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Juventude | Conheça a Faísca: 5 pontos para uma juventude comunista

Nas últimas semanas realizamos em algumas universidades atividades com o objetivo de apresentar a Faísca Revolucionária, agrupação comunista de juventude, que atua nos locais de trabalho e estudo para retomar o legado de Marx, Engels, Lênin, Trótski e Rosa Luxemburgo para construir uma alternativa antiimperialista e independente dos governos e reitorias. Escrevemos abaixo alguns pontos para conhecer e atuar em conjunto com a Faísca Revolucionária!

Faísca Revolucionária@faiscarevolucionaria

quarta-feira 3 de abril | Edição do dia

1) Somos uma corrente política que batalha por um movimento estudantil subversivo e independente do governo Lula-Alckmin e das reitorias

Se você já ouviu falar de algo relacionado à Faísca, com certeza já ouviu que somos uma corrente que defende a independência do governo. Mas o que isso significa?

Que levar a frente um combate sério à extrema direita que segue existindo no país deve passar por construir uma alternativa que não subordine o conjunto do movimento estudantil a um governo de conciliação de classes, que tem atuado em um sentido de cada vez mais estabelecer alianças com os setores da extrema direita, ao mesmo tempo em que aplica ataques contra a classe trabalhadora e a população. Este é o papel que temos visto Lula cumprir, com seus elogios e concessões à Tarcísio, governador bolsonarista de São Paulo, mas também com os ataques como o arcabouço fiscal, o novo ensino médio e o recente PL da Uberização, que legaliza a total retirada de direitos dos trabalhadores por aplicativo, abrindo espaço para um aumento sem precedentes de um modelo de trabalho digno do século XIX. O arcabouço fiscal obriga o reajuste zero dos servidores federais, o que encoraja e legitima que governos locais de extrema direita rebaixem ainda mais o reajuste do funcionalismo estadual e municipal. Esse ataque, junto à manutenção de reformas como a Trabalhista e do Novo Ensino Médio, também servem de apoio às privatizações que Tarcísio busca levar adiante à base de repressão em São Paulo.

Frente a isso, acreditamos na saída que os servidores das Universidades Federais e os trabalhadores municipais em São Paulo apontaram, assim como os metroviários no último período: o caminho da luta, da greve e da mobilização. Nossa independência em relação à Frente Ampla é porque como marxistas revolucionários sabemos que o Estado capitalista e suas instituições estão a serviço da classe dominante, mesmo quando tem um governo visto por muitos como “progressista” no seu comando, ainda mais quando vivemos num país com um regime político degradado, marcado em sua história recente por um Poder Judiciário responsável por um golpe em 2016, uma prisão arbitrária que impediu o principal candidato de participar das eleições e uma série de medidas de ataque aos direitos democráticos e econômicos da classe trabalhadora.

O caminho para combater a extrema direita, o bolsonarismo e todos os ataques passa por construir uma saída pela via da luta de classes, que possa varrer de uma vez por todas todo o legado do bolsonarismo e do golpe de 2016. Sabemos que este legado não acabou com a derrota eleitoral de Bolsonaro, e nem com a retirada de seus direitos políticos. Este legado segue vivo nas reformas trabalhista e da previdência, na lei da terceirização e em cada retrocesso político e ideológico contra as mulheres, negros, indígenas e LGBTQIAP+ no país. É por isso que é impossível derrotar a extrema direita ao lado daqueles que foram parte de defender e implementar este legado, pelo contrário, esta é a via que fortalece suas bases materiais e políticas. Este é o debate que fazemos com Boulos e as correntes do PSOL (como Juntos e Afronte), tendo em vista que não apenas seu partido é parte deste governo, como também se prepara para levar a frente este mesmo projeto de conciliação nas eleições municipais em São Paulo. Como é possível enfrentar a extrema direita ao lado de uma das articuladoras da reforma trabalhista, como é Marta Suplicy?

2) Atuamos em defesa da auto-organização dos estudantes para superar as direções burocráticas do movimento estudantil

Nos apoiamos no recente exemplo da luta dos trabalhadores e da juventude na Argentina, que demonstraram que pela luta e mobilização é que se derrotam os ataques da extrema direita. Acreditamos na força da auto-organização dos estudantes em aliança com os trabalhadores. O que isso significa? Que para que possamos de fato arrancar conquistas seja a nível nacional seja em cada luta nas universidades, é preciso batalhar para que o conjunto do movimento estudantil seja sujeito da política e da sua própria luta. É por isso que uma marca da Faísca é a defesa de assembleias democráticas, com ampla participação, em que todos tenham direito a voz e voto e que a base estudantil possa tomar os rumos das decisões. Não é o que vemos acontecer por parte da direção da União Nacional dos Estudantes, dirigida pelo próprio PT e PCdoB/UJS, que está constantemente atuando para impedir a organização dos estudantes, com o objetivo de levar adiante sua política de subordinar o movimento estudantil à política do governo, contendo possíveis crises na educação e deixando de denunciar os cortes que vem acontecendo, ao mesmo tempo que não apoia as greves em defesa da educação dos trabalhadores nas universidades federais. É parte também do debate que fazemos com a UP (Correnteza), e as correntes do PSOL, que estão na direção de uma série de entidades estudantis, durante anos ocupou o posto da secretaria geral da UNE e atua em um sentido não apenas de subordinar o ME à essa política da direção majoritária, como em muitos lugares em que está reproduz os mesmos métodos burocráticos. Seria chocante se não fosse trágico o fato de que essa corrente até mesmo campanha pra reitores já fez Brasil afora.

Batalhamos para que as entidades estudantis sejam verdadeiras ferramentas de luta e estejam a serviço de fortalecer pela base a auto-organização dos estudantes, ao lado dos trabalhadores. Essa é a perspectiva que defendemos em cada um dos processos nos quais atuamos.

3) Lutamos por universidades a serviço da classe trabalhadora e da população

Como seria uma universidade em que o conhecimento produzido estivesse a serviço da classe trabalhadora e do povo pobre?

Defendemos um programa radical para transformar a universidade de classes, porque sabemos que as universidades não são bolhas à parte da sociedade, mas sim reproduzem cada uma das marcas de exploração e opressão da sociedade capitalista. Isso passa por questionar profundamente toda a lógica com a qual estas funcionam. É preciso questionar a estrutura arcaica de poder na qual existe um Reitor que ao lado de conselhos universitários reacionários decidem os rumos da universidade. Batalhamos pelo fim das reitorias e por instituir processos Estatuintes livres, soberanos e democráticos para que as universidades sejam dirigidas pelos 3 setores que a compõem, com maioria estudantil. A única forma de garantir o pleno e livre acesso ao conhecimento passa por também defender as cotas étnico-raciais contra cada ataque, batalhando por sua ampliação, assim como lutar pelas cotas trans em todas as universidades imediatamente, o que para nós deve ser parte de batalhar para acabar com todos os vestibulares e estatizar as universidades privadas sem indenização para os grandes tubarões da educação que lucram com o endividamento da juventude.

Essa luta, que buscamos fortalecer em cada processo de mobilização, também deve ser levada para dentro da sala de aula. Como marxistas revolucionários, queremos disputar o conhecimento produzido, em defesa das ideias do comunismo contra cada variante burguesa de pensamento que quer disputar os estudantes para seus ideais liberais, mas também contra as correntes de pensamento que se colocam no campo da esquerda mas atacam o marxismo. Também queremos batalhar para que o conhecimento produzido nas universidades, que hoje serve às empresas, sirva aos interesses da classe trabalhadora e do povo pobre. Basta de convênios com empresas israelenses, com marcas como a Vale, que destroem o planeta, ou de ter o iFood como empresa-filha das nossas universidades!

Nosso conhecimento não deve servir aos lucros deles.

4) A luta contra as opressões deve ser uma luta contra o capitalismo

Não é possível falar de defesa da universidade sem falar de defesa dos trabalhadores que garantem seu funcionamento. É por isso que outra marca da Faísca é sua profunda aliança com a classe trabalhadora. Mas não é possível falar de aliança com os trabalhadores sem falar da terceirização, uma das faces mais cruéis da precarização do trabalho. Somos parte, junto a diversos intelectuais, professores universitários e entidades estudantis e sindicatos de impulsionar o Manifesto contra a Terceirização, que já conta com milhares de assinaturas. Junto a isso atuamos em cada luta dos terceirizados dentro das universidades, que são em sua maioria mulheres negras, que recebem menores salários e menos direitos.

Para nós, a luta contra a terceirização expressa de forma profunda como o capitalismo se apropria do machismo e do racismo para aprofundar seus lucros. Isso diz respeito a forma com a qual encaramos o combate às opressões: não acreditamos que todas as mulheres, apenas por serem mulheres, são aliadas na luta contra o machismo, assim como negres, e LGBTQIAP+. Mulheres que apoiaram a reforma trabalhista, como foi a Marta Suplicy, que disse que mulheres em amamentação trabalharem em locais insalubres se tratava de “empoderamento feminino” não são nossas aliadas. Nossa luta não é para que dos 10 mais ricos do mundo, 5 sejam mulheres negras burguesas, enquanto a maioria mais pobre no mundo segue sendo feminina, imigrante, negra. A representatividade neoliberal não passa de uma armadilha, enquanto algumas de nós chegam ao topo, a maioria segue sendo explorada e oprimida por esse sistema. Encaramos as opressões às mulheres, negres, LGBTQIAP+, indígenas e imigrantes como parte da estrutura deste Estado capitalista. Os setores oprimidos cada vez mais estão na linha de frente, seja de fazer a sociedade funcionar, como vimos durante a pandemia, seja das lutas, como vimos em diferentes processos dos últimos anos, internacionalmente. Mas a burguesia busca transformar esse “empoderamento” feminino no horizonte de ocupar alguns poucos cargos no Estado burguês, como se quanto mais cargos ocupados, mais estivéssemos avançando em nossa luta. Na prática, a burguesia utiliza isso para esvaziar a radicalidade das nossas demandas e transformar nosso feminismo e antirracismo algo inofensivo para o Estado capitalista, abrindo mão de bandeiras elementares como o direito ao aborto legal, seguro e gratuito. Basta olhar para a situação da população negra no país: mesmo tendo ministros negros, o papel do Estado capitalista no Brasil é o de assassinar sistematicamente a juventude negra e absolver seus algozes, como vemos com a polícia de Tarcísio na Baixada Santista e acompanhamos a brutalidade contra a memória de Jonhatha, jovem de 19 anos assassinado pela polícia no Rio de Janeiro. É por isso que defendemos, como parte de nosso programa, o fim das polícias e a legalização de todas as drogas. Não aceitamos que abram mão dos nossos direitos pela “governabilidade” a serviço dos interesses dos capitalistas, exigimos aborto legal, seguro e gratuito!

Lutamos pelo fim de toda forma de opressão e exploração, o que só pode se dar unindo todos os setores oprimidos com a classe trabalhadora, a classe que tudo produz e única classe capaz de pôr fim de uma vez por todas ao sistema capitalista. Por isso nosso antirracismo e nosso feminismo é socialista.

5) Nossa luta é antiimperialista e internacionalista, pela revolução socialista no Brasil e no mundo

A Faísca não é apenas uma agrupação de juventude que atua de eleição em eleição para eleger algum ou outro presidente menos pior dentre os que vão nos atacar. Acreditamos que a atuação no parlamento deve ter uma perspectiva revolucionária, e por isso seguimos o exemplo da atuação dos parlamentares do PTS na FIT-U na Argentina, que com seus deputados batalham com uma perspectiva socialista de independência de classes e hoje se enfrentam com Milei e seus ataques no parlamento com um sentido de fortalecer as lutas nas ruas.

Somos uma juventude internacional, que atua em mais de 14 países pelo mundo. Na defesa de uma perspectiva antiimperialista, somos parte de impulsionar a campanha por três propostas urgentes para lutar por um internacionalismo socialista: contra o genocídio na Palestina, o militarismo e o saque imperialista. Batalhamos em cada universidade em que estamos para que o movimento estudantil se organize em solidariedade ativa contra o massacre brutal ao povo palestino, exigindo o cessar-fogo imediato, a ruptura das relações entre Brasil-Israel e a ruputura de todos convênios de universidades brasileiras com universidades israelenses. É isso que move nossa atuação, por isso organizamos o Festival Palestina Livre do Rio ao Mar, que contou com a presencial de diversos artistas independentes com centenas de estudantes manifestando sua defesa do povo palestino.

Lutamos pela anulação das dívidas públicas, que aprisionam as economias nacionais dos países oprimidos aos interesses de espoliação dos países imperialistas.

Somos uma juventude que acredita e batalha para construir a revolução socialista no Brasil e no mundo, defendendo um programa e uma estratégia com este objetivo. Acreditamos que o fracasso das primeiras experiências revolucionárias, geradas pela burocratização de Stálin na União Soviética e a consequente política da Internacional Comunista por ele dirigida que foram a deturpação do marxismo revolucionário e do bolchevismo, coloca como tarefa para a nossa geração recuperar toda perspectiva de emancipação, desmascarando essas experiências que correntes como a UP (Correnteza) e o PCB em suas aulas buscam revitalizar. Não vamos assistir passivamente à destruição do mundo pelos capitalistas. Por isso levamos a frente o legado de Leon Trotski, do programa de transição e da teoria da revolução permanente.

Batalhamos por uma organização de militantes conscientes que aprendem com as derrotas do passado e que consideram, cem anos após a morte de Lênin, que a revolução e a luta pelo comunismo são uma questão atual, são a nossa questão.

Convidamos todos que chegaram até este ponto da leitura, a compartilharem com a gente esse grandioso objetivo, se organizando na Faísca Revolucionária!




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