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24M Argentina | Enorme mobilização na Argentina no aniversário do golpe de Estado: há forças para derrotar o ajuste de Milei

A resposta ao negacionismo dos crimes da ditadura argentina e ao ajuste fiscal neoliberal foi enorme. Na Praça de Maio, organizações próximas ao peronismo denunciaram o presidente Milei, mas não os governadores ou a direção burocrática da Central Geral dos Trabalhadores, que permitem o avanço do ajuste. Depois, houve a marcha do Encontro Memória, Verdade e Justiça, que reúne assembleias de bairro, o sindicalismo combativo e a esquerda, exigindo uma greve nacional e um plano de luta.

quarta-feira 27 de março | Edição do dia
Mobilização para a Praça de Maio, primeiro de organizações próximas ao peronismo e depois, do Encontro Memória, Verdade e Justiça com a esquerda | Enfoque Rojo

Logo cedo, uma multidão ocupou as ruas do centro da Cidade de Buenos Aires e das principais cidades da Argentina, 48 ​​anos depois do golpe militar genocida de 1976. A notícia do dia foi a grande massa de pessoas que se viu em cidades como como Mar del Plata, Rosário ou Córdoba. Uma resposta contundente nas ruas às provocações negacionistas do governo Milei, à repressão e ao ajuste econômico neoliberal selvagem .

Na Cidade de Buenos Aires, uma multidão se mobilizou em direção à Plaza de Mayo. Desde cedo, a imagem do dia foi de ônibus, trens e metrôs cheios de gente indo para a mobilização. Imagens aéreas mostraram a histórica praça lotada de gente por muitas horas.

A convocação reuniu pessoas de todas as idades. Contudo, foi significativa a presença de jovens e adolescentes. Os lenços verdes da campanha pelo aborto seguro e gratuito também foram vistos no comício. Parte da maré verde que tomou as ruas no dia 8 de março também esteve presente neste 24 de março, repudiando também a misoginia e o machismo oficial do governo.

Como noticiamos no Esquerda Diário, houve duas marchas neste domingo na Argentina. Por um lado, a das organizações próximas ao Kirchnerismo, por outro, a do Encontro Memória, Verdade e Justiça. A razão foi a rejeição das organizações kirchneristas em realizar uma marcha em comum onde as diferentes posições fossem expressas através de dois documentos.

A mobilização de organizações ligadas ao peronismo

Os primeiros blocos a entrarem na Praça de Maio foram compostos pelas organizações de direitos humanos e as organizações próximas do kirchnerismo. Haviam iniciado a concentração depois do meio-dia. Por volta das 15h iniciaram um ato, no qual leram seu documento.

Do palco montado de costas para a Casa Rosada, Estela de Carlotto, Adolfo Pérez Esquivel e Taty Almeida tomaram a palavra para denunciar o governo nacional, ambos pelo seu negacionismo diante da última ditadura: “São 30 mil!” foi o grito que ecoou de milhares de gargantas.

O documento também repudiou as demissões nos Espaços de Memória, na Secretaria de Direitos Humanos e no Estado como um todo. A “estigmatização do funcionalismo público” também foi questionada. Também denunciaram o “plano de ajuste mais implacável destes 40 anos”. “É a repetição da miséria planejada por Martínez de Hoz”.

As organizações de direitos humanos relacionadas com o Kirchnerismo evitaram questionar os setores políticos que proporcionam governabilidade a Milei e facilitam o progresso do ajuste fiscal. Em seu documento, os governadores foram apresentados quase como vítimas, ao acompanharem o ajuste nacional com modalidades próprias.

Nem criticaram o papel da CGT que, depois do 24 de Janeiro, abandonou qualquer perspectiva de luta unificada nas ruas. Porém, a exigência de uma greve nacional esteve presente no evento. A certa altura, a multidão começou a gritar “greve, greve, greve geral”.

O Encontro Memória, Verdade e Justiça denunciou o ajuste e exigiu uma greve nacional e um plano de luta

Posteriormente, os blocos da convocação feita pelo Encontro Memória, Verdade e Justiça (EMVJ) começaram a entrar na Praça de Maio. Várias organizações de direitos humanos, organizações sociais, desempregados, sindicalismo combativo e da esquerda marcharam neste momento.

Também marcharam trabalhadores da fábrica recuperada sob gestão operária da Zona Norte, Madygraf, os motoristas da linha 60, professores da AGD UBA, Ademys, Suteba Tigre e Suteba La Matanza, trabalhadores da ATE INCAA, ATE Sur, Jóvenes do CONICET, da Comissão Interna do Hospital Italiano, da Diretoria Interna do hospital Garrahan, do grupo Bordó de la Alimentación, entre outros setores combativos. Da Cidade de Buenos Aires e La Plata chegaram ctrabalhadores do Posto de Saúde e Assistência.

