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Golpe no Peru | 90% dos peruanos desaprova o Congresso e 77% quer o fim do governo de Dina Boluarte

A desaprovação ao Congresso chega ao nível mais alto desde que os parlamentares atuais iniciaram seus mandatos, enquanto o rechaço ao governo golpista de Dina Baluarte chegou a 77%, segundo uma pesquisa do Instituto de Estudos Peruanos (IEP).

quarta-feira 1º de março de 2023 | Edição do dia

A desaprovação ao congresso peruano chegou a 90%, o nível mais alto desde que os atuais parlamentares iniciaram o seu mandato, enquanto o rechaço ao governo golpista de Dina Baluarte chegou a 77%, segundo uma pesquisa do Instituto de Estudos Peruanos (IEP), divulgada neste domingo pelo jornal La República.

A sondagem, que se realizou entre os dias 18 e 22 de fevereiro, também revelou que apenas 6% da população dá respaldo aos deputados que foram responsáveis pelo golpe institucional que destituiu Pedro Castillo, depois puseram Dina Boluarte como presidente e neste mês recusaram quatro moções que buscavam eleições antecipadas, uma das demandas dos protestos anti-governamentais que começaram em dezembro e que somam um saldo 70 assassinados fruto da repressão estatal.

No sul do país, uma das áreas de maior mobilização, o rechaço ao parlamento cresce para 95%. A presidente Dina Boluarte chega a 77% de desaprovação a nível nacional, uma cifra que chega a 86% no sul do país, onde teve grande força a luta exigindo a renúncia de Dina Boluarte e a convocação de uma assembleia constituinte.

O rechaço ao congresso é parte da crise política e o congresso é fortemente criticado pelos privilégios dos deputados, que tem legislado contra os interesses das amplas maiorias enquanto protege os lucros dos empresários.

Há uma semana se fez público que os parlamentares peruanos aumentaram os montantes destinados a sua alimentação, isto sem levar em conta os salários de 15.600,00 soles que recebem mês a mês, o equivalente a 4.200,00 dólares, um dos mais altos da região, enquanto no país, segundo os dados mais recentes da Oficina de Normalización Previsional (ONP), o salário médio é de 605,65 soles.

Adicionalmente, recebem uma “atribuição por desempenho” de 7.617 soles (cerca de 2.000 dólares) e um bônus de representação de 2.800 soles (cerca de 760 dólares). O que significa que seus salários podem alcançar 26.000 soles, ou uns 7.030 dólares.

A pesquisa também refletiu a demanda para pôr um fim ao governo de Dina Boluarte, com 77% dos peruanos a favor de sua renúncia. A chefe de estado assumiu o cargo em 7 de dezembro passado e tem repetido em várias ocasiões que renunciar “não está em jogo”.

Desde que os protestos começaram em dezembro passado, a repressão tem sido a resposta às manifestações e bloqueios de estradas. O inquérito também questionou instituições como a Polícia Nacional Peruana (PNP) e as Forças Armadas (FFAA), que são em sua maioria avaliadas negativamente. Cerca de 55% dos cidadãos rejeitam o trabalho da polícia nas últimas manifestações, enquanto 48% rejeitam as ações das Forças Armadas, que são responsáveis pelo assassinato de dezenas de manifestantes.

A rejeição à maioria das instituições do país se expressou nas maiores manifestações das últimas décadas, que pedem uma mudança direta do regime da Constituição de 93. Isto mostra a desconfiança que existe no regime. Mas também é importante assinalar que mesmo este descontentamento e esta força continuam desorganizados, e não tem um programa claro para levar adiante estas mudanças estruturais, o que hoje é a principal fraqueza do processo e para que possa existir uma saída da crise para os trabalhadores e as massas populares.

Só unindo forças, com a auto-organização, o debate democrático e a coordenação entre a classe trabalhadora, os camponeses e os estudantes, poderemos nos defender contra os ataques atuais e futuros. Ao mesmo tempo, com estas instâncias, vamos estar em melhores condições para preparar a luta e a mobilização contra o governo assassino de Dina Boluarte.

Neste caminho, nossa perspectiva é avançar para impôr uma Assembleia Constituinte verdadeiramente Livre e Soberana. O que significa que ela deve surgir desde as bases, a partir da vontade dos trabalhadores, camponeses e estudantes que estão em luta, e não a partir dos partidos do regime vigente e da Constituição de 93. Esta perspectiva só pode ser levada adiante em conjunto com a luta por um governo provisório das organizações em combate, que poderá convocar uma Assembleia Constituinte, Livre e Soberana, e que abra caminho à batalha por uma sociedade socialista.




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