Aconteceu uma paralisação dos entregadores de aplicativos na tarde de hoje, em São Paulo, na Paulista, expondo as condições precárias de trabalho em que estão submetidos pelas empresas.
sexta-feira 5 de junho de 2020 | Edição do dia
Com gritos de “Vem pra rua, vem! O aplicativo não tá pagando bem” os trabalhadores de entrega pararam a Avenida Paulista nesta tarde, em frente ao MASP. Os entregadores deram vários depoimentos ao Esquerda Diário, relatando as péssimas condições de trabalho que sempre estiveram submetidos e que agora se tornaram mais agudas durante a pandemia.
As empresas pagam por quilometragem e, na pandemia, em que os serviços de delivery se tornaram mais frequentes, devido à quarentena, esses trabalhadores estão recebendo cada vez menos dos aplicativos, como foi relatado por um dos trabalhadores, que recebe 4 reais por entrega.
Além da exposição que já tinham de dirigir ou de pedalar pelo trânsito das grandes cidades, se arriscando entre carros,ônibus e caminhões, sem amparo da empresa em caso de acidentes, durante a pandemia correm o risco de se contaminarem e de transmitirem o vírus aos seus familiares.
O coronavírus só está escancarando a face cruel desses aplicativos que, com esse discurso de “empreendedorismo” e de “seja você o seu próprio patrão”, faz esses jovens, a maioria negra, arriscarem suas vidas, a passarem até mais de 12 h por dia andando, pedalando ou dirigindo, para, no final do mês, não receberem nem 1000 reais,o que é insuficiente para levar o sustento às suas famílias.
Além disso, empresas como Rappi e IFood, não estão disponibilizando EPIs básicas, como máscaras, luvas e álcool em gel, expondo ainda mais esses trabalhadores ao coronavírus. Segundo um dos manifestantes, a Rappi disse que disponibilizou esses materiais, mas foi só 1 par de luvas e álcool em gel e ainda puniu os que pegaram a mais.
Esses trabalhadores precarizados, em sua maioria negros, deixam cada vez mais evidente como a luta contra o racismo tem que se somar à luta por condições adequadas de trabalho, principalmente durante a pandemia, em que, além de receberem EPIs, deveriam receber, no mínimo, um salário de 2000 reais.
Por isso, nós, do Esquerda Diário e do MRT, fazemos um chamado para todos os trabalhadores de aplicativos que puderem se somarem aos atos de domingo, dia 7, contra o fascismo e o racismo. A luta pela não precarização do trabalho é uma luta de toda a classe trabalhadora!