Aqui se destacaram os trabalhadores da companhia estatal GPS-Aerolíneas Argentinas que enfrentam demissões discriminatórias pelo governo. Seu peso foi notado desde o início. Uma enorme bandeira contra as demissões cruzou a Avenida de Mayo na entrada da praça. Dizia “Companhias aéreas não estão à venda – Sem demissões na GPS”.

Também se destacou a presença de assembleias de bairro, órgãos de organização de base que têm desempenhado um papel importante na luta contra a Lei Omnibus de Milei. Mais de 50 estiveram presentes na mobilização. Estavam entre outros o Saavedra, Parque Patricios, Flores, San Cristóbal, Unión HipHop, Parque Avellaneda, Villa Luro/Liniers, San Telmo, Paternal, Scalabrini e Corrientes, Villa Urquiza, Barracas, Boedo, Plaza Almagro, La Boca, Villa Pueyrredón, Parque Los Andes, Caballito, Parque Chacabuco; Ramos Mejia, Laferrere, Casanova, Morón, Unahur, Hurlingham, Ituzaingó, Libertad, Pádua, Merlo, Moreno, Gral Rodríguez, Ciudadela, Mercedes e Posto de Saúde Ocidental; Tigre, Quinta de uOlivos, San Martín, Caseros, Podesta, Ciudadela, Escobar, San Miguel, José C. Paz, Avellaneda, Lanús, Lomas de Zamora, Quilmes, Florencio Varela, Burzaco e Esteban Echeverria.

Entre as organizações de direitos humanos estavam CeProDH, Encuentro Militante Cachito Fukman, Cadhu, entre outras. Entre as organizações políticas marcharam o PTS, PO, MST e IS, todos membros da Frente de Esquerda Unidade, junto a outras organizações. Estiveram presentes deputados nacionais de esquerda como Myriam Bregman, Nicolás del Caño, Christian Castillo e Romina del Plá.

No seu evento, o Encontro Memória, Verdade e Justiça denunciou o ajuste e exigiu uma greve nacional da CGT e das centrais sindicais. O documento lido afirmava, entre outras coisas, que “nem Milei nem o seu plano caíram do céu. As políticas antipopulares e antinacionais vêm de governos anteriores, agora agravadas. E há responsabilidade política dos governos do peronismo. Falam de direitos humanos, mas os banalizaram, ajustaram, nos reprimiram e trouxeram o Projeto X, o genocida Milani e as leis "antiterroristas" que hoje Bullrich aplica em Rosário. Após o desastre de Mauricio Macri, prometiam "voltar melhores", mas nos trouxeram Berni, repressor no desalojamento de Guernica e outras lutas, conspiraram com Vicentín e adotaram a agenda da direita. Por exemplo, deixaram milhares de funcionários públicos com contratos lixo, facilitando as demissões de hoje. Assim frustraram as expectativas populares e acabaram abrindo as portas para Milei".

Ressaltaram ainda que "Milei tem cúmplices. Discursos e argumentos à parte, todos os governadores aplicam medidas semelhantes e garantem a governabilidade de Milei, junto com o Judiciário e os partidos patronais. A inflação não para e o salário mínimo e a aposentadoria estão abaixo da linha de miséria. É por isso que dizemos: Abaixo o plano de ajuste, entrega e repressão de Milei e dos governadores! E às lideranças da CGT e da CTA, que, diante da raiva social, convocaram uma greve em 24 de janeiro e agora dizem ’preparar’ outra, lhes dizemos: Chega de rodeios! Marquem agora uma data para uma greve geral ativa e um plano de luta até derrotar o DNU e todo o plano Milei, que não é possível suportar mais".

Após esta mobilização, ocorreu um ato combativo convocado pelos trabalhadores da GPS-Aerolíneas Argentinas, que têm lutado contra dezenas de demissões persecutórias e contra a tentativa de privatização de Milei. Contaram com o apoio de assembleias de bairro, de setores do sindicalismo combativo e da militância e dos deputados do PTS-Frente de Esquerda.

Mobilizações massivas em toda a Argentina

A enorme concentração na Plaza de Mayo foi replicada em todo o país. Houve marchas massivas em cidades importantes como Rosário, Mar del Plata, Córdoba, Mendoza e outras. Em muitos deles, a esquerda marchou propondo a necessidade de impor uma greve nacional e um plano de luta até que o ajustamento fosse derrotado.




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