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"Abaixo o ditador" | Irã: trabalhadores petroquímicos em greve se unem à revolta contra o regime

Foi gritando “Abaixo o ditador” que os trabalhadores do sul do Irã entraram em greve, juntando-se ao movimento contra o regime teocrático. Essa greve pode ser um ponto de virada na mobilização, com a entrada em cena de um setor estratégico da classe trabalhadora.

terça-feira 11 de outubro de 2022 | Edição do dia

Nesta segunda-feira, 10 de outubro, mais de mil trabalhadores do setor petroquímico entraram em greve. Três plantas petroquímicas são afetadas por esse movimento: Bushehr, Damavand e Hengam, localizadas na cidade portuária de Assaluyeh, no sul do Irã. Embora o governo tenha restringido o acesso à Internet no Khuzistão, alguns vídeos circularam nas redes sociais mostrando o radicalismo do movimento.

Trabalhadores em greve bloquearam a estrada perto das fábricas e incendiaram barris de alcatrão. Os cantos de "Abaixo o ditador" e "Este ano é o ano do sangue, Sayed Ali Khamenei está acabado!" foram ouvidos em comícios. Essas palavras de ordem são tiradas das várias manifestações que abalaram o país desde o assassinato de Mahsa Amini no mês passado. Depois das mulheres, estudantes e meninas do ensino médio, cabe aos principais setores da classe trabalhadora se unirem em torno da mesma luta: a de derrubar o regime teocrático iraniano.

O setor petroquímico aderir em peso ao movimento pode marcar um ponto de virada na situação no Irã. Em 2020, o país ficou em quinto lugar como produtor dentro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

Apesar das sanções dos EUA, o Irã exporta seu petróleo principalmente para China, Índia, Japão e Coreia do Sul, por meio de empresas sediadas em Hong Kong, Cingapura e Emirados Árabes Unidos.

O setor petroquímico é um dos setores-chave da economia iraniana com vendas que representam várias dezenas de milhões de dólares em petróleo e produtos petroquímicos, dos quais o regime vem se beneficiando mesmo diante das sanções do imperialismo estadunidense

Esse papel fundamental na economia do país confere aos trabalhadores petroquímicos um poder de fogo significativo quando se mobilizam e entram em greve. Em 2021, esse setor já havia mostrado, durante uma greve de verão, que é capaz de abalar o país.

Durante a revolução de 1979 contra o Xá, as greves na indústria petroquímica que vinham desde o ano anterior foram um fator chave: “Os trabalhadores do setor petrolífero, das refinarias e, mais tarde, dos poços, entraram em greve gradualmente. Se espalhou para toda a indústria e serviços, bem como para o setor público. A greve custou, apenas no setor petrolífero, mais de 50 milhões de dólares por dia para o regime, que se sentia atacado. Quatro meses após a onda de greves, o xá deixou o país."

Hoje, a greve dos petroquímicos é novamente marcada pelo forte radicalismo e pelo desejo de derrubar o regime. Destaca-se o desgaste do sistema atual, em um país onde 20% da população vive abaixo da linha da pobreza e tem uma taxa de desemprego de 9,2%.

Soma-se a isso a inflação, que havia atingido 52,2% no final de agosto. A raiva dos trabalhadores contra o regime, que os oprime e os mantém na miséria, não é novidade, e a greve no setor petrolífero pode fazer com que diferentes camadas do mundo do trabalho se mobilizem contra o regime reacionário iraniano. Se assim for, o governo iraniano poderia mais uma vez ser minado e ceder à força organizada dos trabalhadores.

Esta greve poderia então constituir um ponto de inflexão, reforçando a mobilização em curso contra o atual regime reacionário do aiatolá.

Este artigo foi publicado originalmente no Révolution Permanente, a edição francesa da Rede Internacional do Esquerda Diário.




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