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Rio de Janeiro | Principais centrais sindicais organizaram um 1º de maio chapa branca junto com Eduardo Paes

No primeiro 1º de maio no governo Lula-Alckmin as maiores centrais sindicais do país abandonaram a luta pela revogação das reformas de Temer e Bolsonaro e promovem atos junto a empresários, convidam bolsonaristas como Tarcísio em SP e aqui no Rio promovem um evento com o prefeito Eduardo Paes, o mesmo que persegue enfermeiras, professores, garis. Construamos um primeiro de maio independente dos governos e capitalistas.

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

sábado 29 de abril de 2023 | Edição do dia

O 1º de Maio é um importante dia de luta da nossa classe. Os trabalhadores têm diante de si a necessidade de lutar pela revogação de todas as reformas de Temer e Bolsonaro, o Novo Ensino Médio (que Lula já falou que não revogaria), a reforma trabalhista, a reforma da previdência e cada privatização que vinha acontecendo, e segue acontecendo mesmo com novo governo, como vimos na privatização do metrô de BH e com a privatização da Petrobras de todo Norte Capixaba.

Milhões de trabalhadores nutrem expectativas de que o governo Lula-Alckmin reverteria essas medidas, mas diversas declarações e ações mostram o contrário. Diante desse cenário as maiores centrais sindicais, como CUT, Força Sindical, CTB e UGT não somente organizaram o principal primeiro de maio do país, em SP, junto ao governo Lula-Alckmin, como chegaram a convidar o bolsonarista Tarcísio e em sua pauta deixaram de defender a revogação da reforma trabalhista para defender a “revisão de pontos regressivos”.

Essa mudança de pauta é parte da paralisia e conciliação que as centrais sindicais estão construindo, impedindo questionar toda herança econômica do golpe e da extrema direita. Não há nenhum questionamento a essa herança ou ao novo “arcabouço fiscal” do governo que foi muito elogiado pelo mercado financeiro. Esse mesmo arcabouço fiscal que partidos como o PSOL já se comprometeram a não ser contrários mas a “melhorá-lo”.

Aqui no Rio de Janeiro essa orientação nacional é complementada pela organização de um evento oficial com patrocínio da prefeitura de Eduardo Paes e de empresas. Convidam a participar desse ato chapa branca ato não somente as principais centrais sindicais, mas também diversas correntes do PSOL, entre elas o Resistência-PSOL e a Unidade Popular (UP) e seu grupo estudantil Correnteza. Fazem chamados diferentes e falam em “disputar as bases” mas irão a uma festa com dinheiro e palanque da prefeitura, mostrando a falácia de seus discursos combativos e de independência política, não somente diante do governo federal de Lula e Alckmin mas até mesmo de Eduardo Paes com quem irão dividir palanque em Madureira.

O primeiro de maio dessas centrais sindicais, do Resistência-PSOL e da UP, contará com diversas tendas de “serviço” da prefeitura, e não é de se estranhar que tenha até mesmo discurso do prefeito que promove uma violenta repressão aos camelôs, ataca a greve das trabalhadoras da enfermagem em defesa de seu piso salarial, ataca a educação e persegue os garis. É inaceitável construir um primeiro de maio com governos, com inimigos declarados dos trabalhadores como Paes.

A organização de um primeiro de maio junto com Paes é continuidade da política nacional de conciliação dessas centrais e organizações políticas, mas também é expressão da transformação desse governo do PSD em uma outra forma de governo da frente ampla. Enquanto no nível federal e em estados do nordeste temos a frente ampla capitaneada pelo PT com neoliberais como Alckmin na vice-presidência e diversas cores de golpismo nos ministérios, aqui na prefeitura temos o executivo na mão da direita tradicional e diversas secretarias nas mãos de partidos da frente ampla, com o PT tendo 3 secretarias, o PDT 1 e o PSB de Alckmin mais uma.

O ato de Madureira express exatamente esse compromisso com o governo e a grande frente ampla que não vai revogar as reformas, nem mesmo promoverá a luta contra o prefeito e seus ataques à saúde, educação, aos garis e camelôs.

Que o 1º de Maio esteja nas nossas mãos, a serviço de um movimento independente de todos os governos, para batalhar por nossas demandas

Esse contexto político nacional e local coloca a necessidade da reorganização do movimento de trabalhadores e do movimento sindical de maneira independente, atravessada pelas principais tarefas e pautas da classe trabalhadora e da população.

