×

Luta de Classes na França | França: novamente milhões nas ruas. “Dialogar” com Macron ou radicalizar a greve?

Macron militarizou Paris e a polícia reprimiu as marchas nas principais cidades buscando evitar imagens de aglomeração nas ruas. No entanto, cerca de 450.000 pessoas marcharam em Paris e 2 milhões em todo o país, segundo os sindicatos. As direções sindicais convocaram a “pausar” os protestos e a dialogar enquanto Macron avança com a repressão e requisições*. Mas a solidariedade com os grevistas e a participação da juventude nos protestos também estão crescendo.

terça-feira 28 de março de 2023 | Edição do dia

*Requisições são mecanismos autoritários previstos na legislação francesa onde as autoridades podem obrigar os trabalhadores em greve a irem trabalhar sob pena de multa e prisão.

A França viveu nesta terça-feira, 28 de março, um novo dia nacional de mobilizações e greves contra a reforma da previdência de Macron. Segundo os sindicatos, cerca de 2 milhões de pessoas marcharam em todo o país e 450.000 somente em Paris. O número é um pouco menor do que na quinta-feira passada e os protestos foram marcados por uma grande operação de militarização nas principais cidades que terminou com repressão em várias delas, inclusive Paris.

As direções sindicais insistem em interromper os protestos e sentar para negociar com o governo enquanto Macron mantém uma política de forte repressão e requisição aos trabalhadores em greve.

As passeatas desta terça-feira se destacaram pela importante participação dos jovens. Estudantes, tanto do ensino médio quanto universitários, denunciam não apenas o decreto de Macron para aprovar a reforma da Previdência, mas também a brutal repressão policial.

Na quinta-feira, 16 de março, diante da possibilidade de o Parlamento francês não aprovar a impopular reforma previdenciária, o presidente Emmanuel Macron fez uso do artigo 49.3 da constituição e aprovou a reforma por decreto. Imediatamente, os trabalhadores franceses responderam nas ruas com mobilizações espontâneas em todo o país, na noite de quinta-feira e novamente na sexta-feira.

A resposta mais contundente até o momento foi na quinta-feira, 23 de março. Nesse dia houve um salto de raiva e radicalidade das marchas, que se combinou com uma massificação histórica que tendia a ultrapassar os limites impostos pela intersindical (frente composta por várias centrais sindicais francesas).

De Paris, Alejandra Gómez, membro da Revolution Permanente, narra o novo dia de mobilização na França para a Rede Internacional La Izquierda Diario. Enquanto milhões voltam às ruas em todo o país, os dirigentes sindicais da CGT e CFDT propõem pausar os protestos e insistem em chamar Macron para um diálogo para suspender a reforma e pedir mediação. Enquanto isso, greves e radicalizações continuam em setores da juventude e mobilizações espontâneas em diferentes partes do país, ignorando os líderes sindicais. Macron, por sua vez, avança com sua política repressiva e requisições para obrigar os trabalhadores a voltar ao trabalho. O único contrapeso a essa política de governo são ações solidárias, como a votada pela Rede pela Greve Geral, que realiza mobilizações em direção a todos os locais que permanecem em greve renovável, fortalecendo os piquetes, como em refinarias e usinas incineradoras de resíduos, impedindo-os de voltar a funcionar.

A partir do Esquerda Diário, estamos cobrindo toda a mobilização na França contra a reforma da previdência!




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias