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Chega de manobras APEOESP | Tomar a paralisação do dia 26 em nossas mãos contra a precarização e o NEM

No próximo dia 26 de abril, os professores do estado de SP farão uma assembleia e paralisação contra os ataques de Tarcísio e Feder à educação, que quer substituir o professor até mesmo pelo chatGPT, combinado à demissões, privatização, plataformas e ao aprofundamento do NEM nas escolas. Para que essa mobilização seja real e aponte o caminho da greve é preciso que os professores tomem a paralisação nas suas mãos, contra a direção burocrática do sindicato, a APEOESP, que não organiza a força da categoria pela base. Basta de manobras! É preciso organizar já a greve dos professores contra as plataformas, o NEM e por salários.

sábado 20 de abril | Edição do dia

Já não é mais uma novidade que os ataques à educação vem se acumulando na vida de todos os professores e estudantes. Começamos o ano em São Paulo com professores Categoria O (contratados) desempregados e sem salário e com calote do governo sem pagar o ALE, complemento salarial para escolas em regiões de vulnerabilidade social. Uma situação escandalosa, deixando milhares de professores, que já têm salários ultra defasados e que todos os dias se enfrentam com a total falta de estrutura dessas escolas, tendo que se preocupar também com como vão alimentar suas famílias. Combinado a isso, todos os dias vemos crescer dentro das escolas o nível de controle das nossas aulas e do nosso trabalho, além do assédio moral constante, com a imposição do que podemos chamar de plataformização da educação.

Uma série de plataformas digitais, que estão alinhadas ao NEM, e servem para ditar como, com qual ritmo e quais os conteúdos os professores devem dar em sala de aula, querendo nos transformar em meros apresentadores de slide. A quantidade de plataformas confunde os estudantes, que se veem ansiosos e cada vez mais mergulhados em telas no ambiente social da escola. Agora, querem diretamente nos substituir até mesmo pelo chatGPT, pressionando cada professor a “andar na linha” que o governo quer para não perdermos os nossos empregos, como se fossemos substituíveis pela inteligência artificial. Um projeto que com a desculpa de incluir a tecnologia na educação na verdade está a serviço de minimizar conteúdos, de aligeirar a formação dos estudantes e adequar a formação ao trabalho ultra precário que também querem impor aos professores, ou seja, querem tirar o aspecto das relações humanas dentro das nossas escolas.

A esse cenário se combinam todos os planos privatistas de Tarcísio e de cortes, que já avança com a privatização da gestão de 33 escolas em São Paulo para serem modelos e com o corte de 10 bilhões da educação, retirando 5% do investimento. Além de já ter aprovado a privatização da Sabesp e busca avançar com a privatização do Metrô e CPTM, com medidas repressivas e de demissão aos lutadores, como vemos com os metroviários. Uma política que entrega os serviços públicos para o grande empresariado, enquanto os trabalhadores e a população pobre sofre com a precarização.

Essa política está apoiada pelo arcabouço fiscal e financiada com o “maior cheque” do PAC, que Lula destinou para o governo de Tarcísio de Freitas, no valor de R$10 bilhões. Um verdadeiro pacto privatista entre o governo de frente ampla de Lula-Alckmin e do bolsonarista Tarcísio, inclusive com afagos e elogios públicos. Além disso, o governo da frente ampla segue atendendo o empresariado da educação, do qual Haddad sempre foi sócio, e assim mantém o novo ensino médio, com remendos que não atingem seus problemas centrais, como foi a última reforma, e agora ainda propõe um PL da uberização que vai significar a legalização do trabalho sem direitos, com mais de 12h de jornadas diárias. Querem a educação e o trabalho caminhando juntos na precarização.

A luta dos professores no Ceará e a greve dos técnicos administrativos das federais mostram o caminho

Mas para enfrentar esse cenário, vemos que professores e trabalhadores da educação vêm apontando um caminho. Estamos diante de uma greve dos técnicos administrativos nas universidades federais que estão lutando contra o arrocho salarial de anos, que se aprofunda com o arcabouço fiscal de Haddad que impõe um reajuste zero. A greve se expressa de norte a sul do país e agora ganha adeptos de professores universitários e começou a contaminar o movimento estudantil.

No Ceará, para mostrar sua disposição de luta, os professores tiveram que promover uma verdadeira chuva de cadeiras contra a direção traidora do seu sindicato (dirigido pelo PT, PCdoB, e também com composição do PSOL) que negou a proposta de greve. E mesmo assim promoveram atos e paralisação, mesmo sem sua direção do sindicato, expressando um sentimento de revolta contra aqueles que usurpam nossos sindicatos, que deve servir de inspiração para vários trabalhadores, como os professores de SP e nossa luta para retomar a APEOESP, dirigida pelos mesmos setores do sindicato no Ceará, para as mãos dos trabalhadores.

