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Rio Grande do Sul | Enquanto povo perde suas casas, Fiergs e empresários querem suspender contratos de trabalho

Diante da maior catástrofe ambiental do Rio Grande do Sul que submergiu bairros e cidades inteiras, empresários ligados a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) mostram sua verdadeira face ao tentarem fazer com que os trabalhadores que perderam tudo ainda tenham que pagar a conta dessa devastação causada pelo capitalismo.

quinta-feira 9 de maio | Edição do dia

O jornal burguês GZH publicou uma coluna no dia 7 com o título: “Entidades empresariais querem suspensão de contrato de trabalho, ministério pede tempo” no qual traz que um grupo de empresários gaúchos se encontrou com o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, para negociar uma série de medidas para salvarem seus lucros e manterem suas operações.

Eis o grande plano da iniciativa privada para os trabalhadores gaúchos: suspensão temporária do contrato de trabalho, facilitação de teletrabalho, antecipação de férias individuais e coletivas, aproveitamento de feriados, banco de horas, além da suspensão do recolhimento do FGTS.

Para atingir parte desses objetivos, procuram uma reedição do Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEM) utilizado pelo governo federal durante a pandemia. Esse programa permitia não só a redução da jornada de trabalho com redução salarial, como também a própria suspensão do contrato de trabalho por até 6 meses. Esse programa interessa aos capitalistas porque com ele não só permite a redução salarial como, quando for caso de suspensão, isenta o empresário a pagar o salário do trabalhador ou, a depender do faturamento da empresa, paga o equivalente a 30% do salário. Enquanto isso o trabalhador recebe um valor mensal do governo que corresponderia ao seu seguro-desemprego, uma quantia muito inferior ao seu salário real.

Ou seja, mesmo em um cenário de destruição que se assemelha a uma guerra, com 230 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas, 606 mil com falta de água e 454 mil sem luz, onde as pessoas se encontram no seu momento mais frágil, mais necessitadas de recursos, os capitalistas querem repassar essa conta para os trabalhadores pagarem. Usando de sua influência política e econômica sobre o governo, procuram manter formas de preservarem suas fortunas enquanto condenam aqueles que perderam tudo a amargurarem situações ainda mais desesperadoras.

O ministro, que anteriormente já demonstrou sua subserviência ao capital ao afirmar que não iriam revogar a reforma trabalhista que jogou milhões de trabalhadores na informalidade, segue com a política do governo de conciliação de classes da Frente Ampla e respondeu que irão editar decretos para regularizar a questão do teletrabalho, férias, banco de horas e FGTS, além de começar a pensar sobre a reedição do BEM.

Precisamos enfrentar o projeto de miséria e destruição ambiental dos capitalistas e seus governos com um programa operário e anticapitalista para enfrentar a crise e transformar radicalmente a sociedade e a relação com a natureza. Um programa que batalhe pela garantia de não haver demissões por tempo indeterminado e nem redução salarial, com indenizações e moradias para todos os atingidos pela enchente, com a concessão de um salário mínimo mensal a cada desempregado, informal e MEI. Recursos esses que devem vir da revogação do Regime de Recuperação Fiscal, do não pagamento imediato da dívida do estado com a União, e da taxação progressiva das grandes fortunas (começando pelas poucas famílias aristocráticas do país), com cobrança e confisco de bens dos sonegadores. Somente com um programa verdadeiramente radical é que seremos capazes de superar as crises que o capitalismo produz.




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