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Entrevista | “A luta pela unidade pressupõe enfrentar a divisão que a patronal e o governo querem impor sobre os metroviários”, afirmam diretoras do Sindicato

terça-feira 14 de novembro de 2023 | Edição do dia
Marília e Fernanda, metroviárias diretoras do sindicato entrevistadas nesta nota.

O Esquerda Diário conversou com Fernanda Peluci e Marília Rocha, diretoras do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, sobre a luta unitária da categoria contra as privatizações do governador Tarcísio de Freitas, todo seu projeto de terceirização e suas demissões políticas.

Sobre isso, Fernanda declarou: “Essa semana fizemos uma importante reunião ampliada da Diretoria do Sindicato dos Metroviários para redobrar os esforços na construção do dia 28 de novembro. Devemos construir esta mobilização na base, junto com a população e mostrando que a nossa unidade é o que pode derrotar este governo. Estamos debatendo com os outros sindicatos a luta unitária do dia 28 e teremos uma assembleia muito importante dia 22. Neste marco, é fundamental termos clareza de que Tarcísio segue em uma postura bastante intransigente contra os trabalhadores e, em particular, contra os metroviários, que estão na vanguarda da luta contra seu projeto privatizador”.

Marília completou: “Por isso, este é um momento decisivo da nossa luta, em que a batalha pela unidade é um elemento central. Para nós, a unidade dos trabalhadores efetivos e terceirizados de diferentes categorias, assim como a unidade com a população, é fundamental para enfrentar este projeto. Um projeto de um governo de extrema direita, mas que precisamos ter clareza que tem se fortalecido pela via de acordos com o próprio governo federal. Lula-Alckmin concederam um Ministério ao partido de Tarcísio e colocaram este mesmo partido, o Republicanos, na base do governo federal na Câmara. Isso sem falar no anúncio de que Lula lançará o PAC em São Paulo junto com Tarcísio. Se em São Paulo Tarcísio está privatizando os bastiões dos serviços públicos, é preciso dizer que o governo federal já privatizou o Metrô de Belo Horizonte, mantém os Metrôs de Porto Alegre e Recife no plano de desestatização e aprovou o Arcabouço Fiscal que facilita as privatizações. Como sempre dizemos, é a conciliação que fortalece a extrema direita”.

Fernanda também agregou: “Neste sentido, a luta pela unidade da nossa categoria e com outras categorias é a tarefa mais urgente deste momento. Mas precisamos ter claro que a luta pela unidade pressupõe enfrentar o discurso patronal e do governo que quer impor a legalidade e ingerência da empresa sobre a luta dos trabalhadores metroviários. O governo Tarcísio adotou a política de tolerância zero com os trabalhadores que lutam contra a privatização do Metrô, Sabesp e CPTM. Mas a tolerância dele é bem alta para os empresários que deixam a população sem luz e sem transporte na Via Mobilidade. Para esses, mais de 300 milhões de reais e todas as garantias possíveis nos contratos são dados. Para a população, os prejuízos. E para os trabalhadores, demissões e ameaças. Para derrotar esse governo, não da seguir um script pré-definido das cúpulas sindicais. Os trabalhadores devem decidir. Isso não se trata de dividir a categoria, pois o que divide são os setores que impõe freios e mais limites na nossa luta. Significa garantir com assembleias democráticas e a auto organização dos trabalhadores as decisões o e melhor plano e rumo para o movimento”.

E completou: “A frente única operária é a busca da unidade da classe trabalhadora, e suas direções, mas para que a classe faça experiência com as direções reformistas, e não para que se submetam a essas direções acriticamente tolhendo as iniciativas da base. As experiências de luta dos metroviários nos últimos meses, vanguarda da luta contra as privatizações, tem sido um laboratório de estratégia no movimento operário, sobre com que táticas atuar pra derrotar nossos inimigos, como defender a auto-organização e a frente única operária e saber quem são nossos aliados”.

Marília reafirmou este mesmo sentido, dizendo que “os dirigentes sindicais que assumem o discurso contra as iniciativas da base ou que querem convencer que são somente as direções sindicais por cima que garantem a unidade, estão atuando contra a auto-organização da classe trabalhadora, única capaz de derrotar até o final os planos do governo e da patronal porque potencializam o sindicato como ferramenta de luta dos trabalhadores. Na tradição do socialismo revolucionário, a batalha pela frente única operária sempre se deu no sentido de incentivar as medidas que pudessem potencializar a iniciativa das bases em tomar as rédeas da luta em suas mãos. Por isso é tão importante não aceitar o discurso da legalidade e ingerência patronal na nossa luta, buscando a mais ampla unidade da categoria para atuar como um só punho e enfrentar todos os ataques. Isso significa não aceitar as limitações que muitas vezes as burocracias impõem à voz das bases, considerando que tudo se resolve nas reuniões entre as direções. Ao contrário, é fundamental dar voz aos trabalhadores com assembleias de base, que sejam democráticas, e que todos possam falar, inclusive unificadas com outras categorias, para definir os rumos da luta”.

Fernanda finalizou dizendo: “Por isso consideramos muito importante a eleição de delegados sindicais que começa na próxima semana, como aprofundamento da democracia de base da categoria, mas mais do que isso, vemos como importante a eleição de um Comando de Greve para o dia 28 como forma da base controlar os rumos da luta. Isso potencializa a batalha pela frente única operária e pode atuar no sentido de fazer um chamado mais potente a que as grandes centrais sindicais como a CUT, Força Sindical e CTB deixem de impedir a unidade das lutas em diferentes categorias como a dos operários da construção da linha 6 Laranja, terceirizados de Guarulhos, professores e unifiquem em um verdadeiro plano de lutas estadual que poderia derrotar Tarcísio, as privatizações, reverter as demissões e enfrentar a terceirização. Apostamos neste caminho unitário para enfrentar este projeto da extrema direita sem cair na armadilha da conciliação de classes que fortalece essa política.”




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