Esse cenário aponta o caminho que os professores do Estado de São Paulo devem seguir, retomando os métodos históricos da nossa classe!

É preciso tomar a paralisação em nossas mãos contra as manobras da APEOESP e para organizar a nossa mobilização

No dia 26 de abril está sendo chamada a assembleia com paralisação, e conforme votado na última assembleia da categoria, deveria constar um claro indicativo de greve da educação básica em SP. No entanto, estamos vendo que a direção do sindicato, mais uma vez, não quer construir a nossa luta e quer nos fazer acreditar que é através da justiça e esperando as eleições que vamos reverter esse quadro, o que já vimos inúmeras vezes ser um caminho que só fortaleceu os ataques a educação e a extrema direita de Tarcísio.

Há quase 10 anos não vemos uma forte greve dos professores em SP e nesse período a direção do sindicato foi tirando a confiança na tradição de luta da categoria. Mas o que estamos vendo nas escolas são professores revoltados, categoria O que ficaram 3 meses sem salários e estão fatiados em diversas escolas para completar a jornada, professores da PEI que não aguentam mais o assédio, professores que estão vendo a reforma do ensino médio destruindo a educação, efetivos que estão vendo um controle enorme sobre seu trabalho e a perda de direitos elementares. São esses professores que devem tomar a paralisação em suas mãos, organizando a nossa força em cada escola, chamando colegas a paralisar e a ir para São Paulo, e exigindo que a APEOESP coloque sua estrutura à esse serviço.

Não podemos deixar que mais uma vez a Apeoesp não construa nossa mobilização e fique sem passar nas escolas para fortalecer a confiança na luta conjunta com os professores, não convoque aulas públicas, reuniões de representantes de escolas (REs) ou reuniões regionais, sem discussão com a comunidade escolar. Nós do Nossa Classe Educação, que somos parte da Oposição Unificada Combativa, viemos defendendo que era preciso ter diversas medidas de preparação na base, como as que citamos acima, para chamar os professores a não só paralisar dia 26, mas a já construírem a greve no chão das escolas, único caminho para barrar os inúmeros ataques à educação.

Esse caminho foi o que fizemos, em especial em Santo André, onde o Nossa Classe Educação está a frente da direção da subsede, vindo reuniões de REs, passagens em escolas onde os professores estão organizando sua paralisação e acabou de acontecer um Encontro de dezenas de professores em defesa dos categoria O e contra a precarização, com a presença do jurista e professor da USP Souto Maior, onde pudemos defender a necessidade da efetivação dos professores contratados, sem necessidade de concurso.

E é esse o caminho que precisamos exigir de Fábio, Bebel Noronha e Zafalão, que a direção da Apeoesp tome. Os professores precisam tomar em suas mãos a mobilização, exigindo que o sindicato seja sua ferramenta de organização e que não deixe nenhum professor sozinho diante das inúmeras represálias e assédios aos lutadores. Os professores categoria O são os que mais estão vendo os efeitos dessa política de ataques e precarização em suas vidas e estão buscando formas de se organizar. Mas o receio sobre seus contratos e a perda de seus salários é inegável, já que a política antissindical de Tarcísio é cortar o dia de salário do professor que se mobiliza e não dar nem mesmo direito à reposição, além de ameaçar constantemente o professor contratado de demissão.

Justamente por isso, é preciso que a Apeoesp esteja no chão das escolas, para mostrar às direções e ao governo que não vamos aceitar que controlem nosso direito, inclusive constitucional, de se organizar, é preciso mostrar que temos mais a perder quando ficamos calados do que quando nos organizamos. Como afirmou o professor de direito da USP e jurista Souto Maior no encontro de professores:

“Se a gente não quer sofrer consequências…ai a gente simplesmente não faz nada? Os problemas só vão aumentar. Por exemplo, como vamos unir os categoria O para lutar por isso com segurança? Não tem. Então não tem o que fazer? Não, sempre é melhor fazer, mesmo contando com as represálias que possam ter, porque senão a derrota já está dada…Se não fizermos nada agora, o risco que se corre é do ano que vem estar pior ainda, e no outro pior, e ainda pior, então risco por risco, vamos tentar o risco de melhorar as coisas.”

Chamamos todos os professores que acreditam que o caminho é a nossa mobilização pela base a estarem com o Nossa Classe desde já, nas passagens nas escolas dialogando com os professores, na assembleia para atuarmos em comum para defender a luta e mobilização dos professores, retomando sua enorme força e exigindo da Apeoesp a construção da nossa greve.

Procure as subsedes da sua região cobrando que passem nas suas escolas e ajudem a debater com a comunidade escolar. Acompanhe a construção da greve pelas páginas do Nossa Classe e do Esquerda Diário.




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