O movimento contra o Novo Ensino Médio tem um grande potencial, inclusive em paralisações e manifestações no Rio de Janeiro. Já vimos desde o governo de transição, com a participação dos empresários e setores da direita responsáveis pela reforma do ensino médio, que estão buscando assegurar que ela seja mantida, barateando custos da educação básica pública em nome dos monopólios educacionais e da fraudulenta dívida pública. Até agora as direções das entidades estudantis, o Sindicato de Profissionais da Educação do Rio (SEPE) e a CNTE trataram de separar o descontentamento da comunidade escolar, chamando atos de estudantes separados dos professores, para não dar margem a essa aliança que pode ser explosiva. Derrotar e derrubar essa primeira reforma golpista é imprescindível e urgente, por isso precisamos unificar a comunidade escolar para impulsionar um forte movimento nacional pela revogação integral do Novo Ensino Médio, que pode ser ponto de apoio importante para a luta pela revogação integral de todas as reformas, como a da previdência e trabalhista.

Essa última é uma questão impositiva para qualquer e organização que diga defender os interesses das e dos trabalhadores. O 1° de Maio deve ter como bandeira a revogação integral da reforma trabalhista e a defesa dos plenos direitos trabalhistas para os trabalhadores de plataformas, além da igualdade salarial entre homens e mulheres.
A classe trabalhadora brasileira é em sua maioria composta por mulheres, e em particular as mulheres negras estão nos postos de trabalho mais precarizados e terceirizados, uma forma de contratação que só avançou nos anos de governo do PT, para dividir ainda mais a classe trabalhadora. Por isso, também nós do MRT e Pão e Rosas, estamos impulsionando um Manifesto contra a terceirização e a precarização do trabalho junto a centenas de intelectuais da esquerda, entidades e organizações, que hoje já conta com mais de 1500 assinaturas. Nele defendemos o fim da terceirização com a efetivação de todos os terceirizados e contratados, o que também levantamos como bandeira central neste 1º de Maio.

A situação internacional é um ponto de apoio forte para avançar na construção de uma posição independente no Brasil, partindo do exemplo da luta contra a reforma da previdência na França, que não dá trégua, ao ponto das grandes mídias brasileiras não poderem ocultar. Precisamos nos influenciar pelas ruas francesas cheias e aquecidas com estudantes e trabalhadores.

No momento em que no Brasil alguns setores e categorias parecem começar a retomar a iniciativa de lutar, os atos de 1º de Maio devem se colocar no sentido do desenvolvimento da luta de classes, levada e construída pela auto-organização dos trabalhadores como a única forma de enfrentar os ataques e este sistema capitalista.

É com essa perspectiva que viemos defendendo e estamos construindo atos independentes do governo, junto à CSP-Conlutas, sindicatos e organizações que compartilham uma posição de independência dos governos. Aqui no Rio de Janeiro construiremos um ato independente no Museu do Amanhã às 14hs denunciado a conciliação com Paes e o governo federal e mantendo alto as bandeiras da independência de classe.

É necessário construir um polo político independente, anti-burocrático e classista, com os setores que se colocam independentes do governo e à esquerda do PT e das burocracias sindicais e dos movimentos sociais, para se articular na luta de classes. Enfrentando aqueles que querem conciliar com governos e batalhando pela unidade, o contrário do que está fazendo, por exemplo o PCB, que rompeu com o ato independente colocando divergência de local do ato para encobrir sua relutância em construir um ato que questione a burocracia sindical e seus aliados que irão a Madureira com Paes.

Construir atos independentes do governo, e portanto dos atos convocados pela burocracia sindical, e classistas no próximo Dia das e dos trabalhadores pode ser um primeiro passo nesse sentido, articulando as mobilizações iniciais que encontramos em importantes categorias como metroviários de SP, trabalhadores da saúde e educação, terceirizados da REDUC, terceirizadas da faculdade de medicina da USP.

São essas lutas que o MRT, a Faísca Revolucionária, o Pão e Rosas e o Esquerda Diário levarão à frente na construção dos atos classistas no 1M, buscando a unidade com outras organizações e a CSP-Conlutas.




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