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Declaração do Nossa Classe e MRT | Por um 1M independente dos governos e patrões: as greves da educação mostram o caminho para unir nossa classe e derrotar a precarização, as privatizações e o arcabouço fiscal. Abaixo o massacre na Palestina!

O 1º de Maio, uma data histórica e de luta de trabalhadores, pode e deve servir como uma oportunidade para que trabalhadores que estão na linha de frente da mobilização em cada categoria exijam de suas direções sindicais a realização de assembleias, de um plano de luta pela unificação das greves em curso e como parte da batalha pela revogação de todas as reformas, do Novo Arcabouço Fiscal e a reversão das privatizações, que deterioram a condição de vida dos trabalhadores, e busquem uma saída real para o sofrimento das massas, de forma independente de governos e dos patrões que exploram cada minuto de nossas vidas. Cada vez mais se sente a alta dos preços, os cortes de verbas em saúde e educação do arcabouço fiscal, o PL da Uberização que pretende ser uma pá de cal sobre o que restava de direitos trabalhistas. As reformas dos anos de Temer e Bolsonaro seguem todas intactas e são aprofundadas no atual governo Lula/Alckmin. E mostra como a conciliação de classes apenas fortalece a extrema direita ao invés de impor derrotas a esta corja pela nossa luta e mobilização.

Flavia ValleProfessora, Minas Gerais

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

Marcella CamposProfessora de SP, membra da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas

terça-feira 23 de abril | Edição do dia

Estamos chegando no segundo Primeiro de Maio no governo Lula-Alckmin e é perceptível o aumento das lutas e mobilizações de diversas categorias, como exemplo a greve nas universidades e institutos federais e a revolta da base dos professores em greve da rede básica do ensino do Ceará contra as direções sindicais burocráticas da categoria composta pelo PT, PcdoB e PSOL. Um sinal do fim da lua de mel e das expectativas frustradas dos trabalhadores e da população com o governo de frente ampla. Além dos educadores por todo país, vimos os metroviários de SP protagonizando três importantes greves no último ano contra as privatizações do transporte e da água, com amplo apoio da população. As trabalhadoras da saúde no Rio Grande do Norte, que estão sempre na linha de frente em defesa do atendimento para a população e por melhores condições de trabalho. Operários em diversas cidades do país contra os fechamentos das fábricas.
Nos estados e municípios os governantes, ainda mais os reacionários e bolsonaristas, se sentem fortalecidos para desferir cada vez mais ataques, legitimados pelos acordos e pactos com o governo federal.

Internacionalmente, assim como no Brasil, são os trabalhadores, as mulheres, negros, imigrantes e os povos originários os que mais sofrem com os impactos da crise climática, com as guerras como o genocídio que Israel leva a frente contra o povo palestino, a guerra reacionária da Rússia na Ucrânia com a crescente militarização das grandes potências imperialistas e o avanço imperialista da Otan na Europa Oriental, e com a espoliação dos recursos naturais e energéticos dos países do sul-global. Mas vemos novas mobilizações internacionais como a forte solidariedade em apoio ao povo palestina e o exemplo de nossos irmãos argentinos que enfrentam nas ruas os pacotes de ajustes do reacionário governo de extrema direita de Milei e que contam com o apoio nas ruas dos parlamentares da FIT-U, que tem os parlamentares do PTS (partido irmão do MRT na Argentina). Um exemplo de como enfrentar a extrema direita trumpista internacionalmente, sem nenhuma ilusão nas alas ditas democráticas do imperialismo internacionalmente, a mesma que apoiou o golpe institucional de 2016 no Brasil e a reacionária operação da Lava Jato.

Neste 1 de Maio também é o momento para rechaçar todo e qualquer pacto de preservação dos militares, saudosos da Ditadura Militar e que atuam junto com as polícias para militarizar a vida das comunidades, bairros pobres e da juventude negra. A declaração de Lula proibindo atos e manifestações em memória dos mortos e desaparecidos do golpe e ditadura militar não se tratou apenas de um grave gesto contra toda luta por memória, verdade e justiça em nosso país, mas significa uma segunda anistia aos militares, dentro de um grande pacto para passar uma borracha em tudo que aconteceu antes do 8 de janeiro. Enquanto isso, oficiais da caserna estão metidos nos intentos golpistas com a extrema direita de Bolsonaro e em SP e Bahia as polícias militares fazem um verdadeiro banho de sangue sem a menor preocupação com punições.

O principal ato do 1 de Maio, com caráter nacional, será no estádio de futebol Arena Corinthians, em São Paulo e contará com Lula e diversas figuras de direita, apoiadoras dos ataques e reformas, onde certamente a luta dos educadores por todo país ficará de fora. É absurdo o papel que cumprem as principais e maiores centrais sindicais do país - CUT, CTB, Força Sindical e UGT – como parte do governo de Frente Ampla. Atuam como corrente desta política de conciliação de classe e para isso enterrar ou desviar uma a uma as mobilizações que surgem nas categorias e nos estados para preservar Lula, Alckmin, Haddad, os governadores e até mesmo o judiciário reacionário, avalista de todos os ataques contra a população e do golpe institucional de 2016, com a desculpa de que não é o momento de lutar ou de fazer greves para não fortalecer a extrema direita. Mas o que está claro é que nunca é o momento de lutar para eles e ao contrário do que dizem, o que fortalece a extrema direita são os pactos e os acordos com Tarcísio, Zema, Ratinho Jr, Cláudio Castro e outros desse bando, além de todo dinheiro via arcabouço fiscal e BNDES para financiar as privatizações nos estados, como em SP e MG.

Por isso conversamos com Marcelo Pablito, diretor do Sintusp (Sindicato de Trabalhadores da USP), Grazi Rodrigues, professora municipal de São Paulo que esteve à frente da greve de servidores municipais deste ano contra o prefeito bolsonarista Ricardo Nunes, e com Fernanda Peluci, diretora do Sindicato de Metroviários de São Paulo pela oposição, categoria que é linha de frente no estado de São Paulo na luta contra as privatizações do reacionário governador Tarcísio de Freitas.

“No 1º de Maio das grandes centrais sindicais veremos um verdadeiro show de traição e conciliação com os inimigos da nossa classe. É por isso que nós do MRT, Nossa Classe e Esquerda Diário estamos chamando as trabalhadoras e trabalhadores a não aceitarem essa política traidora das grandes direções sindicais e batalhar para construção de atos independentes e classistas nesse 1º de Maio, pela revogação das Reformas trabalhista, da previdência e do Novo Ensino Médio e combata o arcabouço fiscal que corta verbas da saúde e educação pública e impõem o ataque aos salários do funcionalismo público para priorizar o pagamento da fraudulenta dívida pública, mecanismo de controle e subordinação dos países imperialistas, a revogação das reformas e a reversão de todas as privatizações.” (Marcelo Pablito)

Esta é a uma data importante e histórica na luta da nossa classe internacionalmente, e deve ser marcada justamente pelas lutas daqueles que tudo produzem que é a classe trabalhadora junto aos povos oprimidos, e não os patrões ou figuras que tradicionalmente estiveram contra os trabalhadores, como Geraldo Alckmin, vice de Lula, e Marta Suplicy, pré-candidata à prefeitura de São Paulo com Guilherme Boulos (PSOL). (Grazi Rodrigues)

“Este 1 de Maio também tem que ser um dia de luta contra a precarização do trabalho no país do trabalho terceirizado, precário e uberizado, que tem sobretudo o rosto das mulheres e negros, maioria da população. Tivemos recentemente o Congresso de nossa categoria e após a batalha que demos pelo Nossa Classe aprovamos por unanimidade a posição contrária ao PL da Uberização que legaliza o trabalho precário e a nossa defesa por plenos direitos aos trabalhadores de aplicativos." (Fernanda Peluci)

E como afirmou Maíra Machado, professora e diretora pela oposição da subsede da Apeoesp de Santo André/SP, subsede pioneira na batalha pela unificação de professores efetivos e contratados: “Batalhamos pela unificação das lutas em curso na educação como a forte greve nas universidades e institutos federais. E desde as posições sindicais e de nossa atuação como oposição na base de trabalhadores atuamos para que os sindicatos voltem para as mãos dos trabalhadores, pela organização independente de governos e patrões, contra toda divisão que a burguesia impõe sobre nossa classe entre efetivos, contratados e terceirizados. Por isso desde a subsede de Santo André também somamos na campanha nacional e no trabalho com o Manifesto Contra a Precarização e a Terceirização que já conta com mais de 5 mil assinaturas.”

Que o 1º de Maio esteja nas nossas mãos, a serviço de um movimento independente de todos os governos e patrões, para batalhar pela frente única operária

Além da forte greve nas universidades e institutos federais em curso, vimos a importante revolta dos professores do Ceará contra a direção burocrática do sindicato (PT, PcdoB e PSOL) que tentou manobrar contra a greve e receberam uma chuva de cadeiradas da base que demonstrou com sua revolta a necessidade de serem os trabalhadores a tomar os rumos das lutas e das greves em nossas próprias mãos e a necessidade da batalha pela auto-organização dos trabalhadores. As grandes centrais sindicais e sindicatos deveriam estar a serviço da organização de base de trabalhadores para que através de um plano de lutas com greves e mobilizações possamos derrotar nas ruas as privatizações, reformas e o Novo Arcabouço Fiscal, confiando na força de nossa classe em aliança com movimentos de mulheres, negros e negras, LGBTQIAP+ e dos povos originários.

Fortalecer o internacionalismo: a classe trabalhadora é uma só e sem fronteiras

O massacre do povo palestino pelo governo sionista de Israel é apoiado pelos EUA, governos europeus e pela extrema direita internacional como Bolsonaro e Tarcísio no Brasil e Milei na Argentina. 30% de todas exportações do Brasil para Israel é feito pela Petrobrás: a Petrobrás sustenta a máquina de guerra de Israel sendo mais de 2 meses de todo petróleo consumido em Israel para mover suas tropas e colonos que matam palestinos é produzido pela Petrobrás.

As grandes centrais sindicais deveriam se apoiar na forte mobilização internacional em defesa do povo palestino incorporando essa pauta como parte de um plano de lutas e somando contra toda perseguição internacional a quem luta em apoio à Palestina como os estudantes presos nos EUA, ativistas perseguidos no Brasil como Breno Altman e referentes das lutas internacionalmente em seus países como é o caso de Anasse Kazib, ferroviário e dirigente do Revolução Permanente (partido irmão do MRT na França), intimado a depor pela polícia francesa de Macron por se posicionar contra o genocídio em Gaza. Nossa classe é uma só e sem fronteiras: pelo fim imediato dos bombardeios e do genocídio de Israel e do imperialismo na Palestina. Ruptura de todas as relações diplomáticas, militares e econômicas do Brasil com Israel, na perspectiva da luta por uma Palestina Livre Operária e Socialista.

Por atos independentes de governos e patrões: que a CSP-Conlutas se coloque à frente desta articulação pela independência de classe no 1 de maio

Devido ao atrelamento das grandes centrais sindicais aos governos e patrões com sua integração aos governos do PT, a CSP-Conlutas que é a única central sindical que mantém posições de independência frente ao governo de frente ampla, deve levar a frente esta bandeira através da organização de atos independentes no 1 de Maio e com as bandeiras da luta pela revogação de todas as reformas, pela revogação do novo arcabouço fiscal e o apoio à resistência palestina, junto a todas bandeiras de trabalhadores e contra toda forma de opressão. Na contramão da discussão nacional de atos independentes que serão impulsionados também pela CSP, o PSTU, partido que compõe a direção majoritária da CSP-Conlutas, aceitou em Minas Gerais a unidade com o ato das burocracias sindicais da CUT, da CTB e até da UGT (que é uma central sindical diretamente patronal) mesmo que o ato não levante a bandeira pela revogação do Novo Arcabouço Fiscal. Fazemos um chamado para que em todas as capitais a CSP-CONLUTAS, partidos e organizações da esquerda levem a frente uma política de independência de classe com a construção de atos independentes, classistas e internacionalistas junto a demais setores que defendam a independência do governo de frente ampla, como parte da batalha pela frente única operária e para retomar nossos sindicatos para a base e para a luta.

Por atos classistas, internacionalistas e de independência de classe no 1 de maio para fortalecer as lutas em curso

Por tudo isso, convidamos trabalhadores, estudantes e ativistas sociais a lutarem com O Nossa Classe por um 1º de maio sem conciliação de classes que as centrais sindicais como a CUT e CTB levam a frente. Que seja parte de fortalecer as lutas e greves em curso batalhando por atos independentes de governos e patrões, pela revogação das reformas, do Novo Arcabouço Fiscal e pela reversão das privatizações, contra toda forma de opressão, pela ruptura de relações do Estado brasileiro com o Estado sionista de Israel e para que os capitalistas paguem pela crise.




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