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VIOLÊNCIA NA USP | A voz das Mulheres sobre a violência do dia 7 de março na USP: E.L.D., trabalhadora

Relato de E.L.D., trabalhadora, sobre a violência policial sofrida em 7/3 durante manifestação pacífica na USP.

sexta-feira 31 de março de 2017 | Edição do dia

Estava em frente ao prédio da Reitoria com três amigas, também funcionárias, quando a Tropa de Choque chegou e parou perto de nós. Foi tudo muito rápido: tirei uma foto, enviei-a para uma amiga que tinha acabado de sair, guardei o celular na bolsa e então veio a primeira bomba em nossa direção. Tudo estava tranquilo, não havia nenhum motivo para aquela violência. Saímos correndo em direção aos bancos e a partir daí foi um número incontável de bombas, tiros de bala de borracha e colegas feridos. Relato aqui algumas cenas que vimos, no meio desse cenário de horror: policiais abordaram um rapaz e o empurraram contra uma viatura.
Então abriram sua mochila e, enquanto a reviravam, abriram também o porta-malas do carro e começaram a mexer ali. Por conta do tumulto, não conseguimos ver exatamente o que estava acontecendo, mas por que eles estariam mexendo no porta-malas da viatura justamente no momento em que vasculhavam a mochila de um ‘suspeito’? Vimos policiais correndo, subindo a escadaria que vai da rua dos bancos para a FFLCH, atrás de mais alguns ‘suspeitos’. Seria ótimo se eles mostrassem a mesma disposição para resolver os inúmeros casos de roubo na região da Av. Escola Politécnica.

Vimos também dois conselheiros (que ainda não tinham entrado na Reitoria para a reunião do CO) conversando, indignados com tudo o que estava acontecendo, e um deles disse: ‘o pior de tudo é que, nessa história, quem vai levar a fama de mau é o Zago’. Inacreditável. Por fim, quando tudo parecia ter acabado, fomos ‘respirar’ e tomar um café no local mais próximo de onde estávamos: a FEA. Apesar de algumas bombas que ainda explodiram, dos helicópteros ainda sobrevoando nossas cabeças e dos carros de polícia ainda cantando pneus, aquele lugar estava totalmente alheio a tudo o que acontecia lá fora, a alguns metros. Nós, perplexas. Eles, seguindo suas vidas normalmente. Realmente, inacreditável.

E.L.D., trabalhadora




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