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Greve na Educação | Um debate sobre a greve: pela construção de um forte ato na UFMG

Todes ao ato unificado da greve: Por mais orçamento para educação, pela revogação do Arcabouço Fiscal do governo Lula/Alckmin! Cotas trans já e bolsas de um salário mínimo para toda demanda!

Pedro GrongaEstudante de História da UFMG

Mafê MacêdoPsicóloga histórico-cultural e mestranda em Psicologia Social na UFMG

segunda-feira 6 de maio | Edição do dia

A crise climática no Rio Grande do Sul, as chacinas na periferia, como a recente na baixada santista, e o massacre do povo palestino são exemplos que mais uma vez deixam evidente que o capitalismo só tem genocídio e miséria a nos oferecer.

Nos inspiremos no movimento estudantil que ressurge internacionalmente mostrando o papel que es estudantes podem cumprir em luta, ocupando universidades e indo às ruas, se enfrentando com a repressão dos governos, reitorias e sionistas em solidariedade ao povo Palestino que resiste bravamente ao genocídio de Israel financiado pelos imperialistas.

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No Brasil, enquanto comunistas, não podemos aceitar que o movimento estudantil, que já cumpriu papeis subversivos na sociedade sacudindo o regime ditatorial brasileiro em 1968 ou sendo a ponta de lança da luta por “abaixo a ditadura” nos anos 70, seja colocado no banco de espectador enquanto a gente vê diante dos nossos olhos nosso futuro sendo entregue aos capitalistas; a educação pública sendo fatiada e entregue nas mãos dos grandes empresários, que lucram com a precarização e a elitização do ensino superior; enquanto querem que trabalhemos até morrer em empregos ultra-precários, enquanto a gente vê o planeta sendo devastado pela ganância do lucro.

Depois de anos de ataques que se aprofundaram de forma reacionária com o golpe de 2016 e os anos de bolsonarismo, estamos diante de um governo de Frente Ampla que foi eleito, nutrindo inúmeras ilusões em uma melhoria da vida. Porém, a tentativa de reedição do lulismo se depara com uma crise econômica profunda e um regime degradado, onde o judiciário e os militares atuam como árbitros do jogo político. É esse regime apodrecido que o governo Lula/Alckmin quer unificar para “reconstruir o país”, com a condição de manter intactas as reformas que aumentaram a exploração e opressão sobre a juventude e os trabalhadores, como a trabalhista e a da previdência. Quando mexe nelas, faz ao gosto dos empresários e do neoliberalismo, como o remendo do Novo Ensino Médio e a reedição do Teto de Gastos com o Arcabouço Fiscal à serviço da fraudulenta e imperialista dívida pública. Ou também o PL da uberização, o novo marco legal das polícias, a PEC das drogas, a crise dos Yanomamis, o Marco Temporal…

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Alguns setores dizem que a greve hoje abriria espaço para extrema direita, mas quem está abrindo novos caminhos para ela é o próprio PT, quando mantêm e aprova novos ataques, concilia com a direita e a base bolsonarista, privatiza o metrô de BH junto ao Zema, dá reajuste 0% aos servidores enquanto aumenta em até 60% para a polícia, e garante bilhões ao maior plano safra da história enquanto o RS se afunda em mais uma tragédia capitalista.

A greve das federais, com os TAEs sendo vanguarda, mostrou a força dessa ferramenta de luta ao impor ao governo que cedesse a negociação, mostrando que há um caminho para enfrentar os ataques. Recuperar cada um dos métodos históricos do movimento estudantil em aliança com ês trabalhadores é fundamental para reviver a confiança nas nossas próprias forças, sem deixar com que o ceticismo ou a desilusão, tão alentados pela Reitoria e pelos governos, nos impeça de lutar e arrancar nossas demandas.

Responsáveis por manter a precarização e uma universidade à serviço dos empresários, a Reitoria e os governos alimentam a ideia individualizante de que devemos nos matar de estudar para conquistar uma ascensão por dentro da academia ou se formar para garantir um emprego. Mas diante de tudo de potente e apaixonante que nos deparamos nas universidades ao furar o filtro racista dos vestibulares, somos obrigados a nos desdobrar para dar conta de conciliar estudo e trabalho, na maioria das vezes em empregos ou estágios precários; pagando um bandejão caro com um salário que não chega ao fim do mês; além das péssimas condições de um transporte caro e sucateado; e a falta de tempo para lazer, cultura, com a Reitoria ainda proibindo as festas no campus. Enquanto uma minoria seguir lucrando como nunca, a juventude, os trabalhadores e os pobres seguiremos sendo aqueles que pagam pela crise capitalista.

O governo Lula/Alckmin e a Reitoria da Sandra que administra os cortes são responsáveis pela sobrecarga de trabalho, adoecimento, desvalorização salarial, contratos temporários e mão de obra estudantil e terceirizada mal paga. Por trás do título de excelência, a UFMG se sustenta sobre o trabalho terceirizado hiper precarizado, em sua maioria composto por mulheres negras, por isso chamamos todes a construir o comitê em defesa dos terceirizados! Esse é o momento para lutar, ampliar, massificar e unificar, trazendo as demandas estudantis para a luta, lutando por uma universidade em que o conhecimento esteja a serviço da classe trabalhadora e dos setores pobres e oprimidos.

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A direita, que sempre buscou avançar na precarização da educação, está atacando nossa greve. É preciso rechaçar completamente esses ataques e a UNE deveria estar cercando as greves de solidariedade. Nossa batalha precisa ser, desde as bases, impor que essa entidade organize a mobilização nacionalmente. Na assembleia da UFMG dia 23/04, aprovamos uma exigência a que UNE “rompa sua paralisia e construa um plano de lutas pela base em cada universidade do país contra os cortes, o Arcabouço Fiscal e as reformas, rumo a uma greve unificada em todas as federais”. É preciso seguir batalhando para que nossa maior entidade de representação estudantil nacional, com potencial de mobilizar milhões de estudantes, cumpra seu papel de mobilização e não fique a reboque do governo.

Sabemos que por diversos motivos, nem todo mundo consegue estar na UFMG para as atividades de greve. Por isso, fazemos um forte chamado a todes estudantes, técnicos e professores que apoiam a greve a concentrarem forças e estarem em peso no Ato Unificado dos 3 setores, na próxima quinta-feira, às 9h, na Portaria da Abrahão Caram. Façamos uma forte, unificada e concentrada demonstração de força, levando nossa greve para fora dos muros da universidade.

Além disso, para fortalecer nossa greve é preciso avançar em espaços representativos de discussão e deliberação. Um comando de greve com representantes eleitos por suas bases, através de assembleias de curso em que pudessem discutir como a luta deve ser encaminhada, representaria de forma mais democrática ês estudantes que trabalham e permitiria uma coordenação mais clara da luta. Todes na Assembleia Geral dos 3 setores no dia 10, às 17h, na Praça de Serviço, para debater sobre as políticas de ações afirmativas como parte de decidirmos os rumos e as demandas de nossa greve.

Por ampliação das cotas existentes e pela implementação das cotas trans já rumo ao fim dos vestibulares! Lutemos pela revogação do Arcabouço Fiscal do governo Lula/Alckmin e por bolsas de um salário mínimo para toda a demanda! Confiar somente na unidade da nossa força com os trabalhadores, sem ilusões na Reitoria, governos ou vias institucionais. Por uma universidade a serviço da classe trabalhadora e do povo pobre!

Convidamos todes a atuarem nessa greve batalhando para que ela se expanda, massifique e amplie seus objetivos e esperanças, mas que também vejam na militância revolucionária e anticapitalista o desafio de defender um movimento estudantil independente que se unifique com o que há de mais avançado a nível internacional e possa voltar a questionar a universidade de classe como parte de questionar essa sociedade de classes. É por essas batalhas que nos dá Faísca Revolucionária lutamos em cada universidade que estamos presentes, para forjar um setor de estudantes que dê corpo a essas ideias e se proponha a ser uma alternativa política àqueles que querem aceitar a miséria do possível. Como diziam os pixos de maio de 68, “sejamos realistas, exijamos o impossível”.




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