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CRISE POLÍTICA | Mais prisões na Operação Lava-Jato: corrupção e ajuste fiscal

Na manhã desta sexta-feira, o advogado Edson Ribeiro foi preso preventivamente por tentativa de obstruir as investigações da Operação Lava Jato. Ribeiro foi preso no Rio de Janeiro ao voltar dos Estados Unidos. Ele disse em depoimento à Polícia Federal que houve uma "interpretação equivocada" da estratégia de defesa que traçou para Cerveró.

sábado 28 de novembro de 2015 | 01:00

Conversas gravadas por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, mostram que o advogado, responsável pela defesa de Nestor Cerveró, tentou evitar que o nome do senador Delcídio Amaral (PT-MS) fosse citado em eventual acordo de delação premiada. O advogado também participou de tratativas com o congressista sobre um suposto plano de fuga de Cerveró, preso desde janeiro. Veja mais análises sobre a prisão de Delcídio do Amaral (PT) realizadas pelo Esquerda Diário nesta semana: aqui, aqui e aqui.

BTG e Caixa: financiamento e corrupção

Por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), André Esteves foi preso temporariamente pela Polícia Federal na última quarta-feira, 25, acusado de se unir ao líder do governo no Senado Federal, Delcídio Amaral (PT-MS), para impedir que o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró fizesse delação premiada ou, se fizesse, não citasse ambos.

Em gravação feita por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor, o parlamentar petista oferece mesada de R$ 50 mil à família de Cerveró, pelo silêncio do ex-diretor. O montante seria bancado pelo empresário. Um fato que vale destacar é a ascensão profissional de Esteves e sua relação "íntima" com o Estado, como um ponto chave tem-se a compra do banco Pan-Americano, outrora de propriedade do empresário Sílvio Santos, que foi comprado pelo BTG com garantias que a Caixa Econômica concedeu em um breve intervalo de tempo. Ou seja, bancos públicos teriam favorecido os negócios privados de Esteves e do banco BTG Pactual.

Dilma se preocupa com atraso na votação de meta fiscal

Apesar das intensas conversas entre integrantes do Planalto e senadores aliados, até agora não há um nome fechado para a liderança do governo no Senado. O PT é a segunda maior bancada do Senado e tenta manter um integrante do partido na liderança da bancada governista. Um dos nomes cotados é o do atual líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE). Mas ele não tem trânsito com a cúpula do PMDB no Senado, o maior partido e que comanda a Casa com Renan Calheiros (AL), o que se sabe é que, seja quem for, precisará necessariamente estar comprometido com a agenda de ajuste fiscal defendida pelo governo, pela oposição de direita e pelos empresários.

Uma das consequências da prisão de Delcídio para o governo, é o atraso na votação da nova meta fiscal do governo, tão necessária para os bancos internacionais que pressionam por mais ajustes, cortes e privatizações. Outras pautas prioritárias e ligadas ao ajuste do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, também seguem prejudicadas. A meta fiscal é a maior preocupação do governo atualmente. Correndo o risco de ter as contas reprovadas novamente e estar suscetível a pedidos de impeachment, a presidente Dilma Rousseff buscava um relaxamento da meta fiscal que, em vez de superávit, lhe permitisse um déficit de R$ 19,9 bilhões.

Comentário

É preciso destacar ainda que nas gravações de Delcídio, Baiano aparece como é um “operador” de corrupção a serviço do PMDB, mas na verdade, trabalhava para um empresário espanhol, Gregório Preciado, que é casado com uma prima de José Serra (Senador pelo PSDB) - link

Como já analisamos aqui, Delcídio é um petista tucano, ou seja, é um petista com um trânsito entre os dois partidos, e que numa possível “delação”, poderia expor facilmente membros políticos do PSDB. Por outro lado, Esteves também tem ligações pessoais, e políticas, com o PSDB, foi padrinho do casamento de Aécio Neves (PSDB). Ambos, Delcídio do Amaral (PT) e Esteves, são personagens de Estado, e não apensas de governo, representam elos entre vários partidos burgueses, seja governo ou oposição de direita, PT ou PSDB, PMDB, são personagens a serviço do jogo político corrupto a serviços dos lucros e privilégios, que é parte da engrenagem do regime político no país.

Como Leandro Lanfredi, apontou em outro artigo nesta semana, “Delcídio era parte fundamental desta mistura de partidos e interesses. Sem ele, os empresários seguramente encontrarão (se já não os tem) outros nomes. Sua prisão, no entanto, joga luz sobre o lusco-fusco do jogo eleitoral e parlamentar onde PT e PSDB parecem radicalmente opostos, e várias vezes estão, porém, como se vê na trajetória do líder do governo agora detrás das grades estes interesses convergem muitas vezes em três áreas fundamentais: sigilo na corrupção, atacar direitos da classe trabalhadora, entregar os recursos naturais do país ao imperialismo.”

Esquerda Diário/Agência Estado




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