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REORGANIZAÇÃO DAS ESCOLAS | Alckmin quer atrasar recesso do final do ano para dividir professores e alunos em luta

O governo do estado de São Paulo declarou que a reposição das aulas dos dias em que as escolas permaneceram sob ocupação deverá ser feita antes do final de 2015, como uma manobra clara de impedir que os professores apoiem os estudantes.

Simone IshibashiRio de Janeiro

quarta-feira 18 de novembro de 2015 | 23:54

O governo do estado de São Paulo, chefiado pelo tucano Geraldo Alckmin, dá mais uma demonstração de que está tentando desesperadamente impedir que o movimento contra a reestruturação, que já conta com quase 60 escolas ocupadas, siga se fortalecendo. Apesar das declarações na imprensa do secretário de Educação, Herman Woorwald, de que o governo estaria disposto a dialogar, segue ameaçando as escolas ocupadas, e por essa via todo o movimento de secundaristas, com a reintegração de posse.

Como se isso não bastasse, agora Alckmin declarou através de resolução oficial expedida pela Secretaria Estadual de Educação que o recesso de final de ano será atrasado e que a reposição das aulas dos dias em que as escolas permaneceram sob ocupação deverá ser feita antes do final de 2015. Na prática, em muitas escolas isso significaria obrigar os professores a trabalharem nos feriados de final de ano, tendo em vista que muitos deles já estão cumprindo um calendário de reposição draconiano por conta da greve do início do ano.

O que o governo do estado busca com essa medida é dividir os professores dos alunos mobilizados. Impedir que apoiem ativamente os estudantes, como de fato já vem acontecendo em diversas escolas. Portanto, trata-se de uma medida contra os professores para intimidá-los. O governo do estado sabe que a união entre educadores e estudantes teria uma força imensa, que agregaria imensas dificuldades a uma situação extremamente difícil em que se encontra para derrotar o emblemático movimento dos estudantes secundaristas. Com isso o governo tucano espera que os professores passem a atuar contra as ocupações, e pela retomada imediata das aulas.

No ápice do cinismo, Alckmin invoca a Lei Federal 9394 da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) que institui que o ano escolar deve ter 200 dias letivos como justificativa para essa medida. Como se ao governo do estado, que está fechando escolas, superlotando salas, demitindo professores, importasse realmente garantir uma Educação de qualidade. Tanto é assim que cabe perguntar onde estava a importância que o governo do estado dá à garantia dos 200 dias de aulas durante o ano passado, quando os jogos da Copa acabaram com o ano letivo de 2014, com o total apoio de Alckmin. Quer dizer, os jogos da Copa podem impedir que os alunos tenham o ano letivo completo, e a luta contra o sucateamento ainda maior da Educação não.

É preciso que os professores não caiam na manobra do governo do estado. Que ao contrário de se colocarem contra os estudantes, que estão dando um grande exemplo, se somem com muita força e apoiem ativamente essa mobilização. Da mesma maneira que a expansão do movimento está colocando o governo tucano na defensiva contra o fechamento das escolas, tem a potencialidade de questionar toda a precarização da Educação no estado. Incluindo aí os desmandos contra os professores.




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