A União respondia processo judicial por abandono da Cinemateca, mas um acordo entre as partes prorrogou em mais 60 dias o prazo para a Secretaria Especial da Cultura dar continuidade na péssima atuação de preservação do patrimônio audiovisual brasileiro, que na noite passada ardeu em chamas na Zona Oeste de SP.
sexta-feira 30 de julho de 2021 | Edição do dia
Foto: Reprodução/YouTube
Em audiência na semana passada, representantes do Governo Federal, do MPF e do Audiovisual se reuniram e foram alertados sobre o risco de incêndio, principalmente nas películas de nitrato. O Governo Federal já responde processo por abandono da Cinemateca, mas em absurdo acordo entre as partes prorrogou por mais 60 dias o prazo para a Secretaria Especial da Cultura dar continuidade em sua péssima atuação no que se refere à preservação do patrimônio.
O risco de incêndio foi detectado tanto na sede da Cinemateca, na Vila Mariana, como nos galpões da Vila Leopoldina. E foi justamente no galpão da Zona Oeste de São Paulo, que o fogo, em mais uma tragédia capitalista anunciada, no início da noite desta quinta-feira (29), destruiu um patrimônio histórico de valor incalculável, apenas nove dias depois da audiência que promoveu mais um "acordão" entre o Judiciário e o Governo Federal.
No prédio, ficavam armazenados 1 milhão de documentos da antiga Embrafilme, como roteiros, artigos em papel, cópias de filmes e documentos antigos. Alguns tinham mais de 100 anos e seriam usados na montagem de um museu sobre o cinema brasileiro.
Os trabalhadores da Cinemateca Brasileira e entidades ligadas ao audiovisual brasileiro realizaram diversos protestos no ano passado, denunciando que a instituição passava pela maior crise de sua história. Fundada em 1946, a instituição não tinha recursos para o básico, incluindo atrasos em salários, contas de água e energia, fim do contrato com a brigada de incêndio e com a equipe de segurança.
Sem os trabalhadores não é possível realizar a preservação de todo o material que a Cinemateca tem em sua responsabilidade. Esses mesmos trabalhadores lançaram um Manifesto onde expressam sua preocupação e indignação frente às ações da Secretaria Especial da Cultura.
No Manifesto os trabalhadores agradecem o apoio da cadeia do audiovisual e de todas as pessoas, organizações, movimentos, e instituições brasileiras e internacionais que seguem lutando contra o descaso e o abandono do governo Bolsonaro em relação as bases históricas da cultura brasileira.
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