×

ESQUERDA DIÁRIO IMPRESSO | ’Dilma diz querer combater o golpe, mas não combate as demissões...’

Flavia ValleProfessora, Minas Gerais

segunda-feira 9 de maio de 2016 | Edição do dia

Recentemente os noticiários destacaram bastante o fato do número de desempregados ter passado dos 10 milhões no país, um alcance como não se via desde 2012. Entre os jovens são mais de 20% de desempregados, o pior índice desde 2007. O setor industrial tem contribuído bastante para o agravamento da situação, com seus mais de 1,5 milhão de postos de trabalho fechados em 2015, a pior taxa em 24 anos. Em termos gerais, no último trimestre foram 1,3 milhão de demitidos no país. Na comparação com o mesmo período de 2015 são 3 milhões a mais de demitidos, o equivalente à população do Uruguai, por exemplo.

As demissões e o desemprego estão no centro dos “ajustes” dos governos e patrões

Com a crise política atual, muito também tem sido falado sobre “ajustes” na economia, seja os do governo ou dos golpistas, seja ajuste fiscal ou mudanças na legislação trabalhista, dificultando a aposentadoria e o acesso ao seguro desemprego, por exemplo. O que os jornais não dizem é que uma parte central do ajuste que os grandes empresários querem e já está sendo aplicado, é a redução de salários dos trabalhadores, seja pela via da inflação, que diminui o poder de compra, seja pela via das demissões.
Para os capitalistas é fundamental aumentar a quantidade de desempregados quando querem aumentar seus lucros, pois afinal, o que faria os trabalhadores se submeterem a trabalhar em condições precárias, sem segurança, fazendo horas-extra excessivas, ganhando pouco, indo trabalhar doentes etc. se não fosse o medo de ser substituído facilmente por outro, que inclusive pode aceitar ganhar ainda menos fazendo o mesmo serviço? O aumento considerável das demissões e do desemprego no país é um instrumento central da continuação e fortalecimento da dominação de classe dos patrões, por meio do qual aumentam a exploração, empobrecendo o conjunto dos trabalhadores, enquanto preservam suas taxas de lucro.

Por uma lei que proíba as demissões!

Esse ajuste já vem sendo aplicado durante o governo Dilma, mas os golpistas liderados por Michel Temer pretendem ser ainda mais linha dura na sua aplicação, por isso conquistaram o apoio dos patrões, liderados por Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias de SP. O governo Dilma diz querer combater o golpe, mas não combate as demissões. Por mais revoltante que seja ter visto aquele monte de corrupto homenageando suas famílias na votação do impeachment, os trabalhadores não vão se mobilizar em defesa de um governo que permite que os patrões demitam a vontade, fechem fábrica dando calote dos direitos trabalhistas etc.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), que sozinha concentra cerca de 30% dos trabalhadores sindicalizados do país, com quase 4 mil entidades filiadas, sendo a 5ª maior central sindical do mundo, deveria levar a sério seu discurso contra o golpe em curso e chamar os trabalhadores a se mobilizarem, parando as fábricas e barrando efetivamente os setores mais reacionários, enquanto por outro lado deveria exigir duramente que o governo do PT faça uma lei para proibir as demissões, em defesa dos empregos na indústria e demais ramos. Somente assim seria possível uma resposta de fundo aos “ajustes” e ao golpe.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias