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Crise Política | Continuam os protestos no sul do Peru contra o governo golpista de Dina Boluarte

Apesar da violenta repressão policial-militar que acaba de custar a vida de outro manifestante em Cusco, as ações de protesto que pedem a renúncia de Dina Boluarte continuam no Peru, e hoje, as paralisações e mobilizações massivas na maioria das regiões do sul se mantém, enquanto distintas organizações sociais estão promovendo uma mobilização na cidade de Lima.

sexta-feira 13 de janeiro de 2023 | Edição do dia

Essa quarta, 11 de Janeiro, em diversas cidades do sul peruano se desenvolveram contundentes paralisações e ações de protesto que exigiam a imediata renúncia de Dina Boluarte à presidência da república. A exacerbação dos ânimos entre os manifestantes e a generalização das ações de luta foram promovidas pela violenta repressão policial-militar que se deu na última segunda, 9 de Janeiro, na região de Puno, que deixou 17 mortos civis e muitos feridos detidos.

Como consequência desta nova jornada de luta na cidade de Cusco, onde as mobilizações e ações de protesto foram massivas e contundentes, as forças repressivas voltaram a atacar brutalmente os manifestantes, deixando um morto que foi baleado e, até o momento, 43 feridos como consequência também dos projéteis e armas de fogo utilizadas pelos efetivos da polícia nacional e o exército que, a todo momento, se mostraram hostis aos manifestantes e não hesitaram em reprimi-los violentamente, inclusive quando estes realizavam deslocamentos pacíficos pelas ruas da cidade.

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Segundo repórteres oficiais das autoridades sanitárias do hospital Antonio Lorena de Cusco, o falecido seria Jinner Remo Candia Guevara, de 44 anos. Se fez de conhecimento público que a vítima era um dirigente camponês e se detalhou, ademais, que a hora de sua morte foi às 20h50. Além disso, as autoridades do centro hospitalar indicaram que a causa da morte foi por trauma torácico abdominal gerado por ferida de bala. Além de que as autoridades hospitalares também anunciaram que durante a quarta-feira, 11 de Janeiro, se reportaram em suas instalações 43 feridos, a maioria dos quais eram civis que haviam sido atingidos por armas de fogo.

Como informaram diversos meios de comunicação locais e a imprensa alternativa, muitos dos manifestantes que realizaram ações de protesto na quarta-feira em Cusco, eram camponeses provenientes das províncias de Acomayo, La convención, Canchis, entre outras, e haviam chegado um dia antes da denominada “cidade imperial”, indignados pela brutal repressão que custou a vida de 17 manifestantes na cidade de Puno.

Em outras cidades do sul peruano também se deram paralisações e manifestações de protesto, como é o caso da região Tacna, Moquegua e Arequipa. Na região Puno, as forças repressivas, por ordens dos executivo, mantiveram o toque de recolher e a imobilidade da população, porém não puderam evitar que na cidade de Juliaca se desse uma massiva concentração na praça de armas, onde a população realizou o sepultamento dos falecidos nas jornadas de 9 de janeiro.

Na cidade de Tacna, a paralisação de iniciou na quarta-feira e se mantém, sendo acatada pelos diversos setores sociais e econômicos desta região fronteiriça onde vive um setor importante da população migrante proveniente da região Puno. Aqui, desde as primeiras horas da manhã de quarta e quinta-feira, as principais ovais da cidade e as vias que ligam os distritos dos cones com o distrito capital foram bloqueadas com pedras, assim como as rodovias Panamericana Sul e Costanera foram bloqueadas para evitar o trânsito de veículos.

Os mercados da cidade atenderam até as 8h da manhã, depois fecharam suas portas para se unirem às manifestações, da mesma forma os comerciantes dos centros comerciais, feiras e mercados optaram por não sair para trabalhar. Igualmente, os negócios da zona comercial, nas avenidas Coronel Mendoza, Pinto e Bolognesi se mantiveram fechados. No supermercado Plaza Vea, que fechou suas portas, se concentrou um grande contingente policial e militar.

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Ontem, quinta-feira, as mobilizações e ações de protesto, assim como os cortes de estradas, seguiram se dando em diversas regiões do interior do país. Enquanto que na cidade de Lima, onde as mobilizações não têm tido muita força até o momento, a CGTP, depois de se manter inativa e em silêncio, junto a outras organizações sociais, convocaram uma mobilização para as 16h exigindo a renúncia da Dina Boluarte, o cessar da repressão policial-militar e a renúncia da mesa diretora do Congresso.

Outras instituições como o Governo Regional de Puno e os Colégios de Advogados do Peru, através de acordos institucionais individuais, também têm somado ao pedido de renúncia de Dina Boluarte à presidência da república.

Podemos dizer então que, a repressão policial-militar promovida pelo executivo e os mortos e feridos que todos os dias se incrementam, longe de calar o descontentamento social, o que estaria na prática o aumento da raiva da população para com este governo que nasceu do golpe parlamentar que destituiu Pedro Castillo. Nesse sentido, o que podemos imaginar a curto prazo é o incremento dos protestos sociais e da deslegitimação a uma escalada cada vez maior do governo e de seus aliados do Parlamento e as forças repressivas.

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