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IMIGRAÇÃO EUROPA | Vídeo mostra imigrantes sendo tratados como animais na Hungria

A Hungria segue sendo um centro de gravidade do problema migratório. Com 150 mil imigrantes atravessando suas fronteiras desde o início de 2015, o primeiro ministro da direita nacionalista Viktor Orban anunciou que a partir de 15 de setembro todos os imigrantes “ilegais” apanhados no país serão presos.

André Barbieri São Paulo | @AcierAndy

sábado 12 de setembro de 2015 | 00:30

“Os imigrantes se rebelaram contra as forças policiais nacionais, e a ordem deve ser restaurada,” disse o líder do partido ultraconservador da Hungria, o Fidesz. Orban parabenizou a polícia por fazer um “excepcional” trabalho “sem utilização da força” diante daqueles imigrantes “que não cooperam e se rebelam contra as leis húngaras”.

Nem o mais cínico dos personagens de Otelo venceria Orban nesta categoria. A Hungria fornece espetáculos diários de monstruosidade no tratamento dos imigrantes. Há algumas semanas, o governo húngaro convocou o Exército para patrulhar a fronteira com a Sérvia, que está sendo murada por 175 km de arame farpado. A repressão dos 2100 agentes policiais nos campos de refugiados, verdadeiras prisões a céu aberto e sob o rigor do frio e da chuva, consegue inspirar tanta indignação quanto as imagens da “jornalista” Petra László (vinculada ao grupo de extrema-direita “Guarda Húngara”) chutando crianças e pais imigrantes.

O anúncio de prisão aos “imigrantes ilegais” que entrarem na Hungria, a caminho da Alemanha, é expressão em carne viva da política xenófoba dos governos europeus, que sancionam a violação dos direitos dos refugiados sob um discurso de “tolerância” que nunca se torna real.

Grupos de direitos humanos e a organização Human Rights Watch revelaram esta semana o ponto de tensão no campo de refugiados de Röszke na Hungria, que recebe os imigrantes recém chegados da Sérvia. Todos eles descrevem as condições “abismais” dos imigrantes nestes campos.

Filmagens mostram a polícia lançando sacos plásticos de comida para uma centena de pessoas, enjaulados como animais, para idosos e jovens lutarem pelos despojos.

Jornalistas são banidos de entrarem nestes campos e registrarem as condições, mas as imagens compartilhadas pelos grupos de direitos humanos e os próprios refugiados são indignantes.

“A maioria deles atravessou o oceano ou as florestas, passando por coisas terríveis, e quando chegam à Europa são mantidos como animais,” disse Michaela Spritzendorfer, vinculada ao Partido Verde austríaco, à rede BBC.

O auge da campanha xenófoba de Orban veio com cartazes e outdoors em que se lia a mensagem da construção da “muralha de ferro” contra os asiáticos. Supostamente dirigida contra os imigrantes ilegais, exibem consignas que exigem o “respeito à cultura e às leis húngaras”, e adverte que “Se vier à Hungria, não deve tirar o trabalho dos húngaros”.

Refugees Welcome! Defesa de todos os direitos políticos dos imigrantes e refugiados contra as fronteiras europeias

As importantes ações em solidariedade aos refugiados e imigrantes na Europa, como a marcha de 20 mil pessoas em Viena na Áustria, a manifestação de 10 mil pessoas em Dresden (capital dos movimentos neonazistas na Alemanha), e as dezenas de milhares de pessoas na Islândia que ofereceram suas casas aos refugiados contra a autorização do governo são grandes passos para uma campanha internacional que funda os interesses dos trabalhadores através das fronteiras e etnias contra o imperialismo europeu.

Neste sábado 12 de setembro haverá marchas em várias cidades no Reino Unido para recepção dos refugiados e contra a política racista de David Cameron, que na semana passada disse que colocará na cadeia por seis meses os imigrantes que estiverem trabalhando ilegalmente no país. A jornada européia em defesa dos refugiados terá atos na Escócia e no País de Gales, assim como em Madri no Estado espanhol.

O governo Dilma, que se gaba de manter uma "avançada" política de acolhimento de refugiados, mantém um silêncio ensurdecedor diante dos mais de 4 milhões de sírios que fugiram dos país desde 2011 e que poderiam ser acolhidos no Brasil. Somente em 2014, o Brasil teve quase 26 mil pedidos de refúgio cuja maioria não foi sequer analisada.

Frente ao aumento da xenofobia e das políticas reacionárias de fortalecer as fronteiras nacionais e dividir os trabalhadores, é necessário enfatizar o conteúdo do internacionalismo que ligue indissoluvelmente a defesa de plenos direitos sociais e políticos para os imigrantes à luta anti-imperialista da classe trabalhadora européia contra os estados nacionais capitalistas e suas fronteiras.




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