De acordo com informações do Poder 360, Davi Alcolumbre (DEM) redigiu uma carta no prazo de 16 dias defendendo os interesses da Atvos, pertencente à Odebrecht.
quarta-feira 16 de dezembro de 2020 | Edição do dia
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A Atvos, dona de terras em 9 estados do Brasil, foi cedida como garantia para uma obra que a Odebrecht, alvo da imperialista Lava Jato, não concluiu no Peru. Após uma derrota na justiça, a Atvos pediu para Alcolumbre se manifestar. O golpista presidente do Senado, garantidor de reformas e ataques contra os trabalhadores, defendeu os interesses da empresa. O argumento da empresa pela obra não finalizada, que tinha a Atvos como fiadora, é que estrangeiros não podem ter terrenos rurais no Brasil.
Diante das considerações da opinião pública de que seria um movimento "atípico" do membro do DEM, Alcolumbre afirmou: “Cabe ressaltar que qualquer cidadão é parte legítima para peticionar os poderes públicos quanto entender que seus direitos estão sendo violados, prerrogativa que é inerente ao Estado de Direito e decorre da Petition of Right inglesa de 1628. Essa garantia consta da alínea a do inciso XXXIV do art. 5º da nossa Constituição Federal”.
Apesar da iniciativa de Davi Alcolumbre, de redigir a carta, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) deu ganho de causa ao fundo Lonestar, que comprou as ações que pertenceram à Atvos.
Neste episódio aberto de uma disputa entre distintos grupos acionistas, pode-se ver como o Estado de fato é um balcão de negócios, cujos membros que atacam cotidianamente a classe trabalhadora, sua aposentadoria, a educação e a saúde, podem se pronunciar abertamente em defesa de interesses empresariais como representante do Senado oligárquico, alegando que querem defender os interesses de qualquer cidadão.
Outro exemplo desse papel do Estado é a Operação Lava Jato que, com o discurso de combate à corrupção, foi pilar do golpe institucional. Recentemente Sérgio Moro foi anunciado diretor executivo e sócio da consultoria Alvarez & Marsal, contribuindo para a recuperação de empresas que foram investigadas pela Lava Jato, como a própria Odebrecht, ficando claro a demagogia desse discurso de combate à corrupção.