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Bombardeio de Israel a Gaza | Estratégia de Lula falha na ONU enquanto Israel bombardeia civis palestinos com apoio dos EUA

segunda-feira 9 de outubro de 2023 | Edição do dia

O brilho brasileiro na presidência temporária do Conselho de Segurança da ONU se apagou muito rapidamente após a resposta de Israel aos ataques do braço armado do Hamas a assentamentos israelenses no sábado (07/10). Enquanto Israel preparava a mais reacionária resposta à operação militar do Hamas, o Brasil convocava uma reunião de emergência do Conselho de Segurança com a ilusão de poder mediar o conflito.

Antes da reunião, Lula se posicionava nas redes condenando qualquer ação “terrorista” – referindo-se ao ataque do Hamas, e defendendo ao mesmo tempo a solução de um “estado palestino economicamente viável”, em suas palavras. Em seu Tweet, Lula cede à opinião pública ocidental, que passou a olhar para Israel no dia de sábado, ignorando que só desde o início do ano, mais de 200 palestinos já haviam sido mortos pelas forças militares israelenses, incluindo confrontos, ataques e até mesmo manifestações públicas reprimidas pelas forças israelenses com fogo direto.

A solução de um estado palestino só pode passar pelo combate direto à política de apartheid praticada pelo Estado Israelense contra a população da faixa de Gaza, da Cisjordânia e de outras regiões palestinas. Passa também por denunciar o descumprimento dos acordos internacionais por parte de Israel, que segue na ocupação expandindo sobre o território palestino com assentamentos israelenses. Israel é um estado genocida, que desumaniza os palestinos há 76, com extermínio e limpeza étnica, expandindo com apoio militar norte-americano e da OTAN.

Enquanto o Brasil fingia brincar de diplomacia, apoiando-se na falsa visão de “multilateralismo”, os EUA enviavam um navio porta aviões e caças para o mediterrâneo. A reunião de emergência do Conselho de Segurança virou uma reunião para “consulta”, não chegou a uma resolução conjunta e terminou com embaixadores sequer falando com a imprensa, já que o que está claro é que o que manda no mundo são os interesses imperialistas, em um cenário mundial que cada vez mais se aproxima da tendência a “crises, guerras e revoluções”.

Quer dizer, para os países que detém os assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU, o local para discussão da política frente ao conflito não é na ONU, e sim na OTAN, aliança militar hegemonizada pelos EUA que tem Israel como importante aliando extra-OTAN, e enquanto tal tem muitas benesses com o fornecimento de armamentos e equipamentos de guerra de última geração fornecidos diretamente pelos EUA e usados em sua política genocida contra o povo palestino.

Frente ao bombardeio indiscriminado de civis, fica claro que é descabido a comparação entre “ações terroristas” de um grupo militar e ações terroristas e genocidas praticadas pelo Estado genocida de Israel. Isso porque algumas horas após a postagem de Lula, Israel cercou Gaza e prosseguiu em um bombardeio indiscriminado que já dura mais de 24h. Civis, crianças, idosos, a população palestina em geral está na mira de um Estado que é capaz de cortar a energia elétrica, impedir o acesso de mantimentos, e bombardear indiscriminadamente casas, prédios, atingindo inclusive algumas escolas e hospitais segundo relatos. A prática do cerco de uma região civil, com uma população de mais de 2 milhões como é Gaza, é em si um crime de guerra sem precedentes que deveria ser denunciado dezenas de vezes mais do que as ações do grupo Hamas. Ao igualar oprimido e opressor, na prática, a “diplomacia” brasileira fortalece o lado do mais forte, ou seja, do imperialismo.

Agora, o Brasil aposta em trazer a China como ator para tentar impor uma negociação, em uma situação que só indica piorar em volatilidade, multiplicando a morte de civis enquanto começa a poder envolver outros fronts como a disputa do território libanês ocupado por Israel, e a provocação conjunta de Israel e dos EUA ao Irã, com a ventilação na imprensa ocidental de o que o Hamas supostamente teria tido apoio do país na ação.

O “multilateralismo progressista” petista e aposta na diplomacia, apesar de seu discurso e da defesa de uma solução negociada, acaba por atuar a favor de uma estratégia reacionária por acabar igualando oprimido e opressor, como se o povo palestino estivesse em condições de negociar frente a um Estado racista genocida. O cenário de guerra contra o povo palestino é uma prova disso, provando isso não só com as centenas de mortes, mas também com a inação do bloco do Brics, que recentemente comemorava adesão da Arábia Saudita e do Irã, dois países que adotam aproximações em campos opostos dentro deste conflito reacionário, tendo ficado A.S. mais próxima de Israel nos últimos meses.

Com isso, a estratégia petista não oferece oposição real ao avanço da política imperialista contra os palestinos e no Oriente Médio em geral. Estamos ao lado da resistência do povo palestino, sem que isso implique compartilhar da estratégia e dos métodos do Hamas, que visa estabelecer um Estado teocrático. Defendemos o direito à autodeterminação nacional do povo palestino e lutamos por uma Palestina operária e socialista onde árabes e judeus convivam em paz.




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