A Intervenção Federal no Rio de Janeiro segue deixando vítimas, marcando as ruas cariocas de sangue de trabalhadores, jovens, negros e mulheres. Diante desse cenário, o general do Exército Antonio Barros pede que as pessoas olhem o processo como um "todo", ignorando mortes como Marcos Vinicius, Marielle e Anderson.
quinta-feira 30 de agosto de 2018 | Edição do dia
À frente do Comando Conjunto de operações da intervenção federal do Rio, o general do Exército Antonio Barros afirmou nesta quinta-feira, 30, que não há "milagre" nem "varinha de condão" no combate à violência no Estado, e chamou os traficantes de drogas de "marginais irracionais". Ele atribuiu à imprensa o fato de que a sensação de segurança da população não melhora na proporção de alguns índices positivos da intervenção, como a diminuição dos roubos. Os homicídios subiram.
"Está no patamar que gostaríamos? Claro que não. Queríamos que não tivesse uma vítima, um disparo. Mas temos que ver o todo. Os problemas estão sendo abordados e resolvidos", disse o general a jornalistas que foram ao Comando Militar do Leste (CML) acompanhar visita do presidente Michel Temer (MDB). A Intervenção declarada por Temer em fevereiro deixaram 895 mortes por confronto policial. O cenário carioca brutal: é como se fossem mortos pela polícia uma pessoa a cada 6 horas. É diante deste cenário que o general pede para que leve-se em consideração o "todo", passando por cima de mortes de trabalhadores, jovens e negros, como o caso emblemático de Marcos Vinicius, morto com um tiro na barriga dentro da escola. "Como nós vamos melhorar a sensação de segurança se não falamos o que está dando certo? Será que está tão ruim assim que não tem nenhum resultado positivo? Tivemos 400 carros recuperados, mais de 1000 barreiras removidas (em favelas)."
Dizendo-se "satisfeitíssimo", o presidente Temer afirmou mais cedo no CML que os números relativos à intervenção federal são "extraordinários", e que a aprovação popular à medida "deve ser comemorada". Além do Rio de Janeiro, Temer também decretou a Garantia de Lei e Ordem em Roraima, para reprimir os imigrantes venezuelanos.
Em poucos meses da intervenção, a população tem duvidado do impacto positivo, e houve um aumento em 10% no número de pessoas que rechaçam a Intervenção Federal no Rio de Janeiro, e o grupo que mais se manifesta contrários são justamente os grupos que sofrem ainda mais nas mãos da polícia e do exército: jovens, negros e mulheres. Moradores da Rocinha, Maré e Complexo do Alemão, denunciaram abusos de distintos tipos vindo dos militares após um dia de terror em operações que duraram 12 horas na terça feira, dia 21 de agosto.