeiro de maio?

É preciso rechaçar a conciliação da CUT e demais centrais com o governador bolsonarista e exigir dos principais sindicatos do país medidas concretas para organizar a luta em defesa dos nossos interesses. Exigir a convocação de assembleias e planos de luta concretos para lutarmos pela revogação do Novo Ensino Médio, da Reforma da Previdência e Trabalhista. Está sendo chamado pela Conlutas um primeiro de maio independente do governo Lula na Praça da Sé. Precisamos nos organizar de forma independente do governo Lula/Alckmin e batalhar em cada local de trabalho por um 1º de Maio que esteja a serviço da nossa luta e não da conciliação com a direita e até com a extrema direita.




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