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UFABC | Com 15% dos votos no DALI, Faísca apresenta um programa independente para defender a educação.

18 de outubro ocorreu a primeira eleição para o DALI - Diretório acadêmico das Licenciaturas Interdisciplinares com duas chapas em disputa: Chapa 1 “Nosso futuro não se negocia”, uma chapa de Oposição ao DCE composta pela Faísca Revolucionária e independentes e a Chapa 2, “A luta tem que continuar” (Movimento Correnteza + independentes). Onde a Faísca defendeu entidades estudantis cumprissem o papel de ser ferramentas de organização da nossa luta de forma independente do governo Lula-Alckmin e da reitoria frente aos enormes ataques como o Novo Ensino Médio, a ampliação dos cursos EAD e dos tubarões do ensino privado e os cortes milionários à educação.

Jenifer TristanEstudante da UFABC

Gab CostaEstudante de LCH na UFABC e militante da Faísca Revolucionária

segunda-feira 30 de outubro de 2023 | Edição do dia

No dia 18 de outubro, ocorreu a primeira eleição para o DALI - Diretório acadêmico das Licenciaturas Interdisciplinares com duas chapas em disputa: Chapa 1 “Nosso futuro não se negocia”, uma chapa de Oposição ao DCE composta pela Faísca Revolucionária e independentes e a Chapa 2, “A luta tem que continuar” (Movimento Correnteza + independentes), da qual a Presidente do DCE fez parte e apontava uma continuidade da institucionalização do movimento estudantil subordinado ao governo de frente ampla Lula-Alckmin.

A eleição do DALI ocorreu logo após a greve unificada do Metrô, CPTM e Sabesp, no último dia 03/10, cujo o adiamento das eleições foi parte de uma proposta da Faísca na Assembleia das licenciaturas para garantir tempo para construir o dia 02/10 a Assembleia geral; Esse processo, que debatemos aqui foi bastante importante de politização da universidade, mas seguiu com velhos problemas de não servir efetivamente para organizar a luta dos estudantes, uma vez que o DCE (gestão composta por Movimento Correnteza, UJC e PSOL), além de não levar adiante os encaminhamentos, mantiveram sua postura de comemorar vitórias e uma paralisação que não existiu, já que sequer foi chamado qualquer ação para a vanguarda que se reuniu na Assembleia que pudesse se conectar com a base dos cursos. Ainda assim, o surgimento do Comitê das Licenciaturas em meio a esse processo demonstrou uma disposição importante para avançar nessa articulação.

As eleições ajudaram a politizar as licenciaturas, que são compostas por cursos extremamente novos, ofertados a partir de 2020 e cujo D.A (DALI) completou 1 ano de existência agora, sendo essa sua primeira eleição. No marco de que o calendário eleitoral em meio a um feriado não é a melhor escolha, a chapa 1 teve problemas de saúde e a comissão eleitoral composta majoritariamente pelo movimento Correnteza, preferiu reduzir as discussões do que adiar em três dias as eleições.

Nós da Faísca, que impulsionamos a Chapa 1, batalhamos nesta eleição para que as entidades estudantis cumprissem o papel de ser ferramentas de organização da nossa luta de forma independente do governo Lula-Alckmin e da reitoria frente aos enormes ataques como o Novo Ensino Médio, a ampliação dos cursos EAD e dos tubarões do ensino privado e os cortes milionários à educação. Buscamos apresentar uma perspectiva democrática de organização, pensando como ampliar a participação dos estudantes, à começar por um Congresso das Licenciaturas onde se pudesse debater como organizar a luta contra o NEM, os nossos currículos e a gestão proporcional da entidade, onde todos os votos pudessem ser representados e assim ampliar as discussões e os debates frente a variedade de pensamentos, programas e estratégias que se expressam dentro do curso.

Conformamos uma chapa que buscou ser uma continuidade à batalha que demos nas eleições do DCE/CONUNE, com a chapa “Desafiando a miséria do possivel” quando conseguimos 584 votos e levamos 5 delegados para o CONUNE para representar as ideias de aliança com os trabalhadores efetivos e terceirizados e não com a Reitoria e os governos. Uma atuação que ficou marcada pela nossa deselegância com o ministro golpista do STF que além de tudo, se orgulhava de ter atacado o piso da enfermagem.

A diferença entre as eleições, certamente é que no DALI tivemos a oportunidade de desenvolver desde as licenciaturas, onde se concentram muitos dos ataques, um programa que pautasse as questões mais sentidas na UFABC, mas que também fosse capaz de organizar junto aos professores e os secundaristas da região, por exemplo, a luta contra o NEM que passa a reformular todo o conjunto da educação, inclusive do ensino universitário, porque sabemos que há nos estudantes de licenciatura no geral uma disposição de luta, não à toa foram vanguarda na greve da USP e também da Unicamp.

Nos debates de chapa pudemos buscar apontar as contradições da Chapa 2 - "A luta tem que continuar", que em primeiro lugar não abordava com centralidade a luta contra o Novo Ensino Médio, nem o papel da UNE nesse processo de não articular uma luta nacional e também não conectava os ataques do governo de frente ampla Lula-Alckmin a realidade concreta, inclusive para pensar a consolidação das licenciaturas na UFABC. O pensamento "corporativo" de abordar os problemas cotidianos da UFABC por fora de uma reflexão que os conecte com os ataques do governo de Frente Ampla, já que se trata de uma universidade federal que depende das políticas do governo federal, para nós é um claro exemplo de adaptação à política de conciliação que é o que vem abrindo espaço para a extrema-direita e serve também para blindar a reitoria que é um braço dessa articulação que envolve os setores da direita e os privatistas da educação que, como denunciamos, receberam 6 bilhões do orçamento do MEC, como a Lehman Brothers.

Outra batalha central foi sobre a demanda de contratação de professores e funcionários efetivos e a garantia do gatilho automático (reposições imediatas de funcionários quando há perda), algo elementar para prevenir que os cursos recentes acabem com os mesmos dramas que vemos em Relações Internacionais e Economia que sobram chutes e faltam professores, ou o problema sentido por qualquer estudante do noturno que não consegue atendimento em horários de aula, fruto da falta de funcionários. Problemas que em momento algum podemos desassociar da convivência harmônica da reitoria, que se vangloria de ser “a melhor das federais", com a jornada de trabalho extenuante que as trabalhadoras do RU, por exemplo, exercem para atender nossas demandas. Uma questão que soubemos conectar com a reivindicação correta dos estudantes pela redução radical do preço do RU, demonstrando como a nossa luta por permanência sem precarização é o caminho para criarmos a força necessária para arrancar nossas demandas.

Infelizmente, apesar dos diversos chamados a chapa 2 de, independente do resultado eleitoral, defendermos juntos o Congresso das LIs ou a efetivação dos terceirizados, ambas propostas foram ignoradas, uma demonstração da falta de interesse em promover a unidade, apesar das diferenças que temos e que são amplamente conhecidas.

Passagem em sala junto a professores da subsede APEOESP Santo André

Surge uma Oposição às gestões do Correnteza no DCE/DALI dentro das Licenciaturas?

Os 15% dos votos que a Chapa 1 conquistou, mesmo em meio a COVID, feriado, e nossa recém chegada nos cursos e na própria UFABC, foi parte de uma discussão de programa que fortalece o surgimento de uma nova tradição de movimento estudantil que, diferente do que vem por anos incentivando o Movimento Correnteza, não siga subordinando as nossas lutas ao governo ou a Reitoria.

Nos orgulhamos de ter apresentado um programa de independência dos governos e das reitorias, com propostas concretas de auto organização como a eleição de representantes de sala revogáveis por quadrimestre, ou mesmo as assembléias de curso em horários de aula com a liberação sem falta para garantir a ampla participação, como forma de demonstrar que é possível uma outra forma de encarar as entidades e de organização da nossa luta.

Viemos debatendo com os estudantes que a conciliação de classe é o que abre espaço para a direita e fortalece a extrema direita, um debate fundamental após 10 meses de governo Lula-Alckmin, e se pode constatar que seguem as reformas como a trabalhista, da presidência, o Novo Ensino Médio enquanto quem ganha ministérios é os Republicanos, partido do Tarcísio de Freitas. Esse que já tem garantido receber milhões para as obras do PAC que financia as linhas privatizadas do Metrô e CPTM. Além da reforma tributária que isenta as igrejas evangélicas, que foram os pilares do bolsonarismo.

A questão é que não é possível enfrentar a extrema direita preservando a conciliação de classes, que já inclui setores da própria extrema direita no governo. Por isso, nós viemos debatendo que é um erro buscar consolidar as licenciaturas por fora do debate nacional, uma vez que o projeto de país do golpe institucional tem um lugar bastante claro para a educação, como viemos denunciando o papel do NEM em articular a educação de forma que corresponda a um país sem direitos trabalhistas, de aposentadoria e de perspectiva de criação de um futuro.

Se abre agora um processo importante de experiência dos estudantes com a gestão eleita, onde seguiremos atuando em cada um dos espaços das LIs buscando aprofundar essas reflexões e apresentar uma perspectiva que possa superar esses métodos burocráticos, a concepção administrativa da entidade e especialmente o papel de conciliação de classe que o Movimento Correnteza busca aprofundar no DALI como já se pode ver na sua gestão para DCE.

Frente ao encerramento da greve da da USP e da UNICAMP, onde nós da Faísca pudemos apresentar aos estudantes das estaduais paulista a mesma coerência e firmeza de ampliar os espaços de democracia estudantil, apontar um caminho independente dos governos e das reitorias, também pudemos ver aonde essa concepção mais adaptada e mais burocrática levou os estudantes, questões que buscaremos trazer pra UFABC como forma de aprendermos coletivamente com as experiências das lutas recentes.

Nosso futuro não se negocia!

Faísca + professores da rede pública de São Paulo

Como nossos objetivos são de questionar a universidade de classe para questionar a sociedade de classe, as eleições não são um fim em si mesmo. Nossa luta não começa e muito menos acaba com as eleições. Conquistamos 15% dos votantes que veem hoje a necessidade de uma entidade diferente das que temos na UFABC. Vamos seguir lutando por essa perspectiva, buscando que esses votos possam encontrar apoio nas próximas lutas e mobilizações. Enviamos um recado à reitoria e aos governos de que um setor, ainda que hoje minoritário, acredita que precisamos de independência para levar nossas lutas adiante e temos certeza que essa fração do movimento pode ganhar ainda mais corpo e se desenvolver de forma ativa.

Chamamos os estudantes que concordam com essa perspectiva para debater conosco formas de atuação comum que permitam fortalecer essa voz dentro da universidade nessa batalha por construir uma nova tradição de movimento estudantil, queremos construir com aqueles estudantes que chegam a essa conclusão de que não podemos deixar o DALI reproduzir os mesmos problemas burocráticos e de confiança na reitoria que tem o DCE. Seguiremos batalhando para recuperar as entidades para mão dos estudantes como ferramentas de luta, apresentando chapas comunistas que permitam dar voz a essas críticas e firmando uma Oposição dentro da universidade que possa se fortalecer e cumprir um papel decisivo quando novos processos de luta se desenvolverem. É na aposta do papel que o DALI, o DCE e cada uma das nossas entidades podem cumprir para que as nossas lutas futuras triunfem, que dedicamos a nossa energia e disposição para produzir os nossos matérias, debater com cada estudante, fazer as passagens em sala, porque nosso futuro não se negocia e, para poder criá-lo, vamos ter que passar por cima da extrema direita e, ao lado dos trabalhadores, derrubar esse sistema de opressão e exploração que é o capitalismo